Desvende as riquezas da Escritura

Sempre que lemos, queremos saber o que um autor pretendeu que víssemos e experimentássemos. Essa convicção tem enormes implicações para o porquê e como lemos.

Primeiro, isso implica em cortesia. Se você me escreveu uma carta com instruções sobre como chegar à sua casa, e me perdi porque coloquei meus próprios significados criativos em suas palavras, em vez de tentar entrar na sua cabeça, eu seria desrespeitoso.

Cortesia diz: “Faça aos autores conforme você gostaria que os autores fizessem a você”. Se você colocasse suas intenções em uma carta, um contrato ou um sermão, você esperaria que outros tentassem extrair dela o que você colocou. Devemos fazer o mesmo para os autores quando lemos.

Segundo, isso implica em humildade. Quando lemos dessa maneira, confessamos que não sabemos as coisas e que os outros provavelmente sabem. Então, queremos aprender através da leitura. Não estamos lendo apenas para ver um reflexo do que já sabemos. Estamos lendo para aprender sobre uma realidade fora de nós mesmos que ainda não conhecemos.

É claro, há outros objetivos na leitura além da aprendizagem, como o prazer de uma boa história ou de um poema ou ensaio bem elaborado. Mas teremos que deixar isso de lado por enquanto.

Terceiro, a leitura em busca das intenções de um autor implica a existência objetiva da realidade fora da minha mente. Nós não estamos lendo simplesmente por experiências subjetivas. Estamos lendo para descobrir mais sobre a realidade objetiva.

O autor é uma dessas realidades objetivas fora de mim. Ele existe e tem insights sobre a realidade que eu não tenho. Eu quero ver o que ele viu e testar isso, e, se for verdade, abraçá-la para que eu cresça em meu conhecimento da realidade e meu desfrute de tudo o que é bom.

A intenção do autor quando ele escreveu é outra realidade objetiva. Ele tinha uma intenção quando escreveu. Nada vai mudar isso. Está lá como um evento passado e objetivo na história. Um autor pode mudar de ideia, mas não pode mudar seu passado.

Eu posso chegar ou não à sua intenção (porque sou um leitor fraco, ou ele era um escritor fraco, ou por algum outro motivo). Mas acreditar que a intenção do autor está lá, e que vale a pena ser encontrada, afeta profundamente a maneira como lemos.

Que tipo de perguntas eu faço?

Quando eu leio uma palavra, o que eu quero saber é “o que o autor pretendia com isso?” não simplesmente “que idéias vêm à minha cabeça quando eu digo a palavra?” Quando leio uma frase, o que eu quero saber é “o que o autor pretendia com isso?” Não “Que novas ideias eu tenho quando a leio?” Este é, na verdade, o significado da palavra “significado” como eu a uso. O significado de uma frase, uma palavra ou um documento é o que o autor pretendia que entendêssemos deles.

Tudo bem se aprendemos mais com a escrita de um autor do que ele pretendia. E tudo bem se temos prazer ao tomar as palavras de um poema de forma diferente do que o autor pretendia. Mas permaneceremos pigmeus em nossa compreensão se não formos humildes, procurando pensar os pensamentos de um autor depois dele e experimentar as emoções que ele pretendia para nós.

Então, no que se segue, sempre que eu falar sobre o significado de uma palavra, ou uma frase, ou uma proposição, ou um documento, quero dizer o que o autor pretendia que entendêssemos, não as ideias que temos durante a leitura.

1) Eu faço perguntas para desvendar as riquezas do significado das Escrituras.

Eu começo aqui porque nossas mentes são geralmente passivas até que algo precise ser entendido. Ou, em outras palavras, geralmente não pensamos até que somos confrontados com um problema a ser resolvido, um mistério a ser desvendado ou um enigma a ser decifrado.

Enquanto não estivermos estejamos pensando sobre o que estamos lendo, perderemos alguns dos significados das Escrituras. Enquanto nossas mentes não passarem da leitura passiva para a leitura ativa, nós passaremos por cima por maravilhosos insights.

Paulo disse a Timóteo: “Pondera o que acabo de dizer, porque o Senhor te dará compreensão em todas as coisas” (2Tm 2.7).

Pense no mandato de Paulo! Isso significa que Deus dá entendimento à parte do pensamento? Não. Ele diz: “Pondere! E Deus dará entendimento”. Ele nos dará através do nosso pensamento.

Mas na maioria das vezes nossas mentes são passivas. Elas não estão pensando. Elas estão à deriva e margeando. Mas uma vez que há um problema que queremos resolver ou um mistério para descobrir, então começamos a pensar. Nossa mente se torna ativa.

