Evangelismo não é: entretenimento (1/3)

Nessa série de textos retirados do livro “Deliberadamente Igreja” (Editora Fiel), iremos analisar mais de perto o que é e o que não é o evangelismo:

Evite o entretenimento

Muitas igrejas nos Estados Unidos têm usado métodos de evangelização fundamentados em entretenimento — alguns tem chamado isso de “teotretenimento” — para compartilhar o evangelho tanto a adultos como a crianças. No caso dos adultos, o método geralmente envolve uma forma de pesquisa do público-alvo e a criação de um culto evangelístico em que tudo, desde a música até ao sermão, é estruturado com o propósito de fazer com que as pessoas se sintam bem — uma abordagem do tipo “sente-se e aprecie o show”. No caso das crianças, o método assume a forma de grupos ou de Escola Dominical que gastam maior parte do tempo pensando em atividades engraçadas que introduzirão disfarçadamente o evangelho.

Não há nenhuma razão para argumentarmos contra a comunicação do evangelho de um modo compreensível, criativo e provocativo. Mas a evangelização que assume a forma de entretenimento tem algumas conseqüências perigosas. Lembre-se: aquilo com o que você ganha as pessoas é aquilo para o que você as ganha. Se as ganha com entretenimento, elas serão ganhas para o show, e não para a mensagem; e isso aumenta a probabilidade de falsas conversões. No entanto, ainda que elas não sejam ganhas para o show, métodos de evangelização fundamentadas em entretenimento tornam o arrependimento quase impossível. Não somos desafiados a abandonar nosso pecado quando nossos sentimentos são afagados e nossas preferências, estimuladas. O evangelho é inerente e irredutivelmente confrontador. Ele ataca a nossa justiça própria e nossa auto-suficiência, exigindo que abandonemos o pecado que amamos e creiamos em Alguém outro para nos justificar. Portanto, o entretenimento é um instrumento problemático de comunicação do evangelho, porque ele quase sempre obscurece os aspectos mais difíceis do evangelho — o preço do arrependimento, a cruz do discipulado, a estreiteza do caminho. Alguns discordarão, argumentando que a dramatização pode dar aos incrédulos uma imagem visual do evangelho. Mas já possuímos essas imagens. São as ordenanças do batismo e da Ceia do Senhor e as vidas transformadas de irmãos e irmãs em Cristo.

Isso não significa que temos de abafar toda a criatividade nos empreendimentos evangelísticos. Desejamos encorajar a criatividade em descobrir maneiras de compartilhar o evangelho. Isso significa que devemos ter cautela contra a dependência do entretenimento para a “eficiência” da evangelização, especialmente quando a evangelização acontece em nossas reuniões semanais para adoração.

As igrejas são mais saudáveis quando o evangelho é apresentado com mais clareza; e o evangelho é apresentado com mais clareza quando nossos métodos de evangelização são mais nítidos.

Texto retirado do livro Deliberadamente Igreja, do capítulo 3 “Evangelização com Responsabilidade“, trecho “Evite o entretenimento” (Pg 67 e 68).

Copyrigh © Editora FIEL

Autores: Mark Dever e Paul Alexander

Do original: “The Deliberate Church” (Pg 54 a 57).

Tradução: Francisco Wellington Ferreira