Três Testemunhos Pós-Evangelho da Prosperidade

O Coelhinho da Páscoa é um pregador da prosperidade. Você se achega a ele buscando bênçãos – “que trazes para mim” – e ele lhe traz gostosuras terrenas. O Cordeiro de Deus é um pregador do arrependimento. Você se achega a ele quebrantado e ele lhe traz vida eterna. Nesta Páscoa, não siga o Coelhinho da Prosperidade, mas o Cordeiro de Deus. Acompanhe as postagens do Especial de Páscoa:

Clique aqui

Nota do Editor: Grant Retief, que serve como reitor da Christ Church Umhlanga na grande Durban, África do Sul, se sentou com três jovens cristãos em sua igreja que recentemente saíram de igrejas que pregam o evangelho da prosperidade e fez as mesmas perguntas a todos: “Conte o que você notou quando começou a frequentar a nossa igreja. Qual era a diferença da sua experiência anterior? O que você ouviu que era novo? Quais foram algumas das lutas de início?” Retief pediu que esses três comentassem sobre evangelho, Bíblia, culto público e estilo de vida.

Abaixo você encontrará as suas respostas. Estes são relatos de primeira mão de temas que surgem no artigo de Retief que acompanha: “The Rise of a Parallel, Post-Biblical Christianity.” Rochelle e Chantal fizeram parte de uma igreja de prosperidade em Durban por 15 anos; Nicola passou 11 anos em uma igreja de um sutil evangelho da prosperidade que buscava se adaptar aos de fora para alcançá-los.

Rochelle: 

A primeira coisa que notei foi que se falava muito de pecado. Em minha antiga igreja, nunca se falava de pecado. Pela primeira vez me foi dito que eu era uma pecadora.

Enquanto eu ainda estava indecisa entre as duas igrejas, fui repreendida pelo meu antigo pastor quando comecei a falar sobre pecado e julgamento para as pessoas em nossa igreja. Ele me disse para parar, porque isso era muito negativo.

Eu cresci pensando que havia conquistado a minha salvação pelas minhas obras. Em nossa nova igreja eu ouvi pela primeira vez que Cristo havia cumprido toda a lei.

Primeiro eu fiquei ofendida que minhas obras não valiam de nada, e que eu não podia contribuir para a minha salvação. O fato de que eu não podia contribuir para a minha salvação era ofensivo. Mas após algum tempo, isso se tornou libertador.

Um dos líderes na nova igreja não deixou de ir atrás de mim, e eu continuei voltando. Eu percebi que até aquele ponto toda a minha vida cristã havia negligenciado o evangelho. A cruz só era pregada na Páscoa. O evangelho era visto como velhas novas, e presume-se que todos o conheciam e criam nele. A antiga igreja só estava interessada em receber uma nova palavra de Deus.

Eu me senti muito enganada. Eu costumava chorar. Senti-me traída. Eu percebi que eles também não nada além do que eu sabia.

Minha experiência com a Bíblia foi que ela era constantemente combinada com “profecias”. A norma era ler a Bíblia sem contexto e com imediata aplicação. Cheguei ao entendimento de que a Bíblia, em primeiro lugar, é sobre Jesus.

O culto público se tratava totalmente da experiência e do sentimento que se tinha durante os cânticos. Era um momento de convidar o Espírito Santo a vir sobre nós. Sempre era muito emocional.

Olhando para trás percebo que havia uma deficiência de piedade nas vidas dos líderes da igreja. Isso era visto especialmente na maneira que lidavam com as finanças. Havia corrupção, e o dinheiro recebido às vezes era escondido da congregação. Se você não dizimasse, você era abordado pela liderança.

Havia também pecado sexual. O líder da juventude estava namorando uma menina cristã enquanto dormia com  outra namorada não-cristã. Isso era reportado ao pastor presidente, mas nada era feito a respeito. Três anos depois, ele ainda era o pastor da juventude.