É por isso que o hábito de fazer perguntas é crucial. E eu quero dizer principalmente fazer perguntas a nós mesmos, não a outros. Perguntar aos outros causa um curto-circuito no seu processo de pensamento. Há momentos em que você precisará perguntar a outras pessoas. Mas se você criar o hábito de se perguntar, você se tornará uma daquelas pessoas a quem as outras pessoas vêm fazer perguntas.

Fazer perguntas a nós mesmos é uma maneira de criar um problema ou um mistério a ser resolvido. Isso significa que o hábito de nos questionarmos desperta e sustenta nosso processo de pensamento. Isso em um hábito incrivelmente frutífero. Coisas incríveis acontecem quando você cria o hábito de fazer perguntas a si mesmo enquanto lê.

  • Você se torna um Sherlock rastreando pistas com uma empolgação cada vez maior à medida que a trama das passagens se torna mais espessa.
  • Você se torna um amante querendo ver e saborear mais e mais a mensagem que o seu Deus enviou a você.
  • Você se torna seu próprio advogado que te faz responder as perguntas que os outros podem fazer, antes de perguntarem.
  • Você se torna uma árvore plantada junto a correntes vivas, e você se vê crescendo e se fortalecendo.
  • Você se torna um professor pronto com perguntas e respostas para aqueles que querem descobrir com você.

2) Eu faço perguntas sobre o significado das palavras.

Em outras palavras, eu pergunto sobre definições. Pergunto mais especificamente sobre o que a palavra significa aqui, nessa sentença específica. (Lembre-se, estamos perguntando sobre o que o autor pretendia com ela, não o que nós achamos que ela significa.)

Isso pressupõe que as palavras têm significados diferentes em sentenças diferentes. Isso é verdade. Elas têm. Por exemplo, a palavra “vida” pode significar vida terrena ou vida eterna. Qual delas o autor pretendia quando escreveu uma frase em particular?

3) Eu pergunto sobre a forma como as expressões funcionam.

Por uma expressão quero dizer um grupo de palavras sem um verbo que descreve alguma ação ou pessoa ou coisa. Por exemplo, “O homem com lepra”. “Com lepra” é uma expressão que descreve o homem. Ou “Mortifique seus pecados pelo Espírito”. “Pelo Espírito” é uma expressão que descreve a ação “mortificar”. Nos diz como mortificamos nossos pecados.

Perguntamos sobre como as frases funcionam porque elas nem sempre são claras. Por exemplo, “persiga a obediência por fé”. “Por fé” é uma frase que descreve obediência. Mas como isso funciona? “Por fé” significa “obediência que consiste em fé”? A fé é ordenada, então, quando temos fé, obedecemos à ordem. Assim, a fé é obediência? Ou “por fé” significa “obediência que cresce da fé”? Neste caso, fé e obediência não são o mesmo, e a fé é a causa da obediência.

4) Eu pergunto sobre as relações entre duas ou mais proposições.

Uma proposição é um grupo de palavras que tem um verbo e um sujeito e assim faz algum tipo de declaração ou algum tipo de pergunta. Como as proposições se relacionam umas com as outras é uma das perguntas mais importantes que você pode fazer. Por exemplo, suponha que você leia estas duas proposições:

  1. Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor.
  2. Deus é quem atua em vós.

Como elas estão relacionadas? Não sabemos sem uma palavra ou expressão de conexão. Conectivos (conjunções) são palavras ou expressões como: e, mas, porque, para que, portanto, embora, se/então, e assim por diante. E se o conector dessas duas proposições fosse “para que”?

Desenvolvei vossa salvação com temor e tremor, para que seja Deus quem esteja atuando em vós.

Qual é a relação entre as proposições? Poderia ser de propósito: “Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor com o propósito de fazer com que Deus atue em vós”. Ou poderia ser o resultado: “Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor com o resultado de que Deus é quem está atuando em vós”.

Mas e se o conectivo fosse “porque”, que é o que Paulo realmente usa em Filipenses 2.13?

Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem atua em vós.

Isso significaria que o trabalho de Deus veio primeiro e foi a causa do nosso trabalho. Teologias totalmente diferentes podem ser ensinadas com a mudança de uma palavra de conexão.

Poderíamos gastar muito tempo com as várias maneiras pelas quais as proposições podem se relacionar, mas elas são resumidas em meu livreto “Exegese Bíblica”.

5) Eu pergunto como as proposições ajudam a determinar o significado das palavras.

Existe um círculo hermenêutico, mas ele não é um círculo vicioso. Você não pode saber com precisão o que uma proposição significa até que você saiba o significado das palavras, e você não pode saber com precisão o significado das palavras até que você saiba o significado da proposição.

