Opiniões sobre divórcio e novo casamento

“Eu odeio o divórcio”, diz o Senhor

Divórcio e novo casamento, além de um tema dolorido, é amplamente complexo e debatido – o que torna a situação ainda mais confusa para quem está passando por uma situação assim. No vídeo abaixo, Jaime Marcelino, Joel Theodoro e Tiago Santos conversam sobre o assunto.

Este é um tema complexo e que vai além de mero posicionamento teológico discutido pela internet. Cada caso deve ser analisado individualmente e tratado particularmente. Se você estiver passando por uma situação assim, o melhor ambiente para pedir conselho é em sua igreja local, conversando com irmãos maduros e, preferencialmente, seu pastor. Pois, se você se submeteu à supervisão de congregação da fé e de líderes piedosos, haverá implicações sobre sua membresia dependendo da atitude que você tomar.

Cremos que o divórcio é odioso e não incentivamos ninguém a persegui-lo. Entretanto, se você quer estudar teologicamente o assunto (e todos devemos), aqui segue mais material:

MATERIAL EXTRA

4 posições sobre o divórcio e novo casamento

Resumidamente há quatro posições majoritárias sobre o assunto:

1. Divórcio, não, novo casamento, não

2. Divórcio, sim, novo casamento, não

3. Divórcio e novo casamento por adultério ou deserção

4. Divórcio e novo casamento sob várias circunstâncias

Leia abaixo uma breve apresentação de João Paulo Thomaz de Aquino no artigo 1 Coríntios 7.10-11: divórcio entre cristãos?:

1 Coríntios 7.10-11: divórcio entre cristãos?

Em 1990, Wayne House editou o livro Divorce and Remarriage: Four Christians Views em que quatro estudiosos defendem e debatem as seguintes posições: “Divórcio, não, novo casamento, não” (J. Carl Laney), “Divórcio, sim, novo casamento, não” (William A. Heth), “Divórcio e novo casamento por adultério ou deserção” (Thomas R. Edgar) e “Divórcio e novo casamento sob várias circunstâncias” (Larry Richards).

O primeiro estudioso, J. Carl Laney, expõe brevemente Gn 2.24; Dt 24; Ed 9; Ml 2; os ditos de Jesus sobre o assunto (Mt 19.1-12; Mc 10.1-12; Mt 5.31-32; Lc 16.18) e o ensino de Paulo, especialmente como aparece em 1Coríntios 7, e chega à conclusão de que um novo casamento é sempre contrário à vontade de Deus. Essa mesma posição é defendida por John Piper, que a resume nos seguintes pontos:

1. Lc 16.18 chama todo casamento ocorrido depois de divórcio de adultério. 2. Mc 10:11-12 chama todo novo casamento depois de divórcio de adultério, não importa se foi o esposo ou a esposa que ocasionou o divórcio. 3. Mc 10.2-9 e Mt 19.3-8 ensinam que Jesus rejeitou a justificativa dos fariseus de divórcio a partir de Dt 24.1 e reafirmou o propósito de Deus na criação de que nenhum homem separasse o que Deus uniu. 4. Mt 5.32 não ensina que o novo casamento é legal em alguns casos. Em vez disso, reafirma que o casamento depois do divórcio é adultério, mesmo para aqueles que foram inocentes no divórcio, e que um homem que se divorcia de sua esposa é culpado de adultério pelo seu segundo casamento, a menos que ela tenha se tornado adúltera antes do divórcio. 5. 1Co 7.10-11 ensina que o divórcio é errado, mas que se for inevitável, a pessoa que se divorcia não deve se casar novamente. 6. 1Co 7.39 e Rm 7.1-3 ensinam que o novo casamento é legitimo somente em caso de morte de um cônjuge. 7. Mt 19.10-12 ensina que uma graça cristã especial é dada por Deus aos discípulos de Cristo que permanecem sozinhos ao renunciarem ao novo casamento de acordo com a lei de Cristo. 8. Dt 24.1-4 não legisla sobre bases para o divórcio, mas ensina que o relacionamento “uma-carne” estabelecido pelo casamento não é obliterado pelo divórcio ou mesmo pelo novo casamento. 9. 1Co 7.15 não significa que quando um cristão é abandonado por um cônjuge descrente ele está livre para se casar novamente. Significa que o cristão não é obrigado a lutar a fim de preservar a união. A separação é permitida se o cônjuge não cristão insistir nela. 10. 1Co 7.27-28 não ensina o direito da pessoa divorciada de se casar novamente. Ele ensina que virgens prometidas em casamento deveriam considerar seriamente viver uma vida como solteiras, mas não é pecado se se casarem. 11. A cláusula de exceção de Mt 19.9 não implica que divórcio por causa de adultério dá liberdade a uma pessoa para se casar novamente. Todo o peso da evidência do Novo Testamento nos dez pontos precedentes é contra essa visão, e há muitas formas de interpretar bem esse verso de modo a não criar um conflito entre ele e o ensino mais amplo do Novo Testamento sobre o fato de que o novo casamento depois de divórcio é proibido.

