Um blog do Ministério Fiel
Jonas Madureira – O Problema do Mal
A Questão Lógica
Há muito tempo Epicuro perguntou:
“Se Deus pode acabar com o mal, mas não quer, é monstruoso; se quer, mas não pode, é incapaz; se não pode nem quer, é impotente e cruel; se pode e quer, por que não o faz?” (Epicuro)
O que há tanto na questão do mal que põe o cristianismo em cheque?
Quando se fala na crença de Des não se fala de uma crença meramente intelectual. A crença é algo do coração (envolve o homem integralmente – intelecto, emoções e experiências religiosas). Não passamos a crer em Deus meramente por questões lógicas, apesar de estarem envolvidas.
Ao longo da história esse problema foi chamado de Teodiceia (justificação de Deus): explicar como ao mesmo tempo pode existir o mal e um existir Deus todo-poderoso e todo-amoroso. Alguns para explicar tal paradoxo têm buscado limitar o amor de Deus, apresentando um déspota, e outros seu poder, apresentando um deus fraco e limitado.
Alvin Plantinga desenvolveu uma tese muito interessante a respeito disso, dizendo para deixarmos de tentar justificar a Deus diminuindo algum dos seus atributos, mas mostrar que não há nenhuma contradição entre a existência de Deus e do mal.
Contradição = Dizer que A é igual a não-A. Afirmar algo e negar este mesmo algo no mesmo sentido e contexto. Ex.: Jesus é homem e Jesus não é homem.
Antinomia = Uma aparente contradição quando afirmada no mesmo contexto. Ex.: Jesus é homem e Jesus é Deus. As antinomias aparecem não só na Bíblia, mas na filosofia, biologia, física [um exemplo de todo dia é a luz que é uma onde e uma partícula].
Quando um ateu chegar e falar “Deus não existe, pois o mal existe”, pergunte “Você sabe que é uma antinomia?”. Se ele responder que não, mande-o ir estudar e voltar depois.
Para saber porque não há contradição lógica entre a existência de Deus e do mal vejam estes vídeos (indisponível). Recomendo também o livro “Em Guarda”, onde Craig apresenta em linguagem acessível a resposta para essa questão. No vídeo abaixo Alvin Plantinga fala resumidamente sobre sua defesa.
A Questão Emocional
Em relação à questão emocional do mal, precisamos restaurar a lamentação – orações “sujas”, pesadas, sofridas. Não confundamos com as murmurações que são orações daqueles que perderam a fé. Lamentação é a oração de alguém que não perdeu sua fé em Deus, mas que não esconde a dor em seu coração.
O próprio Jesus no momento máximo de agonia disse:
E perto da hora nona exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? (Mateus 27:46)
Não foi alguém que perdeu a fé e blasfemou, foi a única pessoa que jamais pecou. Mas a pergunta “por que me desamparaste?” não veio sozinho, vem acompanhada de “Deus meu” e de louvores que dizem “porém tu és santo, tu que habitas entre os louvores de Israel” (Salmos 22:3). A lamentação é para pessoas que creem.
Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados; (Mateus 5:4)
Além disso, precisamos ter uma nova perspectiva sobre o problema do mal. O problema do mal é primeiro um problema que desonra a Deus e não um problema que machuca o homem. Como um Deus bom, santo e justo não elimina seres pecaminosos e maus como nós? Como Deus vai à cruz por causa do mal?
Veja o vídeo abaixo onde Voddie Baucham elabora essa questão de ver o problema do mal em uma perspectiva teo-referente (partindo de Deus): “Se Deus é bom e poderoso, como coisas ruins acontecem?”