Jamais nos esqueçamos disso…

Jamais nos esqueçamos da importância do culto. De que assim como o povo de Israel foi liberto do cativeiro mediante a ordem – ‘Deixe o meu povo ir, para que me adore’ (Êx 9.1), assim também fomos salvos para adoração, fomos predestinados e adotados em Cristo Jesus “para o louvor da glória de sua graça” (Ef 1.6). Em outras palavras, fomos salvos para o culto.

Jamais nos esqueçamos que a igreja é essencial. Assim como o supermercado precisa abrir para nos suprir com alimentos, a igreja é essencial para o bem-estar total do indivíduo. Não somos somente matéria, há uma parte imaterial em nossa composição, somos “alma encarnada”. Preservar a vida é preservar o indivíduo todo, não somente uma parte dele. Matar a fome espiritual é mais importante do que matar a fome física, a eternidade comprovará isso.

Jamais nos esqueçamos da falta que sentimos da nossa comunhão na igreja. Por que nos perdemos tão facilmente nos dividindo com intrigas e discórdias? Por que nos ausentamos por diversas vezes quando poderíamos estar todos reunidos? Agora, nem se quiséssemos, podemos desfrutar da boa comunhão. Relembremos sempre dessa privação passageira e das consequências tóxicas do isolamento. Somos seres relacionais, fomos criados desse jeito. Temos adoecido pela falta uns dos outros.

Jamais nos esqueçamos do heroísmo de nossos pastores e líderes nesse momento. Assim como na história de Ester, Deus os chamou para esse momento de caos – “Quem sabe se não foi para um momento como este que você chegou à posição de rainha?” (Et 4.14). Os pastores que estão ainda de pé, também se cansam e sofrem. Lembrem-se de como eles não perderam a sanidade, de como dependeram da graça divina para esses momentos, de como pregaram fielmente a palavra de Deus e de como serviram a Cristo, apesar das circunstâncias adversas. “Lembrem-se dos seus líderes, que lhes falaram a palavra de Deus. Observem bem o resultado da vida que tiveram e imitem a sua fé” (Hb 13.7).

Jamais nos esqueçamos da desgraça do pragmatismo no meio da igreja. A pandemia provou que ele não é capaz de sustentar nada, pelo contrário! Cadê os “métodos eficazes de crescimento de igreja” nessa hora? Quem dará valor à essa mensagem agora? Cadê a “prosperidade” que por anos foi profetizada? Lembremo-nos que Deus determinou abençoar seu povo por meios ordinários, não extraordinários. É através dos meios de graça, pregação e sacramentos, que Deus nos sustenta. Se a salvação é pela graça, os meios também devem ser. Nossos meios e métodos fracassam, são escadas falsas que nunca alcançam o topo. É através da fiel pregação da palavra que Deus desce a nós – “A palavra está perto de você; está em sua boca e em seu coração”, isto é, a palavra da fé que estamos proclamando” (Rm 10.8).

Jamais nos esqueçamos que a vida nunca foi normal. De que somos como “neblina que aparece por um pouco de tempo e depois se dissipa” (Tg 4.14). Lembremo-nos de como, por vezes, recorremos às esperanças falsas, ilhas de areia que deixam de existir com ventos contrários. Lembremo-nos que os nossos “dias são maus” e “mais velozes do que a lançadeira do tecelão” (Ef 4.16; Jó 7.6). A pandemia só nos despertou para a realidade da brevidade da vida. Jamais vivamos como se a morte não fosse uma realidade bem presente, ela é “o destino de todos e os vivos devem levar isso a sério” (Ec 7.2).

Enfim, jamais nos esqueçamos de tempos como esses…