Um blog do Ministério Fiel
Um Evangelho Escandaloso (Paul Washer) [7/26]
Não me envergonho do evangelho (Romanos 1.16)
Agora que temos um entendimento geral do evangelho do apóstolo Paulo, podemos começar a compreender algo do porquê gerou tal desdém e hostilidade entre aqueles que o ouviram. Embora o evangelho seja o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, ainda assim ele é uma mensagem escandalosa e inacreditável para um mundo caído.
Radicalmente exclusivista
A carne de Paulo tinha todos os motivos para estar envergonhada do evangelho que ele pregava porque contradiz absolutamente tudo que era considerado como verdadeiro e sagrado entre seus contemporâneos. Para o judeu, o evangelho era o pior tipo de blasfêmia pois reivindicava que esse Messias judeus era Deus na carne. Então, Paulo sabia que toda vez que abrisse sua boca para falar o evangelho ele seria completamente rejeitado e ridicularizado com escárnio a menos que o Santo Espírito intervisse e movesse sobre o coração e a mente de seus ouvintes. Em nossos dias, o evangelho primitivo não é menos ofensivo, pois contradiz cada dogma, ou “ismo”, da cultura contemporânea: relativismo, pluralismo e humanismo.[1]
Vivemos em uma era de relativismo – um sistema de crença baseado na absoluta certeza de que não há absolutos. Aplaudimos hipocritamente as pessoas que buscam a verdade, mas ordenamos uma execução pública de qualquer um arrogante o suficiente parar acreditar que a encontrou. Vivemos em uma Idade das Trevas auto-imposta, sendo a razão pela qual clara. O homem natural é uma criatura caída, moralmente corrupta e obstinado sobre sua autonomia (i.e., governo autônomo). Ele odeia a Deus porque Deus é justo e odeia a lei de Deus porque censura e restringe seu mau. Ele odeia a verdade porque ela o expõe pelo que ele é e perturba o que ainda resta de sua consciência. Portanto, o homem caído busca empurrar para longe a verdade, especialmente a verdade sobre Deus, o mais possível. Ele irá a qualquer medida suprimir a verdade, até o ponto de pretender que tal não existe, ou se existe, não pode ser conhecida ou ter qualquer influência em nossas vidas. Nunca é o caso de um Deus que se esconde, mas de um homem que se esconde. O problema não é o intelecto, mas a vontade. Como um homem que esconde a cabeça na areia para evitar um rinoceronte se preparando para atacar, assim o homem moderno nega a verdade de um Deus justo e de uma moralidade absoluta na esperança de aquieta sua consciência e tirar da cabeça o julgamento que ele sabe que é inevitável. O evangelho cristão é escandaloso para o homem e sua cultura porque faz justamente aquilo que ele quer evitar: despertá-lo de seu autoimposto sono da realidade de seu estado caído e rebelde e chamá-lo para rejeitar sua autonomia e se submeter a Deus através do arrependimento e da fé em Jesus Cristo.
Vivemos em uma era de pluralismo – um sistema de crença que põe fim à verdade declarando tudo como sendo verdade, especialmente com respeito à religião. Pode ser difícil para o cristão contemporâneo compreender, mas os cristãos vivendo no primeiro século eram na verdade marcados e perseguidos como ateus. Imagens de deidades enchiam o mundo, e a religião era um negócio em expansão.[2] As pessoas não só toleravam a deidade um dos outros, mas também trocavam e compartilhavam. O mundo religioso inteiro estava indo muito bem até que o cristianismo apareceu e declarou “não serem deuses os que são feitos por mãos humanas”.[3] Eles negavam aos Césares a homenagem que demandavam, recusavam dobrar os joelhos a todos os outro assim chamados de deuses e confessavam somente a Jesus como Senhor de todos.[4] O mundo inteiro olhou para essa assombrosa arrogância e reagiu com fúria contra a intolerante intolerância à tolerância dos cristãos.
O mesmo cenário sobeja, hoje, em nosso mundo. Contra toda lógica, ouvimos que todas as visões com relação à religião ou moralidade são verdadeiras, não importa quanto radicalmente diferentes ou contraditória elas sejam. O aspecto mais impressionante de tudo isso é que, por meio do incansável esforço dos meios de comunicação e do mundo acadêmico, essa se tornou rapidamente a visão da maioria. Contudo, o pluralismo não resolve o problema ou cura a mazela. Ele somente anestesia o paciente para que ele não mais sinta ou pense. O evangelho é escandaloso porque desperta o homem do seu sono e se recusa a deixá-lo descansar em talo posição ilógica. Força-o a chegar a alguma conclusão: “Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o SENHOR é Deus, segui-o; se é Baal, segui-o.”[5]
O verdadeiro evangelho é radicalmente exclusivista. Jesus não é um caminho; Ele é o caminho e todos os outros caminhos não são de forma nenhuma caminhos. Se o cristianismo movesse sequer um pequeno passou em direção a um ecumenismo mais tolerante e trocasse o artigo definido o pelo artigo indefinido um, o escândalo acabaria e o mundo e o cristianismo poderiam ser tornar amigos. Contudo, sempre que isso acontece, o cristianismo deixa de ser cristianismo, Cristo é negado e o mundo está sem um Salvador.
[1] O termo evangelho primitivo se refere ao evangelho do primeiro século pregado por Jesus e pelos apóstolos.
[2] Atos 19.27
[3] Atos 19.26
[4] Romanos 10.9
[5] 1 Reis 18.21
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Extraído do livro 7º capítulo do livro “O Poder e a Mensagem do Evangelho” de Paul Washer, a ser lançado pela Editora Fiel. Tivemos a oportunidade de traduzi-lo e o privilégio de poder compartilhar pequenos trechos de cada capítulo com vocês.
Tradução: Vinícius Musselman Pimentel. Versão não revisada ou editada. Postado com permissão.
© Editora Fiel. Todos os direitos reservados. Original: Um Evangelho Escandaloso (Paul Washer) [7/26]
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