Chantal: 

Quando cheguei nesta igreja pela primeira vez sobre a seriedade do pecado. Quando vim pela primeira vez, fiquei ofendida. Depois, ia para casa libertada e entristecida ao mesmo tempo. A graça era completamente nova para mim, e um enorme conforto. Eu percebi que era da maior importância entender o evangelho da graça. Pela primeira vez, a justificação e a santificação foram explicadas para mim.

No início eu imaginava porquê cada sermão acabava falando de Jesus. Agora percebo que ele me leva de volta à minha necessidade de um salvador a todo tempo, e era disso que eu precisava para mudar.

Quando falei com meu antigo pastor sobre algumas das coisas que eram ensinadas na minha nova igreja, ele disse que o evangelho era bom para aquele contexto, mas não para o contexto dele. Ele sentia que as suas ovelhas já conheciam o evangelho e não precisavam ouvi-lo o tempo todo. Ele sentia que havia outras coisas que Deus estava dizendo e fazendo no mundo.

Ao olhar para os líderes da minha antiga igreja, você pensaria que eles estavam vivendo vidas piedosas por causa de sua religião baseada em obras. Externamente parecia impressionante. Contudo, o pecado sexual era comum entre os jovens, e nunca disciplinado. Um jovem adulto pecou sexualmente, e depois fez um longo jejum. Ele estava trabalhando pelo seu perdão.

A ideia de louvor e adoração era a maior coisa na minha antiga igreja: música e dons extáticos, línguas e profecia. Os cultos às vezes demoravam quatro horas, com duas horas de cânticos. As músicas sempre pareciam apontar para o indivíduo, com um monte de “eu” e quase nenhum “Jesus” nas canções.

Não havia ensino sistemático da Bíblia. A norma era citar as Escrituras completamente fora do contexto. Eu não sei porque eu levava a minha Bíblia. A Bíblia raramente era aberta. Ela era apenas citada erroneamente.

Nicola: 

Na minha antiga igreja, da boca para fora se falava da importância da Bíblia, mas raramente ela era pregada ou lida sistematicamente.

Havia uma forte ênfase em “o que Deus está dizendo agora” em visões e palavras proféticas que frequentemente minavam o contexto e a aplicação da Escritura. Havia uma ênfase no treinamento de líderes com habilidades interpessoais ao invés de ensino da Bíblia.

A pregação era muito frequentemente tópica e dada à modificação comportamental. Desde que vim para cá percebi o quão pouco bom ensino da Bíblia eu havia recebido.

Os líderes são legais, descolados, normalmente mais jovens, muito dados a adaptar a igreja aos de fora a fim de alcançá-los. Frequentemente os cultos tinham iluminação especial, bandas de louvor altamente elegantes, e palavras aparentemente de Deus eram trazidas antes e depois do sermão. Isso diminuía a ênfase no sermão ao incluir outras coisas com ele.

Havia um foco na qualidade e na quantidade de louvor, ao passo de que às vezes não havia sermão. Louvor demonstrativo era sempre encorajado e até instruído, com frequentes chamados ao altar e respostas após a pregação.

Em minha antiga igreja, as pessoas se tornavam líderes muito rapidamente. E os líderes eram elevados e muito populares devido às suas personalidades. Eles encorajavam as pessoas a tomar decisões de acordo com o que Deus estava dizendo aos seus corações ao invés de tomar decisões de acordo com a Palavra.

Nota: Para mais sobre o evangelho da prosperidade na África do Sul, veja o artigo “The Rise of a Parallel, Post-Biblical Christianity.

Por: Grant Retief; Original: Three Post-Prosperity Gospel Testimonies. website: www.9marks.org

Grant Retief é reitor da Christ Church Umhlanga, na grande Durban, África do Sul. Ele e a esposa têm três filhos.

Tradução: Alan Cristie. Original: Três Testemunhos Pós-Evangelho da Prosperidade

Permissões: Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que informe o autor, seu ministério e o tradutor, não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.