O mundo está em Lockdown. O Evangelho não.

Muitas vezes ouço de líderes religiosos, de igrejas suburbanas bem estabelecidas, como eles são encorajados com o fervor evangelístico de nossa igreja. Eles geralmente ficam surpresos quando digo que não temos uma “equipe de divulgação” ou um “programa evangelístico”. Eles acham que estou exagerando quando lhes digo que, para a maioria dos membros da igreja, falar às pessoas sobre Jesus é uma parte normal de suas vidas cotidianas.

Isso pode parecer simplista demais, mas é a nossa realidade aqui nas favelas da África do Sul. E suspeito que isso também seja verdade para a maioria das igrejas comprometidas com o evangelho em lugares difíceis.

No momento, junto com o resto do mundo, estamos diante de uma pandemia sem precedentes que atingiu, como o juízo final, um mundo muito independente e autoconfiante.

Um mundo de joelhos

Muitos países ricos do primeiro mundo forma colocados de joelhos pelo Coronavírus. Pela primeira vez em décadas, eles estão sem respostas. Suas riquezas, intelecto e mentes científicas progressistas não podem produzir o resultado do qual precisam tão desesperadamente. Em resumo, toda a humanidade está sendo forçada a considerar a realidade da morte, de uma maneira que o mundo não vê desde o surto de gripe Espanhola em 1918. De repente, a blogosfera e as plataformas de mídia social estão inundadas com pedidos de oração enquanto são despertadas para a realidade de Deus.

Se os países conhecidos como líderes e superpotências mundiais são abalados até o âmago, que esperança há para aqueles que vivem nos lugares mais difíceis e mais pobres do mundo?

Lugares assolados pela pobreza

No meu contexto, um lugar difícil significa uma comunidade violenta, assolada pela pobreza, infestada de gangues, viciada em drogas. Aqui, assassinato, prostituição, HIV e abuso infantil são tão comuns quanto a gripe. Este é um lugar onde o evangelho é escasso e, no entanto, as “igrejas” estão cheias. Temos muitas religiões vazias de Cristo e Seu evangelho!

Para a maioria das pessoas em nosso contexto, igreja e morte é o que conhecemos. Os dois caminham de mãos dadas. Um domingo típico terá muitas pessoas que rejeitam a Cristo se dirigindo para algum culto na igreja. Mas isso não inclui todos. Como em muitos lugares, os mais pobres de nossas comunidades são os menos alcançados. Por exemplo, a única maneira de um membro de uma gangue colocar os pés dentro de um prédio da igreja é quando um de seus irmãos morre e uma igreja como a nossa se oferece para sepultá-lo.

Funerais como esses – embora trágicos e muito comuns – forçam as pessoas a enfrentar a mortalidade e nos dão a oportunidade de pregar o glorioso evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. Levamos essas oportunidades muito a sério. Na maioria das vezes, é a única chance que temos de confrontar aqueles que de outra forma nunca ouviriam o evangelho.

Providência Misteriosa

Essa é a oportunidade que esse Coronavírus nos tem oferecido. Uma oportunidade no rastro de uma pandemia global na qual tanto os mais fortes e mais ricos, quanto os mais pobres e mais violentos, são confrontados com a incerteza da morte à sua porta. No mínimo, esse é um momento – dado a nós pela misteriosa providência de Deus – para que as igrejas locais em todos os lugares proclamem ousadamente o evangelho. Esses são realmente tempos sombrios.

Mas nenhuma escuridão pode extinguir a luz do evangelho. Enquanto o mundo se mantém em “Lockdown” e o movimento é restrito ao mínimo, estamos usando máscaras e aderindo a rígidas diretrizes de distanciamento social. Mas cristão, não perca de vista esta verdade: o evangelho não está em “Lockdown”. O evangelho não tem restrições e seus movimentos não são limitados. O evangelho se recusa a usar máscara e não conhece distanciamento social. Ele continua sendo “o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê,” (Rm 1.16).

