[DEVOCIONAL] John Piper – A Igreja era Impugnada em Todos os Lugares

A Igreja era Impugnada em Todos os Lugares
por John Piper

O evangelho pode se propagar, milhares podem ser convertidos, igrejas podem crescer e o amor pode ser abundante onde o cristianismo é continuamente impugnado? Sim. Isto não somente é possível, mas tem acontecido. Não digo isto para desestimular o encanto, e sim para estimular a esperança. Não suponha que as épocas de hostilidade ou controvérsia serão tempos de declínio, com pouco poder e crescimento. Podem ser épocas de crescimento explosivo e grande bênção espiritual.

Como sabemos isto? Considere a maneira como Lucas relata o estado da igreja em Atos dos Apóstolos. Quando Paulo finalmente chega a Roma, quase ao final de sua vida, ele convida “os principais dos judeus” a virem e ouvirem seu evangelho. O que esses líderes disseram a respeito da “seita” dos cristãos é bastante significativo. Eles disseram: “É corrente a respeito desta seita que, por toda parte, é ela impugnada” (At 28.22).

Isto não era uma surpresa para os discípulos que conheciam as palavras de Jesus: “Sereis odiados de todas as nações, por causa do meu nome” (Mt 24.9); e: “Se chamaram Belzebu ao dono da casa, quanto mais aos seus domésticos?” (Mt 10.25.)

A igreja primitiva era uma igreja preparada para o combate. Sim, houve épocas de tranqüilidade (At 9.31), mas isso foi uma exceção. Na maior parte do tempo, houve difamações e mal-entendidos, sem mencionar disputas internas sobre ética e doutrina. Quase todas as epístolas de Paulo refletem controvérsia na igreja, bem como as aflições que vinham de fora. O principal ensino destes fatos não é que tal situação é desejável, e sim que ela não impede o poder e o crescimento da igreja.

Parece que este era o ponto de vista de Lucas, pois, embora tenha mostrado o cristianismo como uma seita impugnada, ele também retratou o seu crescimento permanente em todo o Livro de Atos — “Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos. (At 2.47); “Naqueles dias, multiplicando-se o número dos discípulos…” (At 6.1); “Crescia a palavra de Deus, e, em Jerusalém, se multiplicava o número dos discípulos” (At 6.7); “A mão do Senhor estava com eles, e muitos, crendo, se converteram ao Senhor” (At 11.21); “A palavra do Senhor crescia e se multiplicava” (At 12.24); “As igrejas… aumentavam em número” (At 16.5); “Dando ensejo a que todos os habitantes da Ásia ouvissem a palavra do Senhor” (At 19.10); “A palavra do Senhor crescia e prevalecia poderosamente” (At 19.20).

Por conseguinte, não devemos pensar que controvérsia e conflito impedem a igreja de experimentar o poder do Espírito Santo e grande crescimento. Somos ensinados em Romanos 12.18: “Se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens”. Mas não somos ensinados a sacrificar a verdade em favor da paz. Paulo disse: “Ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema” (Gl 1.8).

E, se houvesse tanto conflito e hostilidade, que os pregadores do evangelho fossem aprisionados, esse momento de notícias más seria uma ocasião de triunfo do evangelho. Por quê? Paulo disse: “Estou sofrendo até algemas, como malfeitor; contudo, a palavra de Deus não está algemada” (2 Tm 2.9). De fato, se Deus e a verdade forem muito amados, talvez aconteça que nos mostremos dispostos a assumir posturas que incorram em difamação e hostilidade e o Espírito Santo nos mova mais poderosamente do que em tempos de paz e popularidade.

Às vezes, os crentes têm o favor da sociedade; e, às vezes, somos impugnados pela sociedade. Em ambos os casos, Deus pode fazer (e o faz com freqüência) derramar seu poder para um testemunho eficaz. Tanto a paz como a difamação podem ser ocasião de bênção. Por isso, não aceitemos a suposição de que tempos de menosprezo social tem de ser tempos de fraqueza e esterilidade para o evangelho. Podem ser sinais de fidelidade e ocasiões de grande colheita. A igreja era “impugnada” por toda parte, mas a “palavra do Senhor crescia e prevalecia poderosamente” (At 19.20).

Extraído do livro:
Penetrado pela Palavra, de John Piper
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