O assunto é tão complicado que a igreja de Piper chegou a uma conclusão diferente. Em artigo publicado para servir como base de ensino e disciplina, a igreja afirma que reconhece a legitimidade do divórcio em casos de deserção, adultério e abuso danoso; também afirma a liberdade do cônjuge lesado de se casar novamente, não sendo esse o caso do cônjuge culpado. Essa é basicamente a mesma posição defendida por Thomas R. Edgar, John Murray, Jay Adams e pela Confissão de Fé de Westminster.

Entre essas duas posições está aquela defendida por William A. Hetch no livro de House e mais desenvolvida em livro escrito por ele junto com Gordon Wenham. Hetch defende que o divórcio é permitido na Bíblia em casos de relações sexuais ilícitas e outras situações específicas, mas que um novo casamento não é permitido em nenhum caso. Ou seja, existe concessão bíblica a respeito do divórcio, mas não a respeito do novo casamento. O interessante, entretanto, é que Hetch, em 2002, publicou artigo mudando para a posição mais comum que permite um novo casamento depois de um divórcio lícito.

A última posição que o livro de House apresenta é defendida por Larry Richards.9 Ele dá atenção especial ao contexto literário e demonstra que a Bíblia mostra divórcios por outros motivos que não o adultério, como no caso relatado no livro de Esdras. Dessa forma, Richards chega aos seguintes princípios: (1) o casamento intencionado por Deus é para toda a vida; (2) por causa da dureza do coração humano pecaminoso, às vezes o divórcio é a melhor coisa que um casal pode fazer; (3) essa dureza de coração pode apresentar-se de diferentes formas, como abuso físico e mental, abuso sexual, adultérios repetidos e abandono espiritual e emocional; (4) é responsabilidade exclusiva dos cônjuges determinar quando e se o casamento realmente acabou; (5) pessoas que se divorciam por qualquer razão têm o direito de se casar novamente e (6) pessoas que se divorciam e casam novamente têm o direito de ter pleno envolvimento na igreja.

Sendo esse um debate muito antigo na história da igreja, com diversos argumentos e muitas propostas de interpretação dos textos bíblicos, devemos antes mesmo de adentrar a discussão mais específica admitir que: (1) deve haver grande respeito entre os cristãos quanto à posição assumida pelo outro, especialmente no que concerne às posições mais defendidas na história da igreja; (2) nenhum estudo será suficientemente exaustivo e lidará de forma justa com todos os argumentos já levantados; (3) deve haver grande sensibilidade ao lidar com um assunto que impacta de forma tão profunda a vida de tantos cristãos; (4) as denominações devem chegar às suas próprias conclusões, após aprofundado estudo bíblico, a fim de lidarem com a vida das pessoas em aconselhamento, instrução e aplicação da disciplina e (5) não podemos anular a graça por causa da lei, nem vice-versa. Com isso em mente, aproximemo-nos do texto.

Textos bíblicos sobre divórcio e novo casamento

Abaixo segue uma lista de versículos bíblicos relacionados ao assunto para você examinar. Obviamente, examine também o contexto.

Textos bíblicos

Gênesis 2.18, 21-25: Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea. […] Então, o SENHOR Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou uma das suas costelas e fechou o lugar com carne. E a costela que o SENHOR Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher e lha trouxe. E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; amar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada. Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne. Ora, um e outro, o homem e sua mulher, estavam nus e não se envergonhavam.

