Alan Cristie – Um resumo da Conferência Atos 29 (1º dia)

O Rio de Janeiro teve o prazer de sediar a conferência da Atos 29 Brasil, o qual se deu no Rio’s Presidente Hotel. O Voltemos ao Evangelho muito graciosamente foi convidado a fazer a cobertura da conferência, e eu, Alan, estive lá com o maior prazer.

O tema da conferência foi: Reformissão – Plantando e Liderando Igrejas Missionais Centradas no Evangelho. Logo no início do primeiro dia, uma frase de Jay Bauman (coordenador e fundador da Atos 29 Brasil) resumiu bem o espírito do evento:

“Mais importante que saber como plantar igrejas, é saber qual a motivação dos nossos corações ao fazer isso”

Quando ouvi isso, ficou claro para mim que não se tratava de uma conferência disposta a falar de métodos, mas de uma verdadeira conferência cristã com o propósito de fortalecer e equipar espiritualmente ministros e plantadores de igrejas.

Inversão de Papéis (Burk Parsons)

Logo após a introdução de Bauman, Burk Parsons subiu ao púlpito para advertir quanto a uma inversão de papéis muito comum no ministério de pastoreio e plantação de igrejas. Com base em Romanos 1:1-17, ele destacou que:

1) Paulo se nomeia “servo”. Quantas vezes reclamamos de nossa falta de sucesso, e nos esquecemos de que fomos chamados por e para Deus. É Ele quem chama e não nós. É Ele que levanta, qualifica e equipa pastores e plantadores de igrejas.

2) Paulo identifica o Evangelho como sendo o Evangelho de Deus (vs. 1) – e não nosso Evangelho. O Evangelho é de Deus. Foi idealizado e criado por Deus. Não podemos usar nossas técnicas em detrimento do Evangelho.

“Quantas vezes reclamamos de nossa falta de sucesso, e nos esquecemos de que fomos chamados por e para Deus.”

3) O Evangelho é imutável. Parsons nos fez retornar ao princípio dos tempos em Gênesis 3, nos lembrando que nós pecamos contra Deus, mas mesmo assim, Ele nos vestiu, demonstrando compaixão. Deus não muda, sua redenção não muda, seu Evangelho não muda, e nossa necessidade do Evangelho também não muda.

4) O Evangelho é a vida de Cristo e não o “nosso testemunho” ou o “levar alguém para a igreja”. Apesar de estarem presentes no evangelismo, se não estamos comunicando sobre a obra de Cristo, não estamos falando do Evangelho.

5) A Igreja não pertence a nós. Uns plantam, outros regam, mas é Deus quem dá o crescimento, porque a Igreja a Ele pertence.

Parsons fechou sua mensagem com a seguinte frase: “todos os que são salvos, são salvos pelas obras”. Depois de uma breve pausa e vários cochichos, ele completou: “as obras de Cristo”.

Contextualização de Forma Bíblica (Luiz Sayão)

“Temos que tomar cuidado com respostas extremadas como contextualizamos demais e perdemos a doutrina, ou enfatizamos demais a forma de modo que não nos adaptemos ao meio.”

Após uma curta pausa, Luiz Sayão palestrou sobre os desafios de plantar uma igreja. Ele alertou para o fato de que nas últimas décadas a população urbana tem crescido mais do que as igrejas históricas – e tais igrejas não conseguiram se adaptar a isso. Segundo Sayão, o avanço do secularismo exige uma resposta à altura da Igreja. Contudo, temos que tomar cuidado com respostas extremadas como contextualizamos demais e perdemos a doutrina, ou enfatizamos demais a forma de modo que não nos adaptemos ao meio.

Um exemplo que Sayão dá é a igreja de Éfeso fundada por Paulo. Firmada na doutrina como todas as igrejas que o apóstolo plantou, porém era uma igreja que se reunia em uma escola ao invés de uma sinagoga. Outro exemplo é passagem de Atos 17 em que Paulo encontra os atenienses no areópago, falando de coisas ligadas à cultura deles, como o monumento ao “Deus desconhecido” e citando poetas seculares para que sua linguagem fosse compreendida.