Continue Pregando

Portanto, irmãos pastores, não parem de pregar apaixonadamente. Nós estamos em lockdown, mas “a palavra de Deus não está algemada.” (2Tm 2. 9). Essa crise atual deve servir para promover o evangelho (Fp 1.12) e, independentemente do que a igreja local possa sofrer durante esse tempo, todas as coisas cooperam para o nosso bem (Rm 8.28), a fim de sermos para louvor da glória de Deus (Ef 1.12). Neste exato momento, Deus continua a fazer todas as coisas conforme o conselho da sua vontade (Ef 1.11). O Coronavírus não mudou isso.

São tempos de grande oportunidade para a igreja ser a luz do evangelho enquanto vemos a nuvem negra da morte se introduzindo em nossos países e comunidades por esse estranho servo de Deus chamado COVID-19.

Isso me lembra Joel 2.25, onde Deus chamou os gafanhotos que devastaram o suprimento de alimentos de Israel de “Meu grande exército, que enviei contra vós outros”. Esse capítulo específico de Joel fala do Dia do Senhor, “dia de escuridade e densas trevas, dia de nuvens e negridão!” (Jl 2.2). Mas no mesmo capítulo, vemos o grande amor e misericórdia de Deus por seu povo. Ele os chama a se afastarem de seus pecados e voltarem para ele. Este é o chamado de Deus a um povo perverso e rebelde em meio a um tempo de julgamento. O que pareceria um desastre natural para o resto do mundo foi, na realidade, um ato de Deus derramando o desastre sobre um povo rebelde.

No entanto, durante toda essa destruição, Deus tornou conhecidas suas intenções: “convertei-vos ao SENHOR, vosso Deus, porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal.” (Jl 2.13). Deus revela a disposição de seu coração para com seu povo, mesmo no meio do pecado deles, e o sela com uma promessa de salvação: “E acontecerá, depois, que derramarei meu Espírito sobre toda a carne” (Jl 2.28).

Novamente, agora, o Senhor tem reunido o mundo inteiro, concentrado em uma ameaça comum, para a qual ninguém têm solução. Pessoas de toda parte são confrontadas com sua própria mortalidade.

Em face da morte, a ciência, a teoria da evolução, as filosofias e até o chamado evangelho da prosperidade são expostos como realmente são – estrume! Você percebe, quando alguém se depara com a dura e séria realidade da morte, que teorias vazias simplesmente não servem mais.

Portanto, esta é uma oportunidade para a igreja. Sejamos esses “embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio.” (2Co 5.20). Sejamos aqueles com pés formosos que pregam as boas novas. Vamos ser o farol que guia esses navios, destruídos pela guerra, para a segurança, enquanto iluminamos com a luz da cruz de Jesus Cristo; anunciando a vitória que foi conquistada ali, por meio da expiação substitutiva de nosso Senhor, pelos pecadores que se arrependeriam e creriam no evangelho. Vamos transformar toda a comunicação, com amigos e familiares e com quem quiser ouvir, num chamado urgente do evangelho.

A realidade da morte deve trazer urgência não apenas à alma perdida que procura uma saída, mas também ao crente que procura tornar claro o caminho da salvação.

Agora, deixe-me esclarecer uma coisa: é correto orarmos, pedindo a Deus que ele se compadeça e nos envie uma vacina ou uma cura para o vírus. É certo que lamentemos a morte de muitos que sucumbem. É certo que tomemos medidas de segurança, lavando as mãos, usando máscaras e mantendo distância uns dos outros. É certo que respeitemos as regras de bloqueio que nossos respectivos governos estabeleceram para nós. Estes devem ser honrados diante do Senhor. Fazemos todas essas coisas por confiarmos em Deus.

Mas nada disso substitui a necessidade de invocar o Senhor para a salvação. Amo a maneira como Joel capítulo 2 termina e creio que será um incentivo para você:

“E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo; porque, no monte Sião e em Jerusalém, estarão os que forem salvos, como o SENHOR prometeu; e, entre os sobreviventes, aqueles que o SENHOR chamar.” (Joel 2:32).

Por: Mario F. Maneville. © 20schemes. Website: 20schemes.com. Traduzido com permissão. Fonte: The World is Under Lockdown. The Gospel is Not.

Original: O mundo está em Lockdown. O Evangelho não. © Ministério Fiel. Website: MinisterioFiel.com.br. Todos os direitos reservados. Tradução: Paulo Reiss Junior. Revisão: Filipe Castelo Branco.