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Um Evangelho para Ser Recebido (Paul Washer) [2/26]
Uma vez que o evangelho é a mensagem de Deus ao homem, nós poderíamos supor que ele deve evocar algum tipo de reação ou demandar algum tipo de resposta. Do nosso texto, aprendemos que, ao ouvirem o evangelho, a igreja em Corinto tanto o recebeu de forma apropriada ao seu grande valor, quanto fez dele o fundamentos sobre o qual estavam firmes diante de Deus. Para estarmos corretos diante de Deus, devemos fazer o mesmo.
Recebendo o evangelho
Para que homens sejam salvos, eles devem, pela graça de Deus, receber o evangelho. Mas o que isso significa? Não há nada extraordinário na palavra receber em português ou no grego bíblico, mas, no contexto do evangelho, ela se torna extraordinária – umas das palavras mais radicais na Escritura.
Primeiro, quando duas coisas são contrárias ou diametralmente opostas uma as outras, receber um deles é rejeitar o outro. Já que não há afinidade ou amizade entre o evangelho e o mundo, receber o evangelho é rejeitar o mundo. Isso demonstra como quão radical o ato de receber o evangelho pode ser. Receber e seguir o chamado do evangelho é rejeitar tudo o que pode ser visto com os olhos e, em troca, segurar em suas mãos tudo o que não pode ser visto[1]. É rejeitar a autonomia pessoal e o direito de se autogovernar para se escravizar a um Messias que morreu dois mil anos atrás como um inimigo do Estado e um blasfemador. É rejeitar a maioria e seus pontos de vista a fim de juntar-se a uma minoria censurada e aparentemente insignificante conhecida como a igreja. É arriscar tudo nesta singular e única vida na crença que esse profeta crucificado é o Filho de Deus e o Salvador do mundo. Receber o evangelho não é meramente orar convidando Jesus para entrar em seu coração, mas é deixar o mundo de lado e abraçar plenamente as reivindicações de Cristo.
Segundo, o indivíduo que recebe o evangelho confia exclusivamente na pessoa e obra de Jesus Cristo como a única forma de estar correto diante de Deus. É uma máxima comum que confiar em qualquer coisa de forma exclusiva é perigoso, ou, na melhor das condições, algo muito imprudente de ser feito. Nossa sociedade considera como descuidada uma pessoa se ela não tiver um plano reserva ou uma rota de fuga, se ela não diversificou seus investimentos, se ela colocou todos os seus ovos em uma mesma cesta ou se ela fecha portas atrás de si e joga a chave fora. Contudo, essa é exatamente a atitude que a pessoa que recebe Jesus Cristo deve ter. A fé cristã é exclusiva. Receber verdadeiramente a Cristo é jogar fora toda e qualquer esperança que não seja em Cristo somente. É por essa razão que o apóstolo Paulo declara que o cristão é de todos os homens o mais digno de pena se Cristo for uma farsa.[2] Se ele não é o Salvador, então o cristão está perdido, pois não tem nenhum outro plano ou confiança. Pela fé, ele declarou: “Meu Senhor, em Ti confio. Se Tu és incapaz ou não desejas salvar-me, então encontrarei meu lugar no inferno. Não farei para mim nenhum outro recurso!”
Um receber genuíno do evangelho não só envolve um desdém e abandono do pecado, mas também um desdém e abandono de qualquer confiança que não seja Cristo, especialmente a confiança em si próprio. É por essa razão que uma pessoa realmente convertida ficará praticamente nauseado com a menor sugestão de que seu correto posicionamento diante de Deus possa ser um produto de seu próprio mérito e virtude. Embora sua nova vida em Cristo produza boas obras, ela se desvencilhou de qualquer esperança em achar nas boas obras um meio de salvação e, portanto, confia exclusivamente na pessoa e perfeita obra de Cristo.
[1] Hebreus 11.1, 7, 27; 1 Pedro 1.8
[2] 1 Coríntios 15.19
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Extraído do livro 2º capítulo do livro “O Poder e a Mensagem do Evangelho” de Paul Washer, a ser lançado pela Editora Fiel. Tivemos a oportunidade de traduzi-lo e o privilégio de poder compartilhar pequenos trechos de cada capítulo com vocês.
Tradução: Vinícius Musselman Pimentel. Versão não revisada ou editada. Postado com permissão.
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