Vern Sheridan Poythress – Panorama Bíblico Cristocêntrico (1/3)

Como se une a Bíblia como um todo? Os eventos bíblicos ocorreram num espaço de milhares de anos e em diferentes culturas. Como unificaríamos isso tudo em um só tema?

Um dos temas unificadores da Bíblia é a autoridade divina. Todos os livros da Bíblia são palavra de Deus. Os eventos bíblicos estão lá por causa da vontade de Deus e ele os tem colocado para instrução do seu povo: Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança. (Rom. 15:4).

O Plano de Deus para a História

A Bíblia também deixa claro que Deus tem um plano unificado para a história. O Seu propósito final, um plano para a plenitude dos tempos, é reunir todas as coisas em Cristo, no céu e na terra (Ef. 1:10), para louvor da sua glória (Ef. 1:12). Deus tem seu plano desde o começo: Lembrai-vos das coisas antigas; Eu Sou Deus e não há outro, que declaro o fim desde o começo, desde os tempos antigos. Meu conselho subsistirá (Isaías 46:9–10). Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos. (Gal. 4:4–5).

A obra de Cristo na terra, e especialmente sua crucificação e ressurreição, é o clímax da história; é o grande centro no qual Deus consuma a salvação para a qual toda a história do AT se direciona, cumprindo as promessas feitas através do Antigo Testamento. A era presente olha para a obra completada de Cristo, mas também para a consumação de sua obra quando vier o tempo dos novos céus e nova terra em que habita a justiça (2 Pe. 3:13; Ap. 21:1–22:5).

O plano unificado de Deus o levou a incluir promessas e predições ao longo dos tempos passados, e cumpri-las mais tarde. Às vezes as promessas são explícitas, como quando promete a vinda do Messias (Isaías 9:6–7). Às vezes elas são simbólicas, como quando ele determina que animais sejam sacrificados como símbolo do perdão dos pecados (Lev 4). Em si mesmo, o sacrifício não perdoava pecados (Heb. 10:1–18). Eles apontavam para Cristo.

Cristo no Antigo Testamento

Como o plano de Deus é para Sua glória, focalizando-se em Cristo (Ef. 1:10), é natural que as promessas do Antigo Testamento apontassem para Cristo, Pois todas as promessas de Deus têm nele o sim (2 Cor. 1:20). Quando Cristo apareceu aos discípulos depois de sua ressurreição, ele os fez perceber que ele mesmo (Cristo) estava nas Escrituras:

E ele lhes disse: Ó néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras.” “E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos. Então abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras. E disse-lhes: Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressuscitasse dentre os mortos, e em seu nome se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém. (Lc 24:25–27, 44-47)

Quando a Bíblia diz que “abriu seus olhos para entender as Escrituras” (Lc 24:45), não quer dizer simplesmente que Cristo mostrou a eles umas poucas predições acerca de si mesmo como Messias. Significa que Cristo é o centro do AT inteiro, abrangendo todas as três partes do AT como os judeus o conheciam: A Lei de Moisés, incluindo Gênesis a Deuteronômio; Os Profetas, incluindo profetas anteriores (como os seutóricos Josué, Juízes, Samuel, Reis) e os posteriores (Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel e os Doze). Os Salmos representavam para os judeus a terceira porção de livros chamada de Escritos. O coração de todos esses escritos é que eles apontavam para o sofrimento de Jesus, sua ressurreição e a conseqüente pregação do evangelho a todas as nações (Lc 24:47). O AT como um todo, através de suas promessas, símbolos de salvação, aponta para o cumprimento da Redenção que teve lugar uma vez por todas em Cristo.

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Por: Vern Sheridan Poythress.

Tradução: Pablo Monteiro, 2011. www.monergismo.net.br