Thomas Watson – As Piores Coisas (3/8)

Um trecho do sermão “A Divine Cordial” (Um Tônico Divino)- 1663

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“Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o Seu propósito”. (Romanos 8:28)

2. O mal da TENTAÇÃO é controlado para o bem do homem piedoso

O mal da tentação coopera para o bem. Satanás é chamado de tentador (Mc 4:15). Ele sempre está armando uma emboscada, ele está continuamente ocupado com um santo ou outro.  O diabo tem seu caminho e ele o percorre todos os dias; ele ainda não está totalmente aprisionado, mas como um prisioneiro que sai sob fiança, ele anda por aí com o intuito de tentar os santos. Esta é uma grande molestamento para um filho de Deus.  Com relação às tentações de Satanás, há três coisas que precisam ser consideradas:

(1). Seu método usado na tentação.

(2). A extensão do seu poder.

(3). Estas tentações são controladas para o bem.

(1). O MÉTODO de Satanás na tentação. Aqui tome nota de duas coisas. Sua violência na tentação; nisso ele é o dragão vermelho.  Ele labora para tempestuar o castelo do nosso coração, ele lança pensamentos de blasfêmia, ele nos tenta para negar Deus. Esses são os dardos ardentes que ele atira, pelos quais ele inflamaria as paixões. Note também, sua sutileza na tentação; e nisso ele é a antiga serpente. Há cinco principais sutilezas que o diabo usa.

(1.1). Ele observa seu temperamento e constituição, e lança iscas apropriadas de tentação. Como o fazendeiro, ele sabe qual semente é melhor para o solo. Satanás não tentará de forma contrária ao temperamento e à disposição natural. Este é seu plano, ele faz o vento e a onda virem juntos; desta forma a onda natural do coração corre e vento da tentação sopra. Embora o diabo não possa conhecer os pensamentos dos homens, ainda sim ele conhece seus temperamentos, assim ele lança suas iscas adequadamente. Ele tenta o homem ambicioso com uma coroa e o homem lascivo com a beleza.

(1.2). Satanás espera à hora certa para tentar, como um astuto pescador que lança seu anzol exatamente quando o peixe irá morder. Geralmente a hora que Satanás usa para nos tentar é depois de uma ordenança; e a razão é: ele acha que nessa hora ele vai nos encontrar mais seguros. Quando acabamos de realizar deveres solenes, estamos aptos a pensar que está tudo feito, aí ficamos preguiçosos, e abandonamos aquele zelo e fervor de antes; como um soldado, que depois da batalha abandona a armadura, sequer sonhando com um inimigo. Satanás fica atento esperando a hora certa, e quando menos suspeitamos, lança a tentação.

(1.3). Ele faz uso de relações próximas; o diabo nos tenta através de alguém próximo a nós. Deste modo ele tentou Jó através de sua esposa: “Ainda reténs a tua sinceridade? Amaldiçoa a Deus, e morre.” (Jó 2:9). Uma íntima esposa pode ser um instrumento do diabo para tentar ao pecado.

(1.4). Satanás tenta para o mal por meio daqueles que são bons; e deste modo ele dá veneno num cálice dourado. Ele tentou Cristo usando Pedro. Pedro o dissuade do seu sofrimento:  “Senhor, tem compaixão de ti”. Quem imaginaria encontrar o tentador na boca de um apóstolo?

(1.5). Satanás tenta ao pecado sob uma pretensa religião. Ele deve ser mais temido quando ele se transforma em anjo de luz. Ele veio a Cristo com a Escritura em sua boca: “Está escrito”. O diabo joga seu anzol usando a religião. Ele tenta muitos homens à cobiça e extorsão sob a pretensão de provisão para sua família; ele tenta alguns a acabarem com si próprios, para que não mais possam viver pecando contra Deus; mas então ele os lança no pecado, sob a pretensão de estar evitando o pecado.  Estes são seus sutis estratagemas na tentação.

(2). A extensão do seu PODER; até onde alcança o poder de Satanás.

(2.1). Ele pode expor o objeto, como ele expôs a barra de ouro a Acã.

(2.2). Ele pode envenenar a imaginação e insinuar pensamentos malignos à mente. Como o Espírito Santo nos leva a bons pensamentos, assim o diabo nos leva aos maus. Ele pôs no coração de Judas que ele deveria trair Jesus (João 13:2).

(2.3). Satanás pode excitar e provocar a corrupção interior, e operar algum tipo de inclinação no coração a abraçar a tentação. Embora seja verdade que Satanás não pode forçar a vontade a dar consentimento; ainda sim, ele sendo um esperto litigante, pela sua contínua solicitação, ele pode provocar o mal. Deste modo ele provocou Davi a fazer o censo (1Cr 21:1). O diabo pode, pelos seus sutis argumentos, disputar conosco para nos levar ao pecado.

(3). Estas tentações são controladas para o bem dos filhos de Deus. Uma árvore que é balançada pelo vento é mais fixada e enraizada.  Desta forma, os ventos de uma tentação fazem um Cristão fixar mais na graça. As tentações são controladas para o bem em oito maneiras.

(3.1). Tentação conduz a alma à oração. Quanto mais furiosamente Satanás tenta, mas fervorosamente o santo ora.  O cervo, sendo atingido por um dardo, rapidamente corre para a água. Quando Satanás atira seus dardos inflamados na alma, ela corre rapidamente para o trono da graça.  Quando Paulo teve um mensageiro de Satanás esbofeteando-o, ele diz: “Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim” (2Co 12:8). A tentação é um remédio para segurança carnal. Aquelas que nos fazem orar mais são as que mais cooperam para nosso bem.

(3.2). Tentações são meios de se guardar da perpetração do pecado. Quanto mais um filho de Deus é tentado, mais ele luta contra a tentação. Quanto mais Satanás tenta o santo à blasfêmia, mais o santo treme em tais pensamentos e diz: “Retira-te Satanás”.  Quando a senhora de José o tentou a cometer uma loucura, a tentação dela foi muito forte, mas mais forte foi a oposição dele.  Daquela tentação que o diabo usa como um estímulo ao pecado, Deus faz uma rédea para manter o Cristão longe dela.

(3.3). Tentações cooperam para o bem, pois elas abatem o inchaço do orgulho. “E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar” (2Co 12:7). O espinho na carne era para perfurar o inchaço do orgulho. Melhor é a tentação que me humilha do que um dever que me faça orgulhoso. Para que um Cristão não se torne arrogante, Deus o deixará cair nas mãos do diabo por um tempo, para que ele seja curado do inchaço do seu orgulho.

(3.4). Tentações cooperam para o bem como uma pedra-de-toque (critério) para testar o que há no coração. O diabo tenta para que ele possa enganar; mas Deus permite que sejamos tentados para nos testar. Tentação é um teste de nossa sinceridade. Ela pode argumentar que nosso coração é puro e leal a Cristo quando a olhamos face a face e viramos às costas a ela. Também testa nossa coragem. “Porque Efraim é como uma pomba ingênua, sem entendimento” (Os. 7:11). Isso pode ser dito de muitos, eles não têm conhecimento; eles não têm conhecimento para resistir à tentação. Tão cedo Satanás vem com uma isca, eles já se rendem; como um covarde, que mau se aproxima o ladrão, e já entrega sua bolsa.

Por Thomas Watson. Original: A Divine Cordial By Thomas Watson

Tradução: voltemosaoevangelho.com

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