Coronavírus explicado por um especialista em doenças infecciosas e pastor

Nota do editor: Além de ser pastor de pregação e visão da International Baptist Church em Santo Domingo, o Dr. Miguel Núñez exerce a medicina em diferentes especialidades há mais de trinta e cinco anos. Ele é certificado em medicina interna e em doenças infecciosas. Ele também foi professor clínico assistente da Mount Sinai School of Medicine (1989-97) no Englewood Hospital and Medical Center em Englewood, Nova Jersey. Por esse motivo, o contatamos para obtermos informações, relacionadas ao atual surto de Coronavírus, do ponto de vista médico e para oferecer algumas palavras de sabedoria pastoral.


O que é o Coronavírus?

Desde o início deste ano, estamos lendo e ouvindo sobre uma família de vírus conhecida como Coronavírus. Existem sessenta e nove espécies deste vírus, sete das quais podem afetar seres humanos. O restante das espécies de vírus é contraído por animais – principalmente porcos, morcegos e outros pequenos mamíferos. Seu nome deriva do fato de que na superfície do vírus existem saliências que correspondem às proteínas que o vírus usa para aderir a outras células que deseja infectar.

Qual é a história do Coronavírus?

A comunidade médica conhece esses vírus desde a década de 1960. No entanto, foi somente em 2002 a 2003, que a população em geral começou a se familiarizar com eles, devido a um surto de um dos vírus que ocorreu na China, na época chamado SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave). Esta epidemia ficou contida na China. Segundo a Organização Mundial da Saúde, apenas cerca de 8.000 casos foram relatados com uma taxa de mortalidade entre 9,5% e 10%.

Dez anos depois, outra cepa de Coronavírus surgiu na Arábia Saudita, com uma taxa de mortalidade extremamente alta de 35%. Felizmente, essa epidemia também foi contida. Infelizmente, 2.400 pessoas foram afetadas, das quais cerca de 800 morreram. Esse vírus foi chamado MERS (Síndrome Respiratória no Oriente Médio).

Não ouviríamos falar sobre um vírus semelhante até dezembro de 2019. Os primeiros relatos de uma síndrome respiratória surgiram, mais uma vez na China, especificamente na província de Wuhan. O vírus foi referido como SARS Covid-2 e a doença como COVID-19 (doença de Coronavírus, 2019).

Existem rumores de que esse vírus sofreu mutação, embora nenhuma mutação tenha sido reconhecida por autoridades médicas.

Até que ponto esse vírus já se espalhou?

Até o momento, esse vírus se espalhou para mais de 115 nações. Em 11 de março, existiam mais de 126.300 casos relatados nos países infectados. Destes, 68.285 pacientes se recuperaram totalmente, há cerca de 53.382 casos considerados ativos e mais de 4.633 pessoas morreram. Dos casos ativos, 89% parecem estar em condições de pouca gravidade e o restante está em condições graves ou críticas.

Quão mortal é o novo Coronavírus?

A taxa média de mortalidade é de cerca de 3,4%. A maior taxa de mortalidade foi relatada na Itália, estimada em pouco menos de 6%. A menor taxa de mortalidade foi relatada na Coréia do Sul, calculada em cerca de 0,7%.

É importante observar que a taxa de mortalidade dessa espécie de Coronavírus (COVID-19) não é comparável aos dois Coronavírus mencionados acima. Na realidade, a mortalidade dessa nova epidemia provavelmente acabará sendo muito menor do que a relatada, já que até 20% dos pacientes permanecem completamente assintomáticos, o que significa que permanecerão sem diagnóstico. Se o número de casos de Coronavírus aumenta, isso aumenta o denominador com a consequente redução no percentual de mortalidade.

Os pacientes de maior risco são aqueles com mais de sessenta anos e aqueles que sofrem de alguma doença crônica, respiratória ou outro tipo, como diabetes mellitus ou insuficiência renal.

A taxa de mortalidade pode acabar sendo de 1% ou menos, de acordo com um artigo publicado no New England Journal of Medicine. A título de comparação, a gripe comum nos Estados Unidos tem uma taxa de mortalidade de aproximadamente 0,1%. No entanto, o CDC (Centro de Controle de Doenças) de Atlanta estima que, na atual temporada de gripe, entre 20.000 e 50.000 pessoas morrerão nos Estados Unidos.

Como o Coronavírus é transmitido?

A transmissão ocorre através de pequenas gotículas de líquido de tosse ou espirro. Também pode ser transmitido ao tocar objetos onde essas gotículas se depositaram. O vírus entra pela mucosa na boca, na via nasal ou nos olhos. O período de incubação é estimado entre dois e catorze dias.

