A Singularidade do Amor Cristão

A singularidade da caridade cristã, ou do amor cristão, se evidencia pelas seguintes marcas:

Primeira, toda caridade e amor cristãos procede do mesmo Espírito que influencia o coração. O genuíno amor cristão se origina do sopro do mesmo Espírito, seja para com Deus, seja para com o homem. O Espírito de Deus é o Espírito de amor, e quando ele adentra a alma, o amor também entra aí com ele. Deus é amor, e aquele que tem Deus habitando em si por meio de seu Espírito, também terá o amor habitando em si. A natureza do Espírito Santo é amor; e é por comunicar-se, em sua própria natureza, aos santos, que seus corações se enchem da caridade divina. Disto descobrimos que os santos são participantes da natureza divina, e o amor cristão é chamado de “amor do Espírito” (Rm 15.30) e “amor no Espírito” (Cl 1.8), e as próprias entranhas do amor e misericórdia parecem significar a mesma coisa que a comunhão do Espírito (Fp 2.1). É também o mesmo Espírito que infunde amor para com Deus (Rm 5.5); é pela habitação desse mesmo Espírito que a alma permanece no amor para com Deus e para com o homem (1Jo 3.23, 24; 4.12, 13).

Segunda, o amor cristão, seja para com Deus, seja para com o homem, é operado no coração pela mesma obra do Espírito. Não há duas obras do Espírito de Deus, uma a infundir um espírito de amor para com Deus, e a outra a infundir um espírito de amor para com os homens; mas, ao produzir uma, o Espírito produz também a outra. Na obra de conversão, o Espírito Santo renova o coração, dando-lhe uma disposição divina (Ef 4.23); assim, é uma e a mesma disposição divina que é operada no coração, a qual se manifesta em amor, seja para com Deus, seja para com o homem.

Terceira, quando Deus e o homem são amados com um amor realmente cristão, ambos são amados com base nos mesmos motivos. Quando Deus é amado de uma maneira correta, ele é amado por sua excelência e pela beleza de sua natureza, especialmente pela santidade de sua natureza; e é proveniente do mesmo motivo que os santos são amados – por causa da santidade. Todas as coisas que são amadas com um amor realmente cristão são amadas com base no mesmo respeito para com Deus. Amor para com Deus é o fundamento do gracioso amor para com os homens; e os homens são amados, ou porque em algum aspecto se assemelham a Deus, na posse de sua natureza e imagem espiritual, ou em razão da relação que mantêm com ele na capacidade de seus filhos ou criaturas – como aqueles que são abençoados por ele, ou a quem sua misericórdia é oferecida, ou de alguma outra maneira por consideração a ele. Observe-se apenas que, embora o amor cristão seja um em seu princípio, contudo é distinguido e denominado com respeito a seus objetos e os modos de seu exercício e seus graus.

Além dessas marcas, a caridade será também uma evidência da verdadeira fé salvadora, que distingue os verdadeiros cristãos. Isso pode ser visto de duas maneiras:

A Caridade e Seus Frutos

Trecho do livro “A Caridade e Seus Frutos”, de Jonathan Edwards, lançamento de Junho de 2015 da Editora Fiel.

Por: Jonathan Edwards. © 2015 Editora Fiel. Original: A Singularidade do Amor Cristão.