[Catástrofe no Japão] John Piper – Tsunami, Soberania e Misericórdia

veja todas as postagens sobre o assunto

veja notícias sobre o Japão

Este artigo foi escrito na época do Tsunami da Indonésia em 2004/2005.

Contudo o aviso nele escrito torna-o necessário e atual.

Tsunami, Soberania e Misericórdia

“Ondas de morte me cercaram, torrentes de impiedade me encobriram… O caminho de Deus é perfeito.” (2 Samuel 22:5,31)

Depois da morte de seus dez filhos devido a um “desastre natural” (Jó 1:19), Jó disse: “O Senhor o deu, e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor” (Jó 1:21). No final do livro, o autor inspirado por Deus confirma o entendimento de Jó do que ocorrera. Ele diz que os irmãos e as irmãs de Jó “confortaram sobre todo mal que o Senhor trouxera sobre ele” (Jó 42:11). Isto possui implicações cruciais para nós enquanto pensamos nas calamidades que ocorreram no Oceano Indico.

1) Satanás não é a causa última, Deus é.

Satanás tinha uma mão na miséria de Jó, mas não a mão decisiva, Deus deu a Satanás permissão para afligir Jó (Jó 1:12; 2:10). Mas Jó e o escritor de seu livro consideram Deus como causa última e determinante. Quando Satanás aflige Jó com feridas, Jó diz para sua esposa: “Temos recebido o bem de Deus e não receberíamos também o mal?” (Jó 2:10); e o escritor chama as feridas satânicas de “o mal que o Senhor trouxe sobre ele”

(Jó 42:11). Então, Satanás é real. Satanás traz misérias. Mas Satanás não é a causa última ou decisiva. Ele está em uma coleira. Ele não vai além do que Deus decisivamente permite.

2) Mesmo que Satanás tenha causado os terremotos no Oceano Indico no dia após o Natal, ele não é a causa decisiva de 100,000 + mortes, Deus é.

Deus reivindica poder sobre os tsunamis em Jó 38:8 quando Ele pergunta a Jó retoricamente: “Quem fechou o mar com portas, quando rompeu da madre…” e diz “Até aqui virás e não mais adiante, e aqui se quebrará o orgulho das tuas ondas?” O Salmo 89:8-9 diz: “Ó Senhor… dominas a fúria do mar; quando as suas ondas se levantam, tu as amainas”. O próprio Jesus tem o mesmo controle hoje, como ele fez uma vez sobre as ameaças mortíferas das ondas “Ele… repreendeu o vento e a fúria das ondas, e elas cessaram, e houve calmaria” (Lucas 8:24). Em outras palavras, mesmo se Satanás causou o terremoto, Deus poderia ter parado as ondas.

3) Calamidades destrutivas neste mundo misturam julgamento e misericórdia.

Seus propósitos não são tão simples. Jó era um homem piedoso e suas misérias não eram punição de Deus (Jó 1:1,8). Seus desígnios eram purificadores e não de punição

(Jó 42:6). Mas nós não sabemos a condição espiritual dos filhos de Jó. Jó estava certamente preocupado sobre eles (Jó 1:15). Deus talvez tenha tomados suas vidas em julgamento. Se isso é verdade, então a mesma calamidade provou no final ser misericórdia para Jó e julgamento para seus filhos. Isto é verdade em todas as calamidades. Elas misturam julgamento e misericórdia. Elas são ambas punição e purificação. Sofrimento, e mesmo a morte, podem ser ambas julgamento e misericórdia ao mesmo tempo.

A mais clara ilustração disso foi a morte de Jesus. Foram ambas, julgamento e misericórdia. Foi o julgamento de Jesus porque Ele levou sobre si os nossos pecados, e foi misericórdia com respeito a nós que confiamos Nele por carregar nossa punição (Gálatas 3:13; 1 Pedro 2:24) e ser nossa justiça (2 Corintios 5:21). Outro exemplo é a maldição que está sobre esta Terra caída. Os que não crêem em Cristo experimentam isto como julgamento, mas os que crêem experimentam isto como misericórdia, embora doloroso, preparação para a glória. “A criação está sujeita a vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança” (Romanos 8:20). Isto é sujeição vinda de Deus. Esta é a razão pela qual existem Tsunamis.

Quem sofre neste mundo caído dos desastres naturais? Todos nós, cristãos incluídos: “E não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso intimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção de nosso corpo” (Romanos 8 :23). Por que para aqueles que se lançam na misericórdia de Cristo estas aflições são “preparação para nós e eterno peso de glória, acima de toda comparação”. (2 Corintios 4:17) . E quando a morte vem, é uma porta para o Paraíso. Mas para aqueles que não entesouram Cristo, sofrimento e morte são juízos de Deus. “Por que a ocasião de começar o juízo pela casa de Deus é chegada; ora, se primeiro vem por nós, qual será o fim daqueles que não obedecem ao evangelho de Deus? ( 1 Pedro 4:17).

Para crianças que são muito jovens para processar mentalmente a revelação de Deus na natureza ou na Escritura, morte não é a palavra final de julgamento. O compromisso de Deus para mostrar sua justiça publicamente significa que Ele não condenará pessoas pecadoras que não poderiam psicologicamente construir uma revelação natural ou especial (Romanos 1:20). Existe uma diferença entre suprimir a revelação que  pode ser mentalmente compreendida (Romanos 1:18), e não ter o intelecto suficiente para compreender tudo isto. Portanto, quando pequenas crianças sofrem e morrem, nós não podemos assumir que elas estão sendo punidas ou julgadas. Não importa quão terrível seja o sofrimento ou a morte, Deus pode mudar isso para um bem muito maior.

4) O coração que Cristo da para o seu povo sente compaixão por aqueles que sofrem, não importa qual seja a fé deles.

Quando a Bíblia diz: “Chorai com os que choram” (Romanos 12:15), ela não acrescenta, “ a menos que Deus tenha causado o choro.” O conforto de Jó teria sido melhor se chorassem com ele ao invés de terem falado tanto. Isto não muda quando descobrimos que o sofrimento de Jó veio decisivamente de Deus. É certo chorar com aqueles que sofrem. Dor é dor, não importa quem a cause. Nós somos todos pecadores. Empatia flui não pelas causas da dor, mas pela companhia da dor. E nós estamos todos juntos nisso.

5) Finalmente, Cristo nos chama para mostrar misericórdia por aqueles que sofrem, mesmo se eles não merecerem.

Este é o significado de misericórdia- ajuda para quem não merece. “Ame os seus inimigos, faça o bem para aqueles que te odeiam” (Lucas 6:27). Portanto, ore fervorosamente por Scott Purser e seu time enquanto eles investigam o melhor caminho para que a Diaconia Global possa misericordiosamente responder com amor de Cristo para as calamidades em torno do Oceano Indico.

Nas mãos misericordiosas do Todo Poderoso Deus.

Pastor John.

 

Por John Piper. © Desiring God. Website: desiringGod.org

Tradução: Voltemos ao Evangelho.

Permissões: Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que adicione as informações supracitadas, não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.