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Um Presente dos Mais Caros (Paul Washer) [17/26]
Sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus. (Romanos 3.24)
Nos capítulos anteriores, consideramos a condição moral do homem caído, sua rebelião universal contra Deus, e as terríveis consequências do julgamento divino: todos os homens permanecem condenados diante de Deus. Contudo, no texto diante de nós, descobriremos que uma mudança radical aconteceu na posição do cristão diante de Deus — ele não é mais contado como um pecador, mas foi justificado pela fé no Senhor Jesus Cristo.
Justificação
As Escrituras nos ensinam que Deus é um Deus justo.[1] Suas obras são perfeitas, e todos os seus caminhos são justos. Ele é um Deus de fidelidade que não perverterá o que é correto.[2] Sendo justo, ele não pode ser moralmente neutro ou apático. Ele ama a justiça e odeia o mal.[3] Seus olhos são puros demais para aprovar o mal e ele não pode olhar para a perversidade com favor.[4] Ele estabeleceu seu trono para julgamento e ele julgará o mundo em retidão.[5] Ele é um Deus que sente indignação todos os dias. Se um homem não se arrepende, ele afia sua espada e apronta seu arco para o julgamento.[6] O testemunho da Escritura a respeito da justiça de Deus e do mal do homem nos leva a um grande problema teológico e moral: Como o homem pecaminoso pode permanecer diante da justiça de Deus? Como pode um Deus justo associar-se com homens perversos? O salmista descreveu o problema desta forma: “Quem subirá ao monte do SENHOR? Quem há de permanecer no seu santo lugar? O que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à falsidade, nem jura dolosamente. Este obterá do SENHOR a bênção e a justiça do Deus da sua salvação”.[7]
Ser justo diante de Deus requer absoluta ou completa perfeição moral. Cada pensamento, palavra e ação desde o momento do nascimento até o momento da morte devem ser encontrados em perfeita conformidade com a natureza e a vontade de Deus. A mais leve falha ou o menor desvio desse padrão resulta em uma imediata desqualificação. Nós só precisamos olhar para o pecado e a queda de Adão para aprender que há um grande rigor e severidade na justiça de Deus. Por essa razão, quando o moralista pergunta: “O que eu devo fazer para ser salvo?”, nós devemos colocar diante dele a exigência da perfeita obediência. Se, pela graça de Deus, ele se frustrar e for trazido ao desespero, então nós o apontamos para Cristo.
O homem que busca ganhar aprovação diante de Deus é a mais patética e incorrigível de todas as criaturas. Desde a queda de Adão, nenhum homem jamais cumpriu as exigências justas de Deus. Nossas mãos são sujas e nossos corações são impuros.[8] Nós corremos em direção à falsidade desde o ventre materno, e do que abunda em nosso coração, falamos de coisas enganosas.[9] Não temos força ou direito de permanecer diante dele. Nós desqualificamos a nós mesmos completamente. Se qualquer coisa deve ser feita para consertar tal brecha, Deus deve fazê-la. A justificação é um presente dado por sua graça.[10]
A palavra justificado vem do verbo grego dikaióo, que significa provar ou declarar alguém como justo, ou como ele deveria ser. No contexto da Escritura e da doutrina da salvação, a palavra justificado é uma declaração forense ou legal.[11] O homem que crê em Deus é justificado, isto é, a justiça foi creditada em sua conta. Ele é reconhecido ou declarado justo diante de Deus, e Deus o trata como tal. Em sua carta à igreja de Roma, o apóstolo Paulo escreveu: “Pois que diz a Escritura? ‘Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça’”.[12]
É importante notar que o termo justificado não significa que um homem se torna justo no momento que ele crê em Deus. Se fosse assim, aquele que crê seria transformado em um ser perfeitamente justo que não mais peca e é até mesmo incapaz de fazê-lo. O termo também não significa que o homem que crê é infundido com uma graça especial que o capacita a viver uma vida mais justa, e assim ganhar aprovação diante de Deus com base em suas obras. Se fosse assim, então a salvação não seria mais pela fé, e a graça não seria mais graça.[13] A Escritura e as mais úteis confissões e ministros ao longo da história da igreja testificam que a justificação é uma posição legal diante do trono de Deus. O homem que crê no testemunho de Deus a respeito de seu Filho é perdoado por todos os seus pecados e é declarado justo diante do trono de julgamento de Deus.[14] A Confissão de Westminster (11.1) afirma desta maneira: “Os que Deus chama eficazmente, também livremente os justifica. Esta justificação não consiste em Deus infundir neles a justiça, mas em perdoar os seus pecados e em considerar e aceitar as suas pessoas como justas. Deus não os justifica em razão de qualquer coisa neles operada ou por eles feita, mas somente em consideração da obra de Cristo […] imputando-lhes a obediência e a satisfação de Cristo”.
[1] Salmo 7.9
[2] Deuteronômio 32.4; Jó 8.3
[3] Salmos 11.7; 5.5
[4] Habacuque 1.13
[5] Salmo 9.7
[6] Salmo 7.11-12
[7] Salmo 24.3-5
[8] Jeremias 17.9
[9] Salmo 58.3; Mateus 15.18-19
[10] Romanos 3.24
[11] Forense vem da palavra latina forensis, pertencente a um mercado ou fórum. O termo forense denota aquilo que pertence a tribunais ou a questões legais, como a medicina forense, que aplica fatos médicos a casos legais.
[12] Romanos 4.3; Gálatas 3.6; Tiago 2.23
[13] Romanos 11.6
[14] 1 João 5.11
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Extraído do livro 17º capítulo do livro “O Poder e a Mensagem do Evangelho” de Paul Washer, a ser lançado pela Editora Fiel. Tivemos a oportunidade de traduzi-lo e o privilégio de poder compartilhar pequenos trechos de cada capítulo com vocês.
Tradução: Vinícius Musselman Pimentel. Versão não revisada ou editada. Postado com permissão.
© Editora Fiel. Todos os direitos reservados. Original: Um Presente dos Mais Caros (Paul Washer) [17/26]
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