John White – Conversões Abortivas: Culpa Nossa ou de Satanás? (2/3)

As técnicas se tornam imorais quando, consciente ou inconscientemente, nós as utilizamos para manusear a vontade, as emoções ou a consciência de outrem.

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Motivos falsos

Outro problema que está por trás de nossa paixão por resultados é que pertencemos à cultura do agente de vendas. O verdadeiro representante de nossa época não é o cientista, nem o herói do espaço, e sim o vendedor. Este é o homem que realmente mantém as rodas girando.

Ora, o sucesso de um vendedor é medido pelo número de coisas que ele pode vender. Se estiver vendendo, então, ele é sucesso.

Muitos vendedores são assaltados por dúvidas secretas quanto à qualidade do produto que vendem. Têm de reprimir essas dúvidas, usando as técnicas nas quais foram treinados. Na realidade, as grandes companhias têm as suas próprias técnicas que visam manter em alto nível a moral dos vendedores.

O vendedor deve vestir-se bem e dirigir um automóvel. Isto cria uma aura de sucesso; e isto gera mais sucesso. O vendedor deve estar interessado nos seus clientes, e seu interesse deve ser “genuíno”. (Todavia, qualquer interesse pode ser genuíno quando o motivo final é uma venda, a comissão e o sucesso?) O vendedor tem de mostrar não apenas a virtude de seus produtos, mas também que o seu produto é exatamente aquilo do que seu cliente necessita.

Vivendo em um mundo de vendedores que batem de porta em porta, em um mundo de seus parentes mais sofisticados: os comerciais de rádio e televisão, a propaganda de revistas e os milhares de truques publicitários, é natural muitos imaginarem que o evangelho é apenas mais alguma coisa a ser vendida. Por isso, muitos ensinam abertamente que o evangelismo é uma questão de boa técnica de vendas.

As comparações são óbvias. Na realidade, possuímos algo do que o mundo inteiro necessita. Temos a responsabilidade de levar o conhecimento desse Algo (ou Alguém) a toda criatura. O fator tempo é importante. Homens e mulheres deveriam estar fazendo decisões favoráveis por nosso Produto (desculpem esta palavra tão repugnante).

No entanto, há certos perigos nesta comparação. D. Maria pode (devido às técnicas do vendedor) comprar vassouras, para mais tarde perceber que isso não era o que ela queria. Até certo ponto, embora muito sutilmente, ela foi vítima de “lavagem cerebral”. Isso poderá deixá-la perturbada, mas não será uma grande tragédia. Muito mais trágica é uma decisão de seguir a Cristo que representa apenas a anuência do decidido à “técnica de vendas” do evangelista.

Esperança falsa

Em primeiro lugar, se o Espírito Santo não tiver agido em seu coração, esse indivíduo não terá nascido de novo. Sua “fé” não será a fé que conduz à salvação. Terá uma esperança falsa.

Se, por outro lado, ele reagir contra a sua “conversão”, sua resistência ao evangelho aumentará muito no futuro. Em todo o mundo, existem grandes multidões que estão duplamente vigilantes contra o evangelho, por haverem passado por uma experiência espúria de conversão.

Acrescente-se a isto o fato de que a filosofia de vendedor está repleta de precipícios morais. É contrária à própria natureza do testemunho do evangelho. Vestir-se bem? Para quê? Para impressionar? Por amor ao testemunho? Será que o testemunho consiste de um terno impecável e roupas bem passadas? Ou estaremos confundindo testemunho com reputação e “imagem pública”?

E, o que é pior, você é um daqueles que está procurando exibir uma aparência vitoriosa, “para atrair pessoas a Cristo”? Isto, naturalmente, é o equivalente espiritual das roupas bem passadas. Você sorri (ou pelo menos espera-se que o faça), visto que o crente é um homem cheio de alegria. Você tenta ser semelhante a Cristo, embora não tenha uma idéia clara do que significa ser semelhante a Ele.

Faz parte da técnica. Você deve atrair pessoas a Cristo. E, se isto significa que deve suprimir uma parte do seu verdadeiro “eu”, desempenhando um grande papel em público, isto faz parte do testemunho. Mas o seu verdadeiro “eu” surge repentinamente no dormitório, onde não há ninguém, exceto Deus, para vê-lo. E, quanto a Ele, isso não tem importância. Ele não é um cliente; Ele já se encontra do lado certo.

Nunca lhe passou pela mente que a essência do testemunho (parte importantíssima da evangelização) é apenas honestidade franca? Você é sal, quer sinta isso, quer não. A Bíblia não ensina que o crente deve agir como sal, somente declara que ele é sal. Você é luz. Deus realizou algo em sua vida. Não tente brilhar. Permita que resplandeça a luz que Deus colocou ali.

Por: John White. © Editora Fiel | editorafiel.com.br