Um blog do Ministério Fiel
Quando consultar um comentário ao preparar um sermão?
Nem todos os pastores são tentados a pregar o sermão de outro, mas a maioria se apoia nas opiniões, percepções e conhecimentos acadêmicos de outros por meio de comentários, ferramentas linguísticas e escritos teológicos. Vamos admitir, nós vivemos em dias abençoados para pastores. Temos fácil acesso aos pensamentos dos teólogos mais brilhantes da história e podemos encontrá-los comentando quase todas as passagens da Bíblia. A tentação que o acesso a tal acadêmicos gera é buscar consulta-los muito cedo, antes de formularmos nossos próprios pensamentos sobre a passagem que pretendemos pregar. Quando deveria um pregador consultar as palavras perspicazes desses acadêmicos?
Eu acredito que a sabedoria de Andrew Fuller, pastor do século XIX, dada há mais de 200 anos, continua tão útil em nossos dias saturados de comentários quanto foi em seus dias quando os recursos eram mais escassos. Aqui estão as palavras de Fuller que ele escreveu em uma carta para um pastor mais jovem:
“O método que segui foi primeiro ler o texto todo cuidadosamente e, enquanto lia, anotar o que pareceu-me primeiro ser o significado. Depois de sintetizar essas anotações em algo como um esquema da passagem, eu examinava os melhores especialistas que pudesse encontrar e ao comparar minhas primeiras ideias a deles era capaz de julgá-las melhor. Algumas eram confirmadas, outras corrigidas e muitas adicionadas… Porém, ir primeiro ao expositores é impedir o exercício de sua própria avaliação.” [1]
Nós, pastores, precisamos ser gratos pela abundância de comentários e escritos teológicos acerca da maioria das passagens que possamos pregar a nossas congregações. Devemos permitir que eles confirmem, até mesmo corrijam as ideias que formulamos em nossos estudos, mas devemos nos prevenir de depender demasiadamente deles. Pastores muito ocupados podem ser tentados à preguiça e acabar pregando o que estes grandes homens escreveram, ao invés de fazerem o trabalho duro que permite que o Espírito do Deus vivo trabalhe aquele texto em nós como uma palavra que falaria diretamente ao nosso rebanho, conduzindo-nos, assim, a pergarmos a nossa singular congregação no poder de Cristo. Pregação autêntica, bíblica e cheia do Espírito na qual o pregador tenha sido profundamente impactado pela passagem que prega é tão necessária hoje quanto foi nos dias de Fuller. Estou convencido que o conselho de Fuller nos levará e manterá no caminho certo a fim de que preguemos em nossos próprios púlpitos aquilo que nós mesmos produzimos.
[1] Fuller, Andrew. The Complete Works of the Rev. Andrew Fuller with a Memoir of His Life by Andrew Gunton Fuller. 3 vols. Editado por Joseph Belcher. Philadelphia American Baptist Publication Society, 1845 Repr., Harrisonburg, VA: Sprinkle, 1988. 3:201 (tradução própria)