Calvinismo da cozinha

Charles Spurgeon nunca cursou faculdade, muito menos seminário. Mas aos vinte anos ele sabia mais de teologia bíblica do que muitos pastores de hoje. De onde ele tirou tanta sede pelo estudo independente? E como ele veio a estimar as doutrinas da graça soberana que nós temos considerado nas últimas três semanas? Aqui está uma lição surpreendente de sua Autobiografia:

As primeiras lições que eu tive sobre teologia vieram de uma velha cozinheira na escola em Newmarket, onde eu era professor-assistente. Ela era uma boa alma, e costumava ler The Gospel Standard (O Padrão do Evangelho – livre tradução; antigo periódico cristão). Ela realmente gostava de algo muito doce, a doutrina Calvinista boa e forte, mas ela viveu de maneira forte, assim como se alimentou de maneira forte. Muitas vezes conversamos sobre o pacto da graça, e falamos da eleição pessoal dos santos, de sua união com Cristo, de sua perseverança final, e do que a piedade vital significava; e eu acredito que aprendi mais com ela do que teria aprendido com quaisquer seis doutores em divindade, desses tipos que temos nos dias de hoje.

Existem alguns cristãos que provam, e vêem, e apreciam a religião em suas próprias almas, e que alcançam um conhecimento muito mais profundo dela, mais do que os livros jamais poderiam lhes proporcionar, embora eles busquem todos os seus dias. A cozinheira de Newmarket era uma experiente e piedosa mulher, de quem eu aprendi muito mais do que do ministro da capela que nós frequentávamos. Eu uma vez perguntei a ela: “Por que você vai a esse tipo de lugar?” Ela respondeu: “Bem, não existe outro lugar de adoração ao qual eu possa ir.” Eu disse: “Mas deve ser melhor ficar em casa do que ouvir certas coisas.” “Talvez sim,” ela respondeu; “Mas eu gosto de ir adorar mesmo que eu não receba nada por isso. Você vê uma galinha às vezes ciscando por todo um monte de entulho para tentar encontrar algum milho; ela não encontra nenhum, mas isso mostra que ela está procurando por ele, e usando de meios para consegui-lo, e assim, também, este exercício a está aquecendo.”

Então, a velha senhora disse que aquele ato de ciscar exercitava suas faculdades espirituais e aquecia seu espírito. Em outra ocasião, eu disse a ela que eu não havia encontrado uma só migalha em um sermão todo, e perguntei como ela tinha se saído. “Oh!” ela respondeu, “eu me saí melhor esta noite, pois para tudo o que o pregador disse, eu simplesmente adicionei um não, e isso transformou suas palavras no verdadeiro evangelho.”

Grato pelas cozinheiras em minha própria vida,
Pastor John.

Por: John Piper. © Desiring God Foundation. Website: desiringGod.org. Traduzido com permissão. Fonte: Kitchen Calvinism.

Original: Calvinismo da cozinha. © Voltemos ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados.