Os porquês de um pastor administrativo

No 9 Marcas, um de nossos livros favoritos sobre ministério pastoral é “A treliça e a videira”, de Colin Marshall e Tony Payne. A ideia principal é simples: no trabalho de fazer discípulos do ministério cristão, o crescimento real que as igrejas deveriam procurar é o da videira (cristãos). Expandir as treliças da igreja (estruturas administrativas)  só é importante na medida em que elas ajudam a videira a crescer. Um pastor administrativo pode ser algo excelente para essa expansão.

Se Marshall e Payne estão certos, e pensamos que eles estão, existem implicações claras para quais tipos de colaboradores uma igreja deveria escolher. Por exemplo, uma igreja pode se beneficiar com a escolha de um pastor administrativo que constrói treliças. 

De fato, esse não é o curso de ação certo para todas as situações a serem tomadas. Contudo, eu gostaria de apontar algumas das vantagens de um pastor administrativo para sua consideração. 

Sua primeira escolha: Um pregador fiel 

O mais importante é encontrar um homem capacitado por Deus para pregar a Bíblia. Isso porque, Deus sempre salva e santifica por meio de sua Palavra. Como o apóstolo Paulo, nós devemos estar dispostos a deixar com que tudo falhe, se necessário, para continuar pregando o evangelho (p. ex. Atos 20.8-24).

Isso significa que, se uma igreja só pode escolher por um pastor, ele deve ser um homem que pode pregar a palavra de Deus. 

Sua segunda, terceira ou quarta escolha: Considere um pastor administrativo

O crescimento da videira em uma igreja é mais fácil e eficiente com boas “treliças” — estratégia, estrutura, processos, ferramentas e comunicação. Treliças como essas nos ajudam a administrar nossos recursos e relacionamentos, enquanto promovemos um crescimento sobrenatural do evangelho.

Eu me converti há 13 anos na Capitol Hill Baptist Church. Desde então, eu tenho visto o imenso valor do trabalho de treliça de Matt Schmucker na nossa igreja. Agora eu tenho a oportunidade de trabalhar com Jamie Dunlop, o atual pastor executivo, que serve nossa igreja tão bem. Eu já servi como pastor executivo na Clifton Baptist Church. Nessa posição, eu experienciei as demandas do pastorado e administrei muitos dos detalhes da vida da igreja.  

Muitas vezes, os pastores pregadores têm como uma opção para segundo pastor um pastor associado para o serviço geral. A ideia é que esse homem ajude com ensino, aconselhamento, louvor, educação de adultos e crianças e com ministério de famílias. Isso faz sentido. Até porque, um pastor precisa de apoio em todas essas áreas. Mas, e quanto à administração? Frequentemente, as igrejas falham em considerar esse ponto uma prioridade pastoral. 

Isso nos leva à razão pela qual eu penso que optar por um pastor administrativo é, geralmente, uma boa escolha. Lembre-se de que eu estou recomendando um homem que está qualificado para ser pastor e que também é um administrador competente. Um pastor porque, claro, é um serviço pastoral! Ele lida com o cenário geral (p. ex., estratégia e organização). Ele deve ter uma teologia sólida, discernimento pastoral, habilidades de comunicação, aptidão para pregar e ensinar, exercer liderança com um coração de servo, humildade, amor e ser diplomático nas duas áreas. Ele também precisa ter o dom da administração, organização, estratégia e comunicação, porque o seu trabalho requer que ele defina, construa e administre a organização e suas infraestruturas. Ele deve gerir as estratégias, processos, recursos e pessoas da igreja. 

Nove razões para se ter um pastor administrativo 

Aqui estão mais nove razões do porquê sua igreja se beneficiaria por ter de um pastor administrativo:

1. Estratégia

O pastor pregador irá, naturalmente, influenciar e até direcionar a visão e voz da igreja. Contudo, toda visão exige alguém que a administre e faça avançar em suas “porcas” e “parafusos”. Isso demanda tempo, paciência, conhecimento bíblico, discernimento pastoral e muito trabalho. Um bom pastor administrador traz todas essas coisas consigo. 