As palavras têm um alcance limitado de significados compartilhados. Quando começamos a ler as palavras, qualquer palpite errado que fazemos sobre seus significados geralmente é corrigido ao final da sentença ou pela conexão com outras sentenças. Aqui está uma ilustração simples e uma complexa sobre como as proposições esclarecem o significado de suas palavras:

Contudo, [Deus] não se deixou ficar sem testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-vos do céu chuvas e estações frutíferas. (Atos 14.17)

Em geral, sabemos o que é um “testemunho”. Mas somente quando a proposição final está conectada com a primeira, sabemos que o “testemunho” não se refere a uma pessoa, mas a chuvas e estações frutíferas. Aqui está um exemplo mais complexo:

Nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios; mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus. (1Coríntios 1.23–24)

Quem são os “chamados”? A palavra por si só poderia se referir àqueles que ouvem a palavra da cruz pregada por Paulo. Paulo “chama” a todos em um sentido. Quando ele prega a Cristo, ele não limita seu chamado à salvação. Ele chama a todos a se arrependerem e crerem.

Mas da maneira como as proposições se encaixam, “chamados”, no versículo 24, não pode significar isso. Os “chamados”, diz o versículo 24, recebem a palavra da cruz como “poder de Deus e sabedoria de Deus”. Mas sabemos pelo versículo 23 que muitos dos que ouviram a mensagem não a receberam dessa maneira. Eles a receberam como escândalo e loucura.

Portanto, os chamados não são todos que ouvem a palavra. Então, no versículo 24, “chamados” não pode significar o chamado geral que todos recebem através do sermão. Deve referir-se a um chamado de Deus que ele dá apenas a alguns. E deve ter uma eficácia especial, porque todos os que o recebem veem a cruz como poder e sabedoria. Portanto, os teólogos se referem a ele como chamado eficaz.

Assim, mesmo que as palavras carreguem vários significados em si mesmas, o conteúdo e as relações das proposições em torno delas geralmente esclarecem o significado específico que o autor pretendia que eles tivessem.

6) Eu pergunto como o ponto de uma passagem se encaixa com os pontos de outras passagens, especialmente se parece que os pontos não se encaixam uns com os outros.

Um dos meus hábitos mais frutíferos em fazer perguntas é questionar como o significado aparente ou o ponto de uma passagem se encaixa em outras passagens que parecem contraditórias ou inconsistentes.

Eu nunca suponho que a Bíblia é inconsistente, mas que eu não estou vendo tudo o que preciso ver. É por isso que esse hábito é tão proveitoso. Se eu não vi o suficiente para explicar a aparente inconsistência, é provável que perguntar como os textos se encaixam me ajudará a ver mais.

E ver mais é o que buscamos. Queremos ver tanto quanto realmente estiver lá. Aqui está um exemplo desse tipo de questionamento. Em Romanos 5.8 Paulo diz:

Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.

Mas o Salmo 11.5 diz:

O Senhor põe à prova ao justo e ao ímpio; mas, ao que ama a violência, a sua alma o abomina.

Então Deus nos ama enquanto somos pecadores. E Deus odeia os ímpios. Quando vemos essa tensão entre o amor de Deus pelos pecadores e o ódio pelos pecadores, devemos começar a pensar sobre as possíveis maneiras pelas quais essas duas verdades se encaixam. Isso significa que começamos a fazer mais perguntas.

  1. Estão sendo considerados dois grupos diferentes em “pecadores” e “ímpios”?
  2. Os pecadores que Deus ama não estão incluídos entre os pecadores que Deus odeia?
  3. Existe uma diferença entre “pecado” e “impiedade” de modo que ele realmente não ame os ímpios ou odeie os pecadores?
  4. Alguma coisa mudou entre o Antigo Testamento e o Novo Testamento para que Deus não odeie o ímpio hoje?
  5. O que, mais especificamente, o ódio de Deus envolve?
  6. O ódio que ele tem pelos ímpios exclui a possibilidade de que ele também os ame?
  7. Quais seriam os diferentes tipos de ódio que ele poderia ter?
  8. Um tipo de ódio é a aversão intensa ao coração ímpio de uma pessoa?
  9. O outro tipo de ódio é o propósito intenso de destruir?
  10. Poderia a aversão estar presente sem o propósito de destruir?
  11. Em caso afirmativo, ele poderia amar aqueles que ele detesta, buscando resgatá-los de sua repulsividade e de seu ódio?
  12. Que outros textos devo olhar para ajudar a responder a essas perguntas?