Deuteronômio 24.1–4: Se um homem tomar uma mulher e se casar com ela, e se ela não for agradável aos seus olhos, por ter ele achado coisa indecente nela, e se ele lhe lavrar um termo de divórcio, e lho der na mão, e a despedir de casa; e se ela, saindo da sua casa, for e se casar com outro homem; e se este a aborrecer, e lhe lavrar termo de divórcio, e lho der na mão, e a despedir da sua casa ou se este último homem, que a tomou para si por mulher, vier a morrer, então, seu primeiro marido, que a despediu, não poderá tornar a desposá-la para que seja sua mulher, depois que foi contaminada, pois é abominação perante o SENHOR; assim, não farás pecar a terra que o SENHOR, teu Deus, te dá por herança.

Esdras 10.1-3: Enquanto Esdras orava e fazia confissão, chorando prostrado diante da Casa de Deus, ajuntou-se a ele de Israel mui grande congregação de homens, de mulheres e de crianças; pois o povo chorava com grande choro. Então, Secanias, filho de Jeiel, um dos filhos de Elão, tomou a palavra e disse a Esdras: Nós temos transgredido contra o nosso Deus, casando com mulheres estrangeiras, dos povos de outras terras, mas, no tocante a isto, ainda há esperança para Israel. Agora, pois, façamos aliança com o nosso Deus, de que despediremos todas as mulheres e os seus filhos, segundo o conselho do Senhor e o dos que tremem ao mandado do nosso Deus; e faça-se segundo a Lei.

Isaías 50.1: Assim diz o SENHOR: Onde está a carta de divórcio de vossa mãe, pela qual eu a repudiei? Ou quem é o meu credor, a quem eu vos tenha vendido? Eis que por causa das vossas iniquidades é que fostes vendidos, e por causa das vossas transgressões vossa mãe foi repudiada.

Jeremias 3.1: Se um homem repudiar sua mulher, e ela o deixar e tomar outro marido, porventura, aquele tornará a ela? Não se poluiria com isso de todo aquela terra? Ora, tu te prostituíste com muitos amantes; mas, ainda assim, torna para mim, diz o SENHOR.

Oséias 3.1: Disse-me o SENHOR: Vai outra vez, ama uma mulher, amada de seu amigo e adúltera, como o SENHOR ama os filhos de Israel, embora eles olhem para outros deuses e amem bolos de passas.

Malaquias 2.16: Porque o SENHOR, Deus de Israel, diz que odeia o repúdio e também aquele que cobre de violência as suas vestes, diz o SENHOR dos Exércitos; portanto, cuidai de vós mesmos e não sejais infiéis.

Mateus 5.31-32: Também foi dito: Aquele que repudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. Eu, porém, vos digo: qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; e aquele que casar com a repudiada comete adultério.

Marcos 10.2-12: Vieram a ele alguns fariseus e o experimentavam, perguntando: É lícito ao marido repudiar a sua mulher por qualquer motivo? Então, respondeu ele: Não tendes lido que o Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher e que disse:

Por esta causa deixará o homem pai e mãe e se unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne?

De modo que já não são mais dois, porém uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem. Replicaram-lhe: Por que mandou, então, Moisés dar carta de divórcio e repudiar? Respondeu-lhes Jesus: Por causa da dureza do vosso coração é que Moisés vos permitiu repudiar vossa mulher; entretanto, não foi assim desde o princípio. Eu, porém, vos digo: quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas, e casar com outra comete adultério [e o que casar com a repudiada comete adultério]. Disseram-lhe os discípulos: Se essa é a condição do homem relativamente à sua mulher, não convém casar. Jesus, porém, lhes respondeu: Nem todos são aptos para receber este conceito, mas apenas aqueles a quem é dado. Porque há eunucos de nascença; há outros a quem os homens fizeram tais; e há outros que a si mesmos se fizeram eunucos, por causa do reino dos céus. Quem é apto para o admitir admita. (Mateus 19.3-9)

E, aproximando-se alguns fariseus, o experimentaram, perguntando-lhe: É lícito ao marido repudiar sua mulher? Ele lhes respondeu: Que vos ordenou Moisés? Tornaram eles: Moisés permitiu lavrar carta de divórcio e repudiar. Mas Jesus lhes disse: Por causa da dureza do vosso coração, ele vos deixou escrito esse mandamento; porém, desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher. Por isso, deixará o homem a seu pai e mãe [e unir-se-á a sua mulher], e, com sua mulher, serão os dois uma só carne. De modo que já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem.

