Um blog do Ministério Fiel
5 custos de negligenciar a disciplina eclesiástica
Ele era um pastor de meia idade de uma igreja relativamente influente de bom tamanho. A igreja era teologicamente conservadora e sustentava uma alta perspectiva da Escritura, que é o que fez seu comentário tão tragicamente memorável.
Ele tinha me perguntado no que eu estava trabalhando, então respondi: “Um caso de disciplina eclesiástica”. Eu estava fortemente convencido sobre levar Deus e sua Palavra a sério no que se refere a disciplina eclesiástica. Minha própria congregação tinha recentemente enfrentado uma situação difícil e dolorosa, então compartilhei que senti que não seriámos fiéis se não lutarmos para obedecer nessa área.
Essa foi a resposta dele: “Você está certo. Mas, você sabe, decidi logo no início do meu ministério o que eu faria e o que não faria, e esse não é o caminho que eu tomaria”.
Eu nunca esqueci suas palavras. Não é uma coisa pequena deliberadamente decidir não dar atenção às instruções de Jesus (Mateus 18.15-18), às aplicações apostólicas da verdade divina (1Coríntions 5.1-7, 12-13), às instruções de restauração congregacionais (2Coríntios 2.6-8), ao chamado para “cumprir a lei de Cristo” (Gálatas 6.1-5), ao claro mandamento apostólico (2Tessalonicenses 3.6-10, Tito 3.9-11), às determinações de evitar aqueles que desobedecem essas instruções (2Tessalonicenses 3.14), à ferramenta ordenada por Deus para instrução contra blasfêmia (1Timóteo 1.19b-20), e a um mandamento inequívoco para que nós “guardemos esses conselhos” (1Timóteo 5.19-21).
Mesmo assim, muitos pastores escolheram não seguir “esse caminho”. Eles querem segurança no trabalho. Eles querem evitar as dificuldades da confrontação. Eles querem evitar a dinâmica complexa que inevitavelmente vêm à tona numa congregação quando praticamos disciplina eclesiástica.
É válido lembrar a nós mesmos, como pastores, o que temos a perder se negligenciarmos a disciplina eclesiástica bíblica, como também o que temos a ganhar ao seguir fielmente a palavra de Deus.
O que temos a perder
1. As bênçãos e o favor de Deus
Ao negligenciar a disciplina eclesiástica, temos a perder as bênçãos e o favor de Deus. Tomar a decisão reconhecida, intencional e deliberada de escrever “Não!” sobre os ensinos bíblicos acerca da disciplina eclesiástica é escrever “Icabode!” sobre a igreja. Alguém procura em vão as bênçãos e o favor de Deus quando escolhe ignorar suas instruções para sua noiva.
2. Nossos membros caídos
Podemos também perder nossos membros caídos. Aqui está uma grande ironia: os membros caídos que não queremos “julgar”, “ferir” ou “distanciar” irão, se deixados em seus próprios pecados e roubados do chamado da igreja para o arrependimento, achar a si mesmos desprezando e deixando a igreja de qualquer forma. Mesmo se eles não abandonarem a igreja, sua distância interna de Deus torna sua presença uma mera fachada, o que significa que os perdemos de todo jeito.
3. Nossos membros fiéis
Se falharmos em levar a sério todo o conselho de Deus, arriscamos afastar aqueles membros que levam a sério o conselho de Deus. Quão estranho é desistir de membros fiéis porque tememos chamar amorosamente membros desobedientes de volta ao Senhor através do ministério da disciplina eclesiástica!
4. Nosso testemunho diante do mundo observador
O mundo pode ignorar o evangelho, mas, pelo menos, ele respeita a consistência. Quando falhamos em falar a verdade àqueles que naufragaram sua fé, e assim consentindo com sua danosa rebelião, o mundo observador se vira em escárnio à hipocrisia aberta da igreja.
5. Nossa autoridade de falar
Que direito temos de falar uma palavra profética para nossa cultura acerca da libertinagem sexual desequilibrada se exatamente a mesma rebelião corre solta em nossas igrejas? Que direito temos de falar contra corrupção e ganância se falhamos em confrontar essas coisas em nossa própria igreja? Arrancar fora as passagens sobre disciplina eclesiástica é arrancar fora nossa própria língua.
O que temos a ganhar
1. O favor de Deus
Por praticar disciplina eclesiástica, temos a ganhar o favor de Deus. É apropriado aplicar “Muito bom, servo bom e fiel!” às congregações locais em adição a cristãos individuais. O favor e prazer de Deus deveriam ser nossa motivação primária para abraçar a disciplina eclesiástica bíblica.
2. O crescimento dos nossos irmãos e irmãs
A disciplina também leva ao crescimento. A disciplina eclesiástica é quase certamente a via mais negligenciada do crescimento cristão no corpo de Cristo hoje em dia. Ainda assim, quando amorosamente administrada, a disciplina eclesiástica ajuda os crentes a crescerem em obediência a Cristo.
3. O poder no púlpito
Outro benefício que os pastores geralmente perdem por não praticar disciplina eclesiástica? Obedecer a Cristo em situações difíceis empodera nossa pregação. A congregação que observa seus ministros aplicarem fielmente a Palavra levará essa Palavra mais a sério e prestará atenção mais intencionalmente. E, conforme leva a congregação a obedecer a palavra de Deus, o pregador mesmo crescerá em se apegar corretamente e aplicar corajosamente a palavra de Deus em sua pregação.
4. A unidade da igreja
Unidade em volta de qualquer coisa que não seja todo o conselho de Deus não é unidade. É meramente uma paz cheia de sombras e tons misturados, construída no que quer que toque a Palavra de Deus que julguemos ser aceitável. Somente unidade autêntica, uma unidade que abraça toda a Palavra de Deus, pode clamar as bênçãos de Deus.
5. O contraste evangelístico
Em um tempo que tem visto muitas igrejas reduzirem seu evangelismo a programas e seu alcance a clientelismo, nós geralmente esquecemos do apelo evangelístico herdado do povo de Deus ser quem ele foi feito para ser. Isso opera no que podemos chamar de ministério evangelístico de contraste: conforme a igreja cresce em santidade, ela cria um forte contrate crescente com a cultura perdida em volta dela. Quando isso acontece, o mundo começa a ver que a igreja apresenta uma alternativa contracultural genuína, uma alternativa que emana das convicções claramente fundadas em um padrão mais alto que o seu próprio.
Escolhendo um caminho melhor
Alguns anos depois dessa triste conversa, que recontei anteriormente, cruzei com outro ministro, provavelmente da mesma idade que o primeiro tinha. Ele também era pastor de uma igreja de bom tamanho. Ele também era conservador em teologia e sustentava uma alta perspectiva das Escrituras. Estávamos conversando sobre o ministério, a vida e o desafio da disciplina eclesiástica, e ele também disse algo que nunca esquecerei: “Sabe, eu só quero pastorear uma igreja do Novo Testamento uma vez antes de morrer. Acredito que podemos ser assim e quero liderar meu povo para ser assim.”.
Dois homens. Dois caminhos. Duas alternativas. O primeiro irmão, estou convencido, pagará um alto preço por procurar facilidade e conforto. O outro pode ocasionalmente pagar um preço temporal em desconforto e conflitos possíveis, mas sua recompensa será grande.
Escolha a melhor forma. A escolha não é óbvia?