Esses tipos de perguntas aparecem na mente quando duas passagens em tensão entre si são reunidas, com o alvo de descobrir como elas se encaixam. É incrível o quanto aprendemos com este hábito de fazer perguntas sobre dificuldades aparentes. Poucas coisas tornam uma pessoa mais profunda e rica em seu conhecimento de Deus e de seus caminhos do que o hábito de perguntar como os textos são coerentes na realidade quando, a princípio, não parece que eles sejam.

7) Eu pergunto como o significado se aplica ao modo como você vive e ao modo como a igreja e o mundo vivem.

O objetivo dos escritores bíblicos não é apenas que saibamos as coisas, mas que saibamos as coisas. Então, parte de nossa resposta às Escrituras é formar o hábito de fazer perguntas relativas à aplicação: a nós e à nossa igreja, a outros cristãos e nossos relacionamentos, e ao mundo, aos incrédulos e instituições.

Isso significa que a tarefa de aplicação nunca está encerrada. Existem milhões de maneiras pelas quais um texto pode ser aplicado a milhões de situações e relacionamentos. Nossa tarefa não é conhecer todas essas aplicações, mas crescer na aplicação do significado das Escrituras às vidas e às pessoas e instituições ao nosso redor.

As perguntas sobre a aplicação não são principalmente uma busca por significado (a intenção do autor), mas pela diferença que o significado terá em nossas vidas. Mas o fato é que fazer perguntas sobre aplicação muitas vezes lança luz sobre coisas no texto que você não tinha visto.

Por exemplo, é muito provável que, até que uma igreja tente realmente aplicar as passagens sobre a disciplina da igreja, eles não as leiam com cuidado o suficiente para ver o que elas estão dizendo especificamente. Cada novo esforço para seguir os processos o enviará de volta à Bíblia para ver o que mais está lá.

Por exemplo, até que tentei aplicar o ensinamento de Mateus 18.15–18, não havia percebido que pode passar algum tempo entre levar duas ou três testemunhas para confrontar um irmão impenitente e o próximo passo, de levar seu caso para toda a igreja. Mas quando a aplicação nos forçou essa pergunta, vimos de fato que não há nada no significado do texto que sugira que o próximo passo seja imediato. Isso levantou a questão sobre como devemos nos relacionar com a pessoa naquele período de tempo, e tivemos mais trabalho a fazer buscando nas Escrituras.

Isso não é incomum. Esforços para aplicar o significado de um texto geralmente nos ajudam a fazer perguntas sobre o texto que revelam coisas que não vimos. Assim, embora nosso objetivo seja encontrar o significado de uma passagem e depois aplicá-la, também é verdade que a própria aplicação do significado frequentemente levanta questões que esclarecem mais o significado.

8) Eu pergunto que sentimentos são apropriados em resposta à verdade deste texto.

O objetivo de ler a Bíblia não é apenas saber, mas também crer, esperar e amar. Toda a variedade de emoções humanas são possíveis reações ao significado da Bíblia. Deus nos deu a Bíblia não apenas para informar nossas mentes, mas também para transformar nossos corações – nossas afeições. Sempre há uma maneira mais ou menos apropriada de nossos sentimentos serem movidos pela verdade que vemos.

Por exemplo, uma verdade horrível não deveria ter o mesmo efeito emocional que uma verdade bela. A santidade inalcançável de Deus não deve produzir a mesma emoção que a terna proximidade de Deus. A repreensão de Jesus não deve produzir a mesma emoção que o elogio de Jesus.

Então, parte da resposta às Escrituras é fazer a pergunta “Qual é uma resposta emocional adequada ao significado deste texto? Estou sentindo isso?

A palavra de Deus é honrada não apenas ao ser entendida corretamente, mas também ao ser sentida corretamente. Uma resposta vazia do coração à verdade gloriosa é uma resposta defeituosa à Bíblia. Então, não paramos de fazer perguntas até que tenhamos perguntado sobre quais emoções são apropriadas em resposta ao significado da Bíblia e se estamos experimentando essas emoções.

Lendo a Bíblia de Modo Sobrenatural

Provando e vendo a glória de Deus na escritura

Deus escreveu um livro e as páginas deste livro estão cheias de sua glória. Mas não conseguimos perceber esta beleza gloriosa através de nossos olhos humanos, por nosso próprio esforço.

Neste livro, John Piper nos mostra que na simples leitura da Bíblia, algo miraculoso pode acontecer: nós ganhamos olhos que conseguem contemplar a glória do Deus vivo e verdadeiro.

CONFIRA

Por: John Piper. © Desiring God Foundation. Website: desiringGod.org. Traduzido com permissão. Fonte: Unlock the Riches of Scripture.

Original: Desvende as riquezas da Escritura. © Voltemos ao Evangelho Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Tradução: João Paulo Aragão da Guia Oliveira.