Como transmitir minha fé aos meus filhos?

Um modelo bíblico das exigências de Deuteronômio 6.5-9

Se há uma pergunta que sempre incomodou famílias de qualquer religião é esta do título: como eu posso transmitir minha fé aos meus filhos? Sem dúvida é uma pergunta significativamente importante, já que segundo dados do Instituto de Pesquisas de Religião Pública (PRRI), dos jovens que se declaram não membros de qualquer denominação religiosa nos EUA, 87% nasceram em lares religiosos, o que demonstra que menos pais tem tido o privilégio de ver seus filhos seguindo a mesma religião que eles.

Para o povo de Deus, os números não devem ser menores, e isso representa uma enorme tragédia, já que não se trata apenas de seguir preceitos religiosos, mas do destino eterno dos nossos filhos. Mas implica também em uma enorme responsabilidade sobre a vida dos pais, que inegavelmente tem a maior parcela na formação cristã das crianças.

Baseado no trecho de Deuteronômio 6.5-9, em que Moisés renova o pacto feito entre Deus e Israel no Monte Sinai, vale a pena analisar alguns elementos que os pais precisam se conscientizar-se a fim de ensinar aos seus filhos como seguir ao Senhor.

1. Exige dos pais obediência

A tarefa de conduzir nossos filhos nos caminhos do Senhor não deve ser vista pelos pais como mera conveniência, mas como um mandamento. Os verbos no imperativo presentes no texto – inculcarás, falarás – não deixam dúvida: Deus definitivamente ordena que ensinemos a sua Palavra aos nossos filhos. A razão para tal, é que Deus vê cada indivíduo crente não como um ser isolado, mas como parte de um povo, de uma família no qual a fé em Jesus e a presença do seu Espírito é o elemento que une a todos, em toda a história humana. Por isso a Bíblia em muitas passagens orienta que o Evangelho seja transmitido às gerações seguintes, a fim de que elas conheçam ao Deus verdadeiro (cf. Ex 10.2; 12.26,27; 13.8,14; Dt 4.9; 6.20,21; Sl 78.3-8). Os pais devem estar conscientes em primeiro lugar, de que se eles se negam a realizar essa tarefa, por qualquer motivo que seja, estão desobedecendo a uma clara ordenança bíblica, que não é de maneira alguma menos importante que o “Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus” (v.5)

2. Exige dos pais fé piedosa e pessoal (v.5)

Embora seja um mandamento, ele não deve ser tomado apenas como uma obrigação legalista. Assim como em toda a lei de Deus, este preceito deve ser obedecido sob a força de um pressuposto fundamental: os pais devem amar ao SENHOR. Este é um poderoso remédio contra o mero cumprimento de um rito, de maneira fria e irrefletida. Aliás, toda obediência à lei de Deus se baseia naquele pacto que já mencionamos. Deus diz: Eu sou o SENHOR, que te libertei da escravidão. POR ISSO, me obedeçam. A resposta ao Senhor pela nossa salvação em Cristo deve ser uma obediência grata e amorosa, e não um legalismo farisaico.

Além disso, esse amor deve ser de todo coração, alma e força. Essas três últimas palavras muito provavelmente não significam três sentidos distintos, mas implicam na mesma ideia: inteireza. A nossa devoção é integral e constante. Por isso o trecho repete várias vezes a palavra ‘todo’, isto é, os pais devem amar ao SENHOR e à sua lei com tudo que eles são, não somente em alguns momentos. Nossos filhos, mesmo os menores, não se deixam enganar por performances, eles vêem a realidade. E se a realidade vivida dentro e fora de casa são distintas, eles certamente reconhecerão a incoerência hipócrita. Isso nos conduz imediatamente ao próximo ponto.

3. Exige dos pais persistência (v.6-9)

Pelo fato de ser fruto de um amor genuíno que domina os pais por completo, o ensino bíblico brota em todos os momentos dentro e fora do lar. O ensino não se restringe a apenas ao momento ‘oficial’ do culto familiar, ou na igreja – embora estes sejam absolutamente indispensáveis – mas faz parte da vida em família, como uma rotina em que a Palavra é o centro do enredo. Conversar sobre as Escrituras não deve ser um assunto estranho ao ambiente familiar, na verdade as exortações, aconselhamentos, críticas ou simples comentários baseados na Bíblia fluem de maneira natural em qualquer momento. A palavra traduzida por “inculcar” (v.7) significa literalmente “afiar” no hebraico, de modo que o ato ensinar exige uma criança exige a mesma persistência de alguém que repetidas vezes amola uma lâmina sobre uma pedra. Moisés orienta a nação de Israel que todo momento é um momento oportuno para falar da Palavra de Deus: assentado e andando, pela manhã e a noite (v.7). Ela é também visível em todo lugar (vs.8,9). Isso mostra aos nossos filhos não somente que o que cremos possui grande importância, mas também dá a eles a chance de ver que os dilemas da vida real podem – e devem – ser discutidos à luz das Escrituras, sem medo de constrangimento.

O objetivo de todas essas exigências é que os nossos filhos também amem ao SENHOR com todo coração, alma e força, a fim de que eles sejam obedientes em ensinar com persistência a próxima geração nos caminhos do Senhor.

Deus o abençoe nesta tarefa!