[Reformanda] SOLA SCRIPTURA: A Raiz do Evangelho (9)

John MacArthur – Pregando o Livro que Deus escreveu [parte 3 de 5]

Inerrância Bíblica, Exegese e exposição


Postulados e proposições

5. Como começou a mensagem do pregador?

A mensagem começou como uma verdadeira palavra de Deus e foi dada como verdade, porque o propósito de Deus era transmitir a verdade. Foi ordenada por Deus como verdade e foi entregue pelo Espírito de Deus, em cooperação com os homens santos que a receberam exatamente com a pureza que Deus planejou (2 Pedro 1:20-21). Foi recebida como Scriptura inerrantis pelos profetas e apóstolos, ou seja, sem desvio da formulação original da Escritura na mente de Deus.

A inerrância, então, expressa a qualidade com que os escritores do nosso cânone receberam o texto que chamamos Escritura.

6. Como uma mensagem de Deus pode continuar em seu estado original de verdade?

Se a mensagem de Deus começou verdadeira e se é para ser entregue como foi recebida, o processo interpretativo ditado pelas mudanças da língua, da cultura e do tempo vai garantir sua pureza, quando pregada atualmente? A resposta é que só uma abordagem exegética é aceitável para uma exposição precisa.

Tendo estabelecido a necessidade essencial para a exegese, a pergunta mais lógica é: “Como a interpretação/exegese está ligada à pregação?”.

Packer responde apropriadamente:

A Bíblia, sendo o que é, toda verdadeira interpretação da mesma deve assumir a forma de pregação. Com isso vai uma conversão igualmente importante: a de que, a pregação sendo o que é, toda verdadeira pregação deve assumir a forma de interpretação bíblica? (Packer, Inerrancy and Commom Sense, 187).

7. Agora, praticamente puxando nosso pensamento todo em conjunto, “Qual é o último passo para que a inerrância una-se à pregação?”

Em primeiro lugar, o verdadeiro texto deve ser usado. Somos gratos a esses seletos estudiosos que trabalham tediosamente no campo da crítica textual. Seus estudos recuperam o texto original das Escrituras a partir do grande volume de cópias manuscritas, que são falhas por variantes textuais. Este é o ponto de partida. Sem o texto como Deus lhe deu, o pregador seria impotente para entregá-lo como Deus planejou.

Em segundo lugar, tendo começado com um texto verdadeiro, é preciso interpretar o texto com precisão. A ciência da hermenêutica está em vista.

Como uma disciplina teológica, a hermenêutica é a ciência da interpretação correta da Bíblia. É uma aplicação especial da ciência geral da lingüística e do significado. Destina-se a formular as regras específicas que dizem respeito aos fatores especiais relacionados com a Bíblia… Hermenêutica é uma ciência em que se pode determinar certos princípios para descobrir o significado de um documento, sendo que estes princípios não são uma mera lista de regras, mas têm uma ligação orgânica entre si. É também uma arte como indicado anteriormente, pois princípios ou regras nunca podem ser aplicados mecanicamente, mas envolvem a habilidade (technmae) do intérprete. (Bernard Ramm, Protestant Biblical Interpretation, 11)

Em terceiro lugar, nossa exegese deve passar por uma hermenêutica adequada. Desta relação, Bernard Ramm observa que a hermenêutica,

… está na mesma relação à exegese que um manual está para um jogo. O manual é escrito em termos de reflexão, análise e experiência. O jogo é jogado pela realização concreta das regras. As regras não são o jogo, e o jogo não tem sentido sem as regras. A hermenêutica adequada não é uma exegese, mas a exegese é a hermenêutica aplicada. (Ibid.)

Assim, a exegese é a aplicação hábil de sólidos princípios hermenêuticos ao texto bíblico, na língua original, visando compreender e declarar o significado da intenção do autor para os públicos imediato e subseqüente. Em paralelo, hermenêutica e exegese focam no texto bíblico para determinar o que ele disse e o que significava originalmente (cf. John D. Grassmick, Principles and Practice of Greek Exegesis, 7). Assim, a exegese em seu sentido mais amplo incluirá várias disciplinas da crítica literária, estudos históricos, exegese gramatical, teologia histórica, teologia bíblica e teologia sistemática. A exegese adequada irá dizer ao estudioso o que o texto diz, o que o texto significa, e como o texto se aplica pessoalmente.

Em quarto lugar, agora estamos prontos para uma verdadeira exposição. Com base no fluxo de pensamentos pelo qual acabamos de passar, eu afirmo que a pregação expositiva é a pregação realmente exegética, e não tanto a forma homilética da mensagem. Merrill Unger observou precisamente:

Não é o tamanho da parcela tratada, se um único versículo ou uma unidade maior, mas sim a forma do tratamento. Não importa o tamanho da porção explicada, se ela é manipulada de tal maneira que seu significado real e essencial, tal como existia à luz do contexto geral da Escritura, é feito puro e aplicado às necessidades modernas dos ouvintes, pode-se dizer corretamente que é uma pregação expositiva. (Merrill F. Unger, Principles of Expository Preaching, 33)

Como resultado deste processo exegético, que começou com a inerrância, o expositor é equipado com uma mensagem verdadeira, com intenção verdadeira e com aplicação verdadeira. Isto dá a ele uma perspectiva de pregação histórica, teológica, contextual, literária, sinóptica e cultural. Sua mensagem é a mensagem planejada por Deus.

Agora, porque tudo isso parece tão óbvio, devemos perguntar: “Como é que a igreja perdeu de vista o relacionamento da inerrância com a pregação?” Permita-me sugerir que a tendência atual é nada mais do que o legado do liberalismo.

Fonte: Preaching the Book God Wrote, Part 3
Tradução: Voltemos ao Evangelho

(ao termino das 5 partes postadas, disponibilizaremos uma pdf com o artigo completo para download)


O PROJETO

Reformanda
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“Ecclesia reformata et semper reformanda est”

Voltar ao Evangelho é sempre estar se Reformando.
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