Em casa, voltaram os discípulos a interrogá-lo sobre este assunto. E ele lhes disse: Quem repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério contra aquela. E, se ela repudiar seu marido e casar com outro, comete adultério.

Lucas 16.18: Quem repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério; e aquele que casa com a mulher repudiada pelo marido também comete adultério.

Romanos 7.1-3: Porventura, ignorais, irmãos (pois falo aos que conhecem a lei), que a lei tem domínio sobre o homem toda a sua vida? Ora, a mulher casada está ligada pela lei ao marido, enquanto ele vive; mas, se o mesmo morrer, desobrigada ficará da lei conjugal. De sorte que será considerada adúltera se, vivendo ainda o marido, unir-se com outro homem; porém, se morrer o marido, estará livre da lei e não será adúltera se contrair novas núpcias.

1 Coríntios 7.1-16, 39-40: Quanto ao que me escrevestes, é bom que o homem não toque em mulher; mas, por causa da impureza, cada um tenha a sua própria esposa, e cada uma, o seu próprio marido. O marido conceda à esposa o que lhe é devido, e também, semelhantemente, a esposa, ao seu marido. A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim o marido; e também, semelhantemente, o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim a mulher. Não vos priveis um ao outro, salvo talvez por mútuo consentimento, por algum tempo, para vos dedicardes à oração e, novamente, vos ajuntardes, para que Satanás não vos tente por causa da incontinência. E isto vos digo como concessão e não por mandamento. Quero que todos os homens sejam tais como também eu sou; no entanto, cada um tem de Deus o seu próprio dom; um, na verdade, de um modo; outro, de outro.

E aos solteiros e viúvos digo que lhes seria bom se permanecessem no estado em que também eu vivo. Caso, porém, não se dominem, que se casem; porque é melhor casar do que viver abrasado.

Ora, aos casados, ordeno, não eu, mas o Senhor, que a mulher não se separe do marido (se, porém, ela vier a separar-se, que não se case ou que se reconcilie com seu marido); e que o marido não se aparte de sua mulher. Aos mais digo eu, não o Senhor: se algum irmão tem mulher incrédula, e esta consente em morar com ele, não a abandone; e a mulher que tem marido incrédulo, e este consente em viver com ela, não deixe o marido. Porque o marido incrédulo é santificado no convívio da esposa, e a esposa incrédula é santificada no convívio do marido crente. Doutra sorte, os vossos filhos seriam impuros; porém, agora, são santos. Mas, se o descrente quiser apartar-se, que se aparte; em tais casos, não fica sujeito à servidão nem o irmão, nem a irmã; Deus vos tem chamado à paz. Pois, como sabes, ó mulher, se salvarás teu marido? Ou, como sabes, ó marido, se salvarás tua mulher?

[…] A mulher está ligada enquanto vive o marido; contudo, se falecer o marido, fica livre para casar com quem quiser, mas somente no Senhor. Todavia, será mais feliz se permanecer viúva, segundo a minha opinião; e penso que também eu tenho o Espírito de Deus.

Hebreus 13.4: Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros.

Posicionamento das Confissões de Fé

Poucas confissões de fé posicionam-se sobre o assunto, sendo a mais notável  a de Wetminster (confissão oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil).

Confissão de Fé de Guanabara (1558)

XIII. A separação entre o homem e a mulher legitimamente unidos por casamento não se pode fazer senão por causa de adultério, como nosso Senhor ensina (Mateus 19:5). E não somente se pode fazer a separação por essa causa, mas também, bem examinada a causa perante o magistrado, a parte não culpada, se não podendo conter-se, deve casar-se, como São Ambrósio diz sobre o capítulo sete da Primeira Epístola aos Coríntios. O magistrado, todavia, deve nisso proceder com madureza de conselho.

Segunda Confissão Helvética (1566)

29. Do celibato, casamento e administração dos negócios domésticos.

Pessoas solteiras. Os que têm do céu o dom do celibato, de modo que, de coração ou de toda a alma podem ser puros e continentes e não são levados pelos ardores do sexo, sirvam ao Senhor nessa vocação, enquanto se sentirem dotados do dom divino. E não se julguem melhores do que os outros, mas sirvam o Senhor continuamente em simplicidade e humildade (I Co 7.7 ss). Estes estão mais aptos a lidar com as coisas divinas do que aqueles que se distraem com os interesses particulares de uma família. Mas, no caso de ser-lhes retirado o dom, e sentirem um durável ardor, lembrem-se das palavras do apóstolo: “É melhor casar do que viver abrasado” (I Co 7.9).

