Enfatizando a Deus (Paul Washer) [11/26]

Pois todos pecaram. (Romanos 3.23)

Pequei contra ti, contra ti somente. (Salmo 51.4)

O veredicto divino contra o homem nos textos acima terá pouco significado para uma cultura que ri do pecado e o abraça como se fosse uma virtude. Nossa cultura ao mal chama de bem e ao bem, mal; substituímos Ai trevas por luz e luz por trevas.[1] Para conter a maré, devemos pregar de uma forma que demonstre aos homens a gravidade do seu pecado. O melhor método para alcançar este objetivo é através do ensino, não só da visão bíblica do homem, mas também da visão bíblica de Deus. Para compreender a natureza hedionda do pecado que cometem, os homens precisam entender a visão exaltada que as Escrituras têm sobre Aquele contra quem estão pecando. Se o infiel mais valente e endurecido entendesse sequer a menor parte de quem Deus é, ele entraria em colapso imediatamente sob o peso do seu pecado.

Se o pecado sequer é mencionado em nosso contexto contemporâneo, é o pecado contra o homem, o pecado contra a sociedade, ou, até mesmo, o pecado contra a natureza, mas raramente nossa cultura cogita o pecado contra Deus. Em contraste, as Escrituras veem todo pecado, em última instância e supremamente, contra Deus. O rei Davi traiu a confiança de seu povo, adulterou e até mesmo orquestrou o assassinato de um homem inocente, mas quando a repreensão de Natã, o profeta, finalmente o levou ao arrependimento, ele clamou em confissão a Deus: “Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mal perante os teus olhos”.[2]

Deste texto, aprendemos duas verdades importantes. Em primeiro lugar, embora o pecado possa ser cometido contra nossos semelhantes e até mesmo contra a própria criação, todo o pecado é antes de tudo contra Deus. Em segundo lugar, o pecado é abominável não apenas por causa da devastação que pode recair sobre outros homens ou sobre a criação como um todo, mas, principal e especialmente, porque é um crime cometido contra um Deus infinitamente glorioso, que é digno do mais perfeito amor, devoção e obediência de sua criação. Portanto, quanto mais um homem compreende algo da glória e da supremacia do Deus contra quem pecou, ​​mais compreenderá a natureza atroz de seu pecado. Um verdadeiro conhecimento de Deus levará os homens a tratar até mesmo a menor infração da lei de Deus como um crime abominável, mas uma ignorância de Deus os levará a tratar o pecado como uma pequena questão de pouca importância.

É um ponto fundamental da fé cristã que o verdadeiro conhecimento de Deus é essencial se desejamos ter uma visão correta da realidade. Uma visão errada sobre Deus levará a uma visão errada de todo o resto. Isto é particularmente verdadeiro no que diz respeito ao pecado. No Salmo 50, Deus despreza o povo de Israel por ter esquecido ou rejeitado as verdades mais essenciais sobre seu caráter. Eles chegaram a acreditar que Deus era como eles – apático e indiferente à injustiça.[3] A visão errada de Deus que eles possuíam os levou a uma visão errada sobre o pecado. Eles jogaram fora toda restrição moral e perverteram seu andar, sem medo ou vergonha. Sua rebelião os levou à destruição. Eles morreram por falta de conhecimento.[4] É por essa razão que o profeta Jeremias declarou que o verdadeiro conhecimento de Deus era mais valioso do que todos outros méritos, virtudes, ou bênçãos: “Assim diz o SENHOR: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte, na sua força, nem o rico, nas suas riquezas; mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o SENHOR e faço misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o SENHOR.”[5]

Não é exagero dizer que há repleta ignorância dos atributos de Deus nas ruas e nas cadeiras das igrejas. As pessoas podem ter algumas opiniões quase bíblicas sobre Deus em certos pontos, mas a grande maioria foi totalmente enganados com relação ao pecado e à disposição de Deus contra ele. Os homens podem dizer coisas grandiosas sobre o amor, a compaixão e a misericórdia de Deus, mas eles suspeitosamente fazem silêncio sobre sua santidade, justiça e soberania. Por causa disso, a maioria das pessoas sustenta uma visão pobre sobre Deus e está cega para a verdadeira natureza de seu pecado.

Na pregação do evangelho, devemos expor a malignidade do pecado disseminando o verdadeiro conhecimento de Deus. Devemos proclamar todo o conselho da Escritura a respeito de todos os seus atributos, especialmente aqueles que são menos populares e palatáveis para o homem carnal: a supremacia, a soberania, a santidade, a justiça e o amor de Deus.



[1] Isaías 5.20

[2] Salmo 51.4

[3] Salmo 50.21

[4] Oséias 4.6

[5] Jeremias 9.23-24

 

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O Poder e a Mensagem do Evangelho (Paul Washer)Extraído do livro 11º capítulo do livro “O Poder e a Mensagem do Evangelho” de Paul Washer, a ser lançado pela Editora Fiel. Tivemos a oportunidade de traduzi-lo e o privilégio de poder compartilhar pequenos trechos de cada capítulo com vocês.

Tradução: Vinícius Musselman Pimentel. Versão não revisada ou editada. Postado com permissão.

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