Papel Social e Plantação de Igrejas (Antônio Costa)

“Muitos pastores atuais preocupam-se apenas com a ‘vida fácil’ de estar na igreja”

Depois, Antônio Costa, com uma paixão contagiante, compartilhou conosco suas experiências no campo de plantação de igrejas e o papel social com que o plantador de igrejas terá de lidar constantemente. Antônio falou de como muitos pastores atuais preocupam-se apenas com o que ele chama de “vida fácil” de estar na igreja presente em todos os eventos, promover acampamentos e festinhas, enquanto a Igreja de Cristo é chamada a imitar a Cristo em seu ministério com os pobres e aflitos. A fé sem obras é morta, e as obras da igreja não podem ser criar um estilo de vida para si, mas ser uma resposta aos males sociais que vieram junto com a Queda.

Comunicar o Evangelho Sem Filtros (Renaut van der Reit)

Em seguida, Renaut van der Reit pregou um excelente sermão sobre como comunicar as verdades do Evangelho de forma que elas sejam ouvidas.

“ideias moldam crenças, e crenças moldam comportamentos. Se transfiro uma ideia imprecisa a pessoa terá uma crença e um comportamento diferentes do que era pretendido.”

1) Ele começa respondendo a uma simples pergunta, mas de importância inestimável por razões óbvias: O que é comunicação? Renaut sintetizou sua conclusão para esta pergunta da seguinte forma: “Comunicação é pegar uma ideia e transferi-la com exatidão e de maneira eficaz para outra pessoa”. Se conseguimos cumprir esta tarefa, então nos comunicamos bem. Se a ideia não é transferida com exatidão e eficácia, nos comunicamos mal.

2) A importância de se comunicar bem, segundo Renaut, é que ideias moldam crenças, e crenças moldam comportamentos. Se transfiro uma ideia imprecisa a pessoa terá uma crença e um comportamento diferentes do que era pretendido.

3) O desafio de pastores e mestres é muito grande, visto que estamos encarregados de comunicar as ideias mais importantes com as quais a humanidade se depara. A Bíblia diz que não devemos procurar sermos mestres apressadamente, porque o julgamento será maior. Isso faz sentido, porque temos que transferir as ideias de maneira eficaz para que elas sejam recebidas de forma correta, e isso é muito sério.

Hitler é um exemplo de uma péssima ideia comunicada de forma muito eficaz. Então, precisamos tomar as grandes ideias de Deus e transmiti-las de forma eficaz.

Discipuladores Mortos (Chan Kilgore)

“plantar igrejas por motivos idólatras é devastador na família do plantador”

Por fim, com simplicidade e clareza, Chan Kilgore pregou sobre o que é um pastor formado pelo Evangelho. Armado até os dentes com Richard Baxter e Charles Spurgeon a quem ele chamou de “meus discipuladores mortos”, Kilgore expôs em 2Pedro 1:3-9 algumas das virtudes que um pastor formado pelo Evangelho terá.

Ele nos alerta para o fato de que quase sempre plantaremos ou pastorearemos igrejas por motivos egoístas, como realização pessoal, aprovação dos homens, status, etc. Kilgore mostra como plantar igrejas por motivos idólatras é devastador na família do plantador, exibindo números impressionantes de pesquisas realizadas nos EUA recentemente.

  • 1500 pastores abandonam o ministério a cada mês por causa da falta de sucesso.
  • 60% dos casamentos de pastores acabam em divórcio.
  • 84% das esposas de pastores se sentem desqualificadas e desestimuladas.
  • 80% das pessoas que se formam no seminário e entram no ministério, acabam abandonando-o em 5 anos.
  • Quase 40% dos pesquisados afirmaram que tiveram algum caso extraconjugal após ter entrado no ministério.
  • 70% afirmaram que o único tempo que gastam estudando a palavra de Deus, é quando estão preparando seus sermões.

Então ele apresenta conselhos práticos retirados de seus “discipuladores mortos”:

  1. O mesmo evangelho que fomos chamados a proclamar, deve primeiramente penetrar em nossa alma.
  2. Pregue o evangelho para si mesmo diariamente.
  3. Memorize e medite no evangelho.
  4. Entenda a Queda, a Salvação e a Redenção.
  5. Aprenda a contar seu testemunho através das lentes do evangelho.
  6. Permita que a história do evangelho molde a história da sua vida.
  7. Medite sobre as palavras regeneração, justificação, santificação e glorificação.
  8. Ore o evangelho.
  9. Cante o evangelho.
  10. Lembre-se de como o evangelho transformou sua vida.
  11. Encarne o evangelho. Seja amigo de pecadores. Viva de forma missional. Aos pés da cruz somos todos pecadores em necessidade de um grande salvador.

 

Este foi o fim do primeiro dia. O que mais marcou você?

 

Por Alan Cristie © Voltemos ao Evangelho.

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