Casamento. O casamento (que é o remédio da incontinência e é a própria continência) foi instituído pelo Senhor Deus mesmo, que o abençoou da maneira mais generosa, e que desejou que o homem e a mulher se unissem um ao outro inseparavelmente e vivessem juntos em completo amor e concórdia (Mat 19.4 ss). Sobre isso sabemos o que disse o apóstolo: “Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula” (Heb 13,4). E outra vez: “Se a virgem se casar, por isso não peca” (I Co 7.28).

As seitas. Condenamos, portanto, a poligamia e os que condenam o segundo casamento.

Como deve ser contraído o casamento. Ensinamos que o casamento deve ser contraído legalmente no temor do Senhor, e não contra as leis, que proíbem certos graus de consangüinidade, a fim de que o casamento não seja incestuoso. O casamento deve ser feito com o consentimento dos pais, ou dos que estão em lugar dos pais, e acima de tudo para o fim para o qual o Senhor instituiu o casamento. Além disso, devem conservar-se santos, com a máxima fidelidade, piedade, amor e pureza dos que se uniram. Portanto, evitem-se as discussões, as dissenções, a lascívia e o adultério.

Fórum matrimonial. Devem estabelecer-se cortes legais na Igreja, tendo juizes santos, que possam cuidar dos casamentos, reprimir a impureza e a imprudência, diante dos quais se resolvam os conflitos matrimoniais.

A criação dos filhos. Devem os filhos ser criados pelos pais, no temor do Senhor; e devem os pais prover o sustento dos seus filhos, lembrando-se do que disse o apóstolo: “Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos de sua própria casa, tem negado a fé, e é pior do que o descrente” (I Tm 5.8). Mas, devem principalmente ensinar a seus filhos para terem uma carreira ou profissões honestas com que possam manter-se a si mesmos. Devem conservá-los afastados da ociosidade, e em tudo inculcar neles a verdadeira fé em Deus, a fim de que, pela falta de confiança ou demasiada segurança ou pela feia avareza venham a tornar-se dissolutos, e a fracassar na vida.

Aliás, é muito certo que as obras praticadas pelos pais com verdadeira fé, mediante os deveres domésticos e administração de sua casa, são, aos olhos de Deus, santas e verdadeiramente boas obras. Não são menos agradáveis a Deus do que as orações, os jejuns e as obras de beneficência. Pois, assim ensinou o apóstolo em suas epístolas, especialmente nas dirigidas a Timóteo e a Tito. E com o mesmo apóstolo incluímos entre os ensinos de demônios a doutrina dos que proíbem o casamento e abertamente o criticam ou indiretamente o desacreditam, como se não fosse santo e puro.

Execramos também, a vida impura dos solteiros, a lascívia secreta ou às claras, e a fornicação dos hipócritas, que simulam continência, sendo os mais incontinentes de todos. A todos estes julgará Deus. Não desaprovamos as riquezas dos que as possuem, quando são piedosos e fazem bom uso delas. Mas, rejeitamos a seita dos Apostólicos, etc.

Confissão de Fé de Westminster (1646)

CAPÍTULO XXIV: DO MATRIMÔNIO E DO DIVÓRCIO

I. O casamento deve ser entre um homem e uma mulher; ao homem não é licito ter mais de urna mulher nem à mulher mais de um marido, ao mesmo tempo.

Gen. 2:24; Mat. 19:4-6; Rom. 7:3.

II. O matrimônio foi ordenado para o mútuo auxílio de marido e mulher, para a propagação da raça humana por uma sucessão legítima e da Igreja por uma semente santa, e para impedir a impureza.

Gen. 2:18, e 9:1; Mal.2:15; I Cor. 7:2,9.

III. A todos os que são capazes de dar um consentimento ajuizado, é lícito casar; mas é dever dos cristãos casar somente no Senhor; portanto, os que professam a verdadeira religião reformada não devem casar-se com infiéis, papistas ou outros idólatras; nem devem os piedosos prender-se desigualmente pelo jugo do casamento aos que são notoriamente ímpios em suas vidas ou que mantém heresias perniciosas.

Heb. 13:4; I Tim. 4:3; Gen.24:57-58; I Cor. 7:39; II Cor. 6:14.

