Reformadores – Girolamo Zanchi (Reforma500)

500 anos de Reforma Protestante

Em comemoração aos 500 anos de Reforma Protestante, o Voltemos ao Evangelho trará artigos semanais e biografias de diferentes reformadores: Girolamo Zachi (jan), Theodoro Beza (fev), Thomas Cranmer (mar), Guilherme Farrel (abr), William Tyndale (mai), Martin Bucer (jun), John Knox (jul), Ulrico Zuínglio (ago), João Calvino (set) e Martinho Lutero (out).

Girolamo Zanchi (1516-1590) foi um reformador italiano que fugiu da perseguição para finalmente se estabelecer em Estrasburgo como professor de Antigo Testamento no Colégio de São Tomás. Ele foi posteriormente nomeado em Heidelberg como professor de Teologia na Universidade. Sua obra é caracterizada por uma impressionante síntese da teologia reformada, do tomismo e do método escolástico.

1516 – Nascimento: Girolamo Zanchi nasceu em 2 de fevereiro de 1516, em Alzano, Itália. Ele foi uma figura chave da Reforma na geração que seguiu Lutero e Calvino. Foi fundamental no desenvolvimento do protestantismo reformado e um notável teólogo e comentarista bíblico. Em sua época, e nas gerações após sua morte, sua influência foi amplamente reconhecida e ele foi profundamente admirado por sua erudição e piedade.

1528-1531 – Morte dos pais: Seu pai, Francesco Zanchi, faleceu em 1528, e sua mãe, Barbara Morlotti, morreu três anos depois.

1531 – Vida religiosa: Pouco depois da morte de sua mãe, em fevereiro de 1531, o jovem Zanchi entrou na comunidade religiosa de Santo Spirito di Bergamo e se tornou um noviço na Ordem dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho. Ali ele estudou Aristóteles, línguas e teologia.

1541 – Mudança para San Frediano em Lucca: Na comunidade de Bergamo, Zanchi se tornou amigo de Massimiliano Celso Martinenghi. Juntos liam teologia e estudavam grego. No início de 1541, quando quinze membros desta comunidade se mudaram para San Frediano em Lucca, Zanchi e Celso estavam entre este número. De um modo que dificilmente poderiam ter previsto, esta mudança alterou o curso de suas vidas.

1541 – Zanchi conhece Vermigli (1499-1562): 1541 era um momento de crise em Lucca, pois a cidade havia se tornado notoriamente corrupta. Seu bispo ausente não fornecia nenhuma orientação moral e até mesmo a ordem agostiniana em San Frediano estava sendo negligenciada. A responsabilidade de restaurar a ordem — tanto entre os cânones, como nas ruas da cidade — foi atribuída a Peter Martyr Vermigli (1499-1562), o qual era conhecido como um dos melhores pregadores da ordem e, embora ainda não se identificasse claramente com o movimento protestante, era conhecido por seus esforços reformadores. Em anos posteriores, Zanchi considerou esta mudança como uma boa providência de Deus, pois Vermigli se tornou uma espécie de figura paterna, apontou o jovem para uma nova compreensão do evangelho e reorientou a sua leitura das Escrituras.

1541 – Celso, Zachi, Vermigli: reformadores:

Em Lucca, Celso ensinava grego, Zanchi ensinava teologia e Vermigli se dedicava a reformar a comunidade, ajudando a guiar a cidade, e dava aulas sobre as epístolas Paulinas. De fato, a comunidade de Lucca se tornou uma incubadora para o protestantismo no norte da Itália.

1551 – Contato com obras de Reformadores: Zanchi e Celso permaneceram em Lucca por quase uma década pregando, ensinando e aprendendo. Eles leram as obras de vários reformadores suíços, alemães e franceses, incluindo Filipe Melanchthon, Martin Bucer, Heinrich Bullinger e João Calvino. Zanchi produziu um resumo das Institutas de Calvino para estudo privado, o qual foi publicado postumamente, em 1598, como Compendium praecipuorum capitum Doctrinae Christianae [Compêndio dos principais pontos da doutrina cristã].

1553 – Saída da Itália: Sob crescente perseguição contra a Reforma, Zanchi deixou a Itália através de Genebra e aceitou ensinar o Antigo Testamento na faculdade de Santo Tomás em Estrasburgo, onde continuou a dar excelente instrução por mais de 10 anos.

1563 – Ministério pastoral: Nesse ano Zanchi começou a pastorear uma congregação protestante italiana na cidade de Chiavenna.

1567 – Universidade de Heidelberg: O príncipe Frederick III convenceu Zanchi a aceitar uma cátedra de teologia na Universidade de Heidelberg, junto a Zacharias Ursinus (um dos autores do Catecismo de Heidelberg).

1568 – Doutor e Pastor: Iniciou as suas novas funções e neste mesmo ano recebeu um título de doutor. Ele ocupou esse cargo por 9 anos quando, na morte de Fredrick III, ele escolheu assumir o pastorado da igreja em Neustadt an der Haardt. Ele permaneceu nesta função de pastor até a sua morte.

1590 – Falecimento: Em 19 de novembro de 1590, Zanchi faleceu durante uma visita a Heidelberg.

Zanchi foi um escritor prolífico cujas obras incluem: “Confession of the Christian Religion” [Confissão da Religião Cristã] e Observation on the Divine Attributes [Consideração sobre os Atributos Divinos], sendo mais conhecido por seu livro The Doctrine of Absolute Predestination [A Doutrina da Predestinação Absoluta].

Ênfases Teológicas

1 – “Os cristãos não carecem de nada além de resignação absoluta para os tornar perfeitamente felizes em todas as circunstâncias possíveis; e a resignação absoluta só pode fluir de uma crença absoluta e absoluta aquiescência da providência absoluta de Deus, fundada na predestinação absoluta.”

2 – “Tudo o que Deus quer ou não, por mais que, à primeira vista, pareça entrar em conflito com nossas ideias de certo e errado, não pode ser realmente injusto.”

3 – “Tudo o que Deus quer ou faz, não é desejado e feito por ele porque eram justos ou retos em sua própria natureza e antes da designação de Deus, ou porque, por sua aptidão intrínseca, ele deveria querer e fazê-las; mas eles são, portanto, justos, retos e apropriados, porque aquele que é a própria santidade, os deseja e faz.”

4 – “A misericórdia não é em Deus, como é em nós, uma paixão ou afeição, sendo incompatível com a pureza, perfeição, independência e imutabilidade da sua natureza; mas quando esse atributo é relativo a Deus, apenas indica a sua livre e eterna vontade ou propósito de tornar bem-aventurados alguns da raça caída, libertando-os da culpa e domínio do pecado, e se comunicando a eles de uma forma consistente com a sua própria justiça inviolável, verdade e santidade.”

5 – “Qualquer favor que nos seja concedido, seja qual for a coisa boa em nós ou praticada por nós, quer seja em vontade, palavra ou ação, e quaisquer outras bênçãos que recebemos de Deus, desde a eleição até à glorificação, tudo procede, mera e completamente, do beneplácito da sua vontade e da sua misericórdia para conosco em Cristo Jesus.”

© Theopedia / The Davenant trust. Traduzido com permissão. Fonte: Jerome ZanchiusJerome Zanchi (1516-1590): A Life in Exile – Part 1

Original: Reformadores – Girolamo Zanchi (Reforma500). © Ministério Fiel. Website: MinisterioFiel.com.br. Todos os direitos reservados.  Revisão: William Teixeira.