Muitos se perguntam quanto tempo o Coronavírus pode viver fora do corpo – de várias horas a vários dias. Os vírus são organismos microscópicos que vivem dentro das células. Portanto, eles estão vivos enquanto a célula que eles habitam estiver viva. Se o ambiente ou a superfície em que o vírus está localizado estiver úmida ou tiver um alto grau de umidade, eles poderão permanecer vivos por vários dias. Se a superfície estiver seca, o vírus pode morrer em poucas horas.

Estima-se que cada paciente infectado transmita o vírus para uma média de 2,6 pessoas. A maioria dos casos de COVID-19 foi relatada em pessoas que entraram em contato com outras pessoas que foram infectadas pelo vírus. No entanto, em várias comunidades, há casos em que a doença apareceu sem nenhum contato com alguém infectado.

Quanto mais perto você estiver da pessoa afetada, maior será seu risco de ser infectado. Note-se que o CDC considera “contato próximo” cerca de 1,8 metro de distância da pessoa.

Quais são os sintomas do Coronavírus?

Como mencionado acima, 20% dos pacientes nunca desenvolverão sintomas. Os sintomas observados são: febre, tosse, dores musculares, dor de cabeça, vômito e diarreia. Esses sintomas são semelhantes aos da gripe, particularmente semelhantes à gripe influenza.

Os sintomas permanecem leves em 85% a 89% dos casos, mas 11% a 15% dos casos evoluem para sintomas graves e críticos. Esses pacientes terão dificuldade respiratória, desenvolvimento de pneumonia e até apresentação de hipotensão ou choque séptico.

Por que a situação é alarmante para muitos?

Globalmente, o alarme é devido, principalmente, ao número de pacientes infectados, não tanto pela taxa de mortalidade. O aumento do número de pacientes torna o número de mortes, devido a esse vírus, potencialmente muito alto.

Potencialmente, milhões de pessoas teriam sido afetadas pelo vírus quando a epidemia terminar. Isso pode produzir centenas de milhares de mortes, a menos que desenvolvamos uma vacina ou algum tipo de tratamento em breve.

A maioria dos especialistas em vacinas diz que não teremos uma vacina antes dos próximos 12 a 18 meses. Vários antivirais estão sendo testados, mas atualmente não há recomendação oficial para nenhum deles.

Que medidas de prevenção devemos tomar?

Recomendamos a lavagem frequente das mãos. Para o pessoal médico que lida com casos de Coronavírus, pode ser necessário o uso de luvas, aventais e até óculos, dependendo do procedimento a ser realizado no paciente.

Também é recomendável que, até que essa epidemia seja considerada sob controle, minimizemos o contato físico com outras pessoas (exemplos: apertar as mãos, abraçar, beijar etc.).

Quanto à segurança de viagens, depende do destino. Se você planeja viajar para um país onde o número de casos aumentou, a recomendação é não viajar para esse país.

Por exemplo, essa semana a Itália declarou uma quarentena total. De fato, há algumas horas a Itália fechou a maioria das lojas e restaurantes, com exceção das farmácias e supermercados. O estado da Califórnia suspendeu todas as reuniões de mais de mil pessoas, e essas medidas provavelmente serão reforçadas no futuro imediato. O presidente dos EUA, Donald Trump, decretou, há algumas horas, a suspensão de todos os voos vindos da Europa.

Como crentes, como precisamos pensar sobre isso?

Sem dúvida, devemos ser prudentes e responsáveis, tanto no cumprimento das medidas recomendadas quanto na manutenção de nossa saúde.

A população mundial parece estar em pânico. Mas para os cristãos, é importante enfatizar que não há razão para experimentar essa ansiedade. Especialmente quando consideramos que o Deus dos céus e da terra é o mesmo Deus que controla todos os micróbios, átomos ou moléculas.

Este é um bom momento para os cristãos demonstrarem sanidade, paz e esperança, reconhecendo que nossas vidas não dependem da entrada de um microrganismo em nossos corpos. Em vez disso, dependem de Deus, que determina o começo e o fim de nossa história na terra.

O apóstolo Paulo nos chama para não ficarmos ansiosos por nada (Filipenses 4.6). Podemos chamar os cristãos à paz, mesmo nas piores circunstâncias, por causa do controle soberano de Deus sobre sua criação.

Por: Miguel Núñez. © The Gospel Coalition. Website: thegospelcoalition.org. Traduzido com permissão. Fonte: The FAQs: Coronavirus Explained by an Infectious Disease Expert and Pastor.

Original: Coronavírus explicado por um especialista em doenças infecciosas e pastor. © Ministério Fiel. Website: MinisterioFiel.com.br. Todos os direitos reservados. Tradução: Paulo Reiss Junior. Revisão: Filipe Castelo Branco.