Você já deve ter visto o retrato de Charles Spurgeon com alguns homens atrás, escondidos no fundo escuro. Você notou esses homens? Esse retrato nos lembra que o ministério de Spurgeon dependia, parcialmente, desses irmãos ao fundo servindo à igreja. A maioria das boas igrejas (se não todas) e bons pastores têm esse tipo de pessoas ao seu redor. 

2. Organização e Infraestrutura

Tipicamente, consultores de estratégias dizem que uma organização só obterá sucesso na medida em que existam processos e ferramentas claras para a construir, apoiar e manter. O ministério do evangelho é diferente, porque o real crescimento depende da ajuda de Deus. Ainda assim, as igrejas devem considerar maneiras fiéis de gerir seus recursos por meio de boas treliças. E esse é o trabalho de um pastor administrativo. Ele constrói e mantém processos e mecanismos para todas as partes e pedaços da igreja. Essas “porcas” e “parafusos” devem incluir:

• administração do(s) prédio(s) e propriedades;
• supervisão da logística, agenda e eventos; 
• gestão de tarefas, pessoas, detalhes de equipe, processos da membresia, dinheiro, documentos importantes da igreja, etc.

3. Comunicação

Os melhores planos e processos falharão se não houver boa comunicação e ensino. A maior parte da responsabilidade da comunicação cai sobre o pastor principal e líderes como um todo. Entretanto, o pastor administrativo é como uma cola que une a equipe, liderança e membros. Um bom pastor administrativo é impecável quando se trata de detalhes. Ao mesmo tempo, ele almeja conduzir esses detalhes para a glória de Deus. De forma prática, isso conduz a forma como ele se comunicará com a igreja. Ele trabalha para que todas as partes ouçam e entendam uma à outra. 

4. Cuidado com os membros 

Pastor administrativos devem cuidar das necessidades da congregação que outros talvez desconheçam. Com discernimento pastoral, amor e empatia, ele será capaz de agir em nome da igreja, para que eles sejam fiéis ao cuidado uns dos outros. Por exemplo, ele poderá ajudar a construir uma equipe eficaz de diáconos para servir as necessidades da igreja. 

5. Cuidado com a equipe

Um bom pastor administrativo cuida de sua equipe. Ele é o homem que gerencia o plano de saúde, salário, moradia e a cultura do escritório. Além disso, ele é a ligação entre a equipe da igreja e outros líderes. Um bom pastor administrativo entende que as empresas são orientadas pelo lucro, e as igrejas são orientadas pelos relacionamentos. Gerir essas relações é o seu negócio! 

6. Administração e Finanças 

Os orçamentos e finanças da Igreja requerem qualificação pastoral e discernimento. Um pastor administrativo deve ser organizado, eficiente, acima de qualquer repreensão e digno de confiança. Ele deve gerir e administrar os recursos da igreja fielmente. Esse trabalho pode incluir a nomeação de um tesoureiro competente e com o mesmo coração.

7. Ensino e discipulado

Um pastor administrativo deve ter o dom do ensino. Essa é uma exigência bíblica para todos líderes (1Tm 3.2)! Por isso, ele deve auxiliar no ensino, discipulado e aconselhamento da igreja local. Dar passos a mais pode também significar treinar e orientar outros homens que aspiram a uma posição semelhante.

8. Testemunha corporativa

Nosso Deus é um Deus de ordem, detalhe e beleza. Embora a aparência física de uma igreja não deva resumir nossa estratégia de crescimento, ela pode sutilmente ajudar ou dificultar seu testemunho. Um bom pastor administrativo deve gerir a sinalização, o paisagismo e as instalações de uso regular da igreja. Isso inclui garantir que o terreno e o edifício sejam seguros para os membros e convidados. Sua atenção aos detalhes pode não ser conhecida, mas será sentida, sem dúvida.

9. A glória de Deus

Em muitos sentidos, o trabalho de um bom pastor administrativo deve ser imperceptível. Se ele está fazendo um bom trabalho (com a bênção de Deus), a igreja funcionará sem problemas com ele de pé um pouco no fundo. Isso não significa que o seu trabalho não é importante. A fidelidade do pastor administrativo apoia a plataforma sobre a qual a Palavra pregada avança. Ao fazê-lo, ele traz glória a Deus. 

Em suma, o ensino e os ministérios de uma igreja saudável podem ser maravilhosamente possibilitados e reforçados por uma gestão, condução e administração fiéis.