[Os Meios da Graça] Oração (5) – O que você tem pedido?

Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites. (Tiago 4:3)

Um dos motivos porque não recebemos o pedido de nossas orações, conforme Tiago, é que pedimos para esbanjar em nossos prazeres carnais. Em último caso, não significa que não devemos pedir nada para nós, mas significa que nossa oração ter ser centrada no Reino. Perceba, por exemplo, que na oração do Pai Nosso, Jesus nos ensina a orar pelo nosso sustento básico diário, mas esta é somente uma das vários outras petições. Se nossa oração tem ficado no “pão de cada dia” ou quem sabe na “picanha de cada dia”, então há algo errado com nossa vida de oração.

John Piper sumariza este conceito dizendo:

“A oração é um walkietalkie para a guerra, não um interfone doméstico para aumentar nossas conveniências.”

Por favor, não entenda que estamos dizendo que é errado fazer pedidos pessoais. Devemos pedir muito, mas não para “gastar em nossos deleites”. Abaixo, colocamos dois textos curtos falando sobre oração centrada no reino.

William Lane Craig – O que Paulo orava

Em seu livro Apologética para Questões Difíceis da Vida, no capítulo sobre Oração Não Respondida, Craig (preletor do Congresso Vida Nova deste ano) apresenta um pequeno exemplo sobre o que Paulo orava pelas igrejas. Você tem orado por essas coisas? Se não, convidamos você a pegar um pedido por dia e interceder em favor de sua igreja local e de sua própria vida.

Em Efésios, Paulo orou:

— para que Deus desse aos Efésios um espírito de sabedoria no conhecimento dele;

— para que eles conhecessem a esperança para a qual eles haviam sido chamados; as riquezas da herança nos santos; a grandeza do poder de Deus;

— para que eles fossem fortalecidos através do Espírito Santo na vida interior;

— para que Cristo viesse morar em seus corações pela fé;

— para que eles, sendo radicados em amor, tivessem a capacidade de conhecer o insondável amor de Cristo, de forma que eles pudessem ser cheios da plenitude de Deus.

Em Filipenses, Paulo orou:

— para que o amor dos filipenses aumentasse cada vez mais em conhecimento e em toda a percepção, para discernirem o que é melhor, a fim de serem puros e irrepreensíveis até o dia de Cristo, para glória e louvor de Deus.

Em Colossenses, Paulo orou:

— para que os colossenses fossem cheios do pleno conhecimento da vontade de Deus, com toda sabedoria e entendimento espiritual, e para que vivessem de maneira digna do Senhor e em tudo o agradassem, frutificando em toda boa obra, crescendo no conhecimento de Deus e sendo fortalecidos com todo o poder.

Nas cartas aos Tessalonicenses, Paulo pediu:

— para que o Senhor fizesse os corações dos tessalonicenses aumentar e abundar em amor de uns para com os outros e para com todos os homens, de forma que eles fossem irrepreensíveis em santidade no retorno de Cristo;

— para que o Senhor confortasse os seus corações e os firmasse em toda boa obra e ação.

E na carta a Filemon, Paulo orou:

— para que o compartilhar da fé de Filemom promovesse o conhecimento de todo bem que é nosso em Cristo.

Por: William Lane Craig | Copyright © 2009-2010. Todos os direitos reservados à Edições Vida Nova.

Extraído do livro:Apologética para Questões Difíceis da Vida

 

Tim Keller – Oração Centrada no Reino

As pessoas costumam pensar em oração como um meio para atender suas necessidades pessoais. Entretanto, deveríamos entender a oração como um meio de glorificar e adorar a Deus, conhecê-lO, entrar na Sua presença e ser transformado por Ele. Precisamos aprender melhor como orar, arrepender-nos e suplicar a Deus como um povo.

Biblica e historicamente, o único ingrediente universal, inegociável, em tempos de renovação espiritual é a corporativa, prevalente e intensiva oração centrada no reino. O que é isso?

“…o único ingrediente universal, inegociável, em tempos de renovação espiritual é a corporativa, prevalente e intensiva oração centrada no reino.”

1. Ela é focada na presença de Deus e do Seu reino.

Jack Miller fala da diferença entre “oração de apoio” e reuniões de oração de “linha de frente.” Reuniões de oração de apoio são curtas, mecânicas e totalmente focadas em necessidades físicas dentro da igreja. Já a oração de linha de frente tem três características básicas:

a. um pedido de graça para confessar pecados e humilhar-se.

b. uma compaixão e zelo pelo florescimento da igreja.

c. um anseio por conhecer a Deus, ver a Sua face, contemplar Sua glória.

É muito interessante estudar as orações bíblicas por avivamento, como em Atos 4, Êxodo 33 ou Neemias 1, onde estes três elementos são fáceis de ver. Note, por exemplo em Atos 4, que os discípulos, cujas vidas tinham sido ameaçadas, não pedem proteção para si e suas famílias, mas tão somente coragem para continuar pregando!

2. É corajosa e específica.

As características deste tipo de oração incluem:

a. Aqueles que ditam o ritmo da oração passam tempo em auto-exame. Sem uma compreensão robusta da graça, isto pode tornar-se mórbido e deprimente. Mas no contexto do evangelho é purificante e fortalecedor. Eles “tiram de si os seus atavios” (Ex. 33:1-6). Eles examinam a si mesmos em busca de ídolos e lançam-nos fora.

b. Eles então começam a fazer o grande pedido – uma visão da glória de Deus. Isso inclui pedir: 1) por uma experiência pessoal da glória / presença de Deus (“para que eu te conheça” Ex. 33:13); 2) por uma experiência do povo com a glória de Deus (v. 15); e 3) que o mundo possa ver a glória de Deus através do Seu povo (v. 16). Moisés pede que a presença de Deus seja evidente a todos: “Que mais distinguirá a mim e ao teu povo de todas as outras pessoas na face da terra?” Esta é uma oração para que o mundo fique maravilhado e pasmo pela demonstração do poder de Deus e do esplendor da Igreja, para que ela se torne verdadeiramente a nova humanidade que é um sinal do reino futuro.

3. Ela é habitual e corporativa.

“Esta é uma oração para que o mundo fique maravilhado e pasmo pela demonstração do poder de Deus e do esplendor da Igreja…”

Isso significa simplesmente que a oração deveria ser constante, não esporádica e curta. Por quê? Devemos pensar que Deus quer nos ver rastejando? Por que nós não colocamos simplesmente o nosso pedido diante dele e esperamos? Mas oração esporádica, curta, indica uma falta de dependência, uma auto-suficiência, e, portanto, nós não construímos um altar que Deus possa honrar com Seu fogo. Nós temos que orar sem cessar, orar longamente, orar duramente, e nós perceberemos que o próprio processo estará provocando aquilo que estamos pedindo – ter nossos duros corações derretidos, demolir barreiras, e ver irromper a glória de Deus.

Por Tim Keller. Copyright Redeemer Presbyterian Church

Tradução: Juliano Heyse | bomcaminho.com