O Cristão e o Racismo

O racismo é um pecado contra Deus. É uma afronta pecaminosa ao ensino bíblico da imagem de Deus no ser humano e à doutrina da esperança escatológica cristã, que assegura que todos, homens e mulheres, de todas as tribos, línguas e etnias, que puserem sua fé no Cristo, cordeiro de Deus, desfrutarão do shalom de Deus pela eternidade, num mundo livre do pecado.

O racismo é um crime abjeto e sinto uma enorme tristeza e indignação sempre que tomo conhecimento de atitudes racistas por parte de indivíduos ou quando qualquer forma de racismo se evidencia em nossa sociedade. O racismo é uma chaga mortal para qualquer sociedade e estou convicto que, como cristãos, devemos levantar nossa voz contra toda forma de impiedade e injustiça. E como o cristão pode erguer a sua voz?

A melhor maneira do cristão erguer a sua voz é, primeiro, ouvindo à voz de Jesus Cristo. Jesus chama pecadores à fé e ao arrependimento e assegura que, quando cremos nele, não fazemos mais distinção entre pessoas e pessoas, pois os seus discípulos são conhecidos pelo amor (Jo 13.34,35). O apóstolo Paulo, falando a uma sociedade estratificada de Colossos (Cl 3.11) lembra os cristãos daquele lugar que, quando eles creram em Cristo, foram revestidos de uma nova identidade, segundo a imagem de quem os criou, não devendo haver mais divisões étnicas ou sociais entre eles, uma vez que todos estão ligados a Cristo. Por isso, o evangelho que transforma o coração é capaz de derrubar as barreiras pecaminosas que separam as pessoas.

Assim, a primeira arena do cristão contra o terrível pecado do racismo – e contra todo e qualquer outro pecado é, primeiro, seu próprio coração. O crente precisa se auto-examinar e mortificar toda e qualquer forma de pecado que ele tenha dentro de si, tendo como modelo supremo o Senhor Jesus Cristo.

O cristão, sendo chamado a amar o próximo, usa sua voz no contexto de sua família, ensinando seus filhos, irmãos e demais familiares sobre a dignidade da vida humana e nossa chamada para respeitar e amar o próximo.

O cristão é instado a ser um modelo em seu contexto de vida, expressando amor ao próximo em sua comunidade, em seu ambiente de trabalho e entre as pessoas que estão diretamente debaixo de sua influência, demonstrando o fruto do espírito que é amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gl 5.22,23) e, ainda mais, o cristão edifica e instrui o próximo na família da fé pelo discipulado, ajudando pessoas a se acomodarem à imagem e estatura de Cristo.

Por séculos, a fé cristã age justamente assim, na esfera do indivíduo e da fé pessoal, formando uma família chamada igreja, e lançando luz num mundo que jaz no maligno.

Então, não é preciso aderir a movimentos estranhos à fé cristã para afirmar o valor e dignidade da pessoa humana. O cristianismo já é este movimento. Um movimento que é odiado e perseguido no mundo todo, mas que persevera em sua mensagem de redenção da nossa humanidade pela obra de Deus, que tendo se feito humano, veio pregar o arrependimento, a fé e o amor.

É pelo amor que se vence o pecado. É pelo amor que se vence o racismo.