IV. Não devem casar-se as pessoas entre as quais existem os graus de consagüinidade ou afinidade proibidos na palavra de Deus, tais casamentos incestuosos jamais poderão tornar-se lícitos pelas leis humanas ou consentimento das partes, de modo a poderem coabitar como marido e mulher.

I Cor. 5:1; Mar. 6:18; Lev. 18:24, 28.

V. O adultério ou fornicação cometida depois de um contrato, sendo descoberto antes do casamento, dá à parte inocente justo motivo de dissolver o contrato; no caso de adultério depois do casamento, à parte inocente é lícito propor divórcio, e depois de obter o divórcio casar com outrem, como se a parte infiel fosse morta.

Mat., 1: 18-20, e 5:31-32, e 19:9.

VI. Posto que a corrupção do homem seja tal que o incline a procurar argumentos a fim de indevidamente separar aqueles que Deus uniu em matrimônio, contudo só é causa suficiente para dissolver os laços do matrimônio o adultério ou uma deserção tão obstinada que não possa ser remediada nem pela Igreja nem pelo magistrado civil; para a dissolução do matrimônio é necessário haver um processo público e regular. não se devendo deixar ao arbítrio e discrição das partes o decidirem seu próprio caso.

Mat. 19:6-8; I Cor. 7:15; Deut. 24:1-4; Esdras 10:3.

Confissão de Fé Batista de Londres (1689)

Capítulo 25 – Matrimônio

1. O casamento é para ser entre um homem e uma mulher. Não é lícito ao homem ter mais de uma esposa, e nem à mulher ter mais de um marido ao mesmo tempo.[1]

1 Gênesis 2:24; Malaquias 2:15; Mateus 19:5-6.

2. O casamento foi ordenado para o auxílio mútuo entre marido e mulher,[2] para a propagação da humanidade por uma descendência legítima,[3] e para impedir a impureza.[4]

2 Gênesis 2:18.

3 Gênesis 1:28.

4 I Coríntios 7:2,9.

3. O casamento é lícito para todos os tipos de pessoas, desde que possam dar o seu consentimento racional.[5] Porém, o dever dos cristãos é casarem-se somente no Senhor.[6] Por isso os que temem a Deus e professam a verdadeira religião não devem casar-se com incrédulos ou idólatras, para que, casando-se, não se ponham em jugo desigual com uma pessoa iníqua, ou com quem defenda uma heresia condenável.[7]

5 Hebreus 13:4; I Timóteo 4:3.

6 I Coríntios 7:39.

7 Neemias 13:25-27.

4. Não devem casar-se pessoas entre as quais existam graus de parentesco ou consangüinidade que sejam proibidos na Palavra de Deus.[8] As uniões incestuosas jamais poderão ser legitimadas por qualquer lei humana ou pelo consentimento das partes, pois não é correto tais pessoas viverem juntas, como marido e mulher.[9]

8 Levítico 18:1-30.

9 Marcos 6:18; I Coríntios 5:1.

Declaração de Fé da Fraternidade Reformada Mundial (2011)

4. Ética matrimonial e sexual

O casamento como monogamia heterossexual foi instituído por Deus, com o marido e a mulher deixando suas próprias famílias e unindo-se um ao outro num relacionamento para toda a vida. Os desejos sexuais devem ser satisfeitos dentro dessa união, e os filhos nascidos nela devem ser cuidados e nutridos no conhecimento e na prática cristãs. Em razão da pecaminosidade humana, ocorrem desvios desse padrão. A Bíblia desautoriza os relacionamentos sexuais fora dos laços do casamento, bem como as uniões de mesmo sexo. A dissolução do casamento pelo divórcio é permita em caso de adultério ou se os incrédulos abandonarem irreversivelmente seus cônjuges cristãos. O homem é descrito na Escritura como o “cabeça” da mulher, assim como Cristo é o “cabeça” do homem e Deus o “cabeça” de Cristo. A autoridade na família e na igreja é demonstrada amando-as como Cristo amou a igreja.

Posicionamento de Pregadores e Pastores

Reunimos vídeos e artigos nos quais diversos pregadores e pastores apresentam suas diferentes opiniões.

Por: Jaime Marcelino, Joel Theodoro e Tiago Santos. © 2015 Ministério Fiel. Original: Opiniões Sobre Divórcio e Novo Casamento – Jaime Marcelino, Joel Theodoro e Tiago Santos.