Olimpíadas 2016: desafios para o Brasil, oportunidade para a igreja

Originalmente, os Jogos Olímpicos foram realizados em Olímpia, na Grécia, do século VIII a.C. ao século IV d.C., quando foram proibidos pelo imperador cristão Teodósio I, por suas conexões com o paganismo. Na era moderna, a primeira Olimpíada aconteceu em 1896, em Atenas. E desde então, tem ocorrido a cada quatro anos, com atletas de centenas de países se reunindo num país sede para disputarem muitas modalidades esportivas.

Neste ano, o evento será realizado na cidade do Rio de Janeiro, no Brasil – país convulsionado por grave crise social, política e econômica. Mas este evento oferecerá uma “uma porta grande e eficaz” (1Co 16.9) para os evangélicos brasileiros testemunharem da graça livre de Deus, da morte e ressurreição de Cristo Jesus por pecadores e da obra convencedora e renovadora do Espírito Santo.

 

Falta de estrutura

Uma das maiores reclamações sobre a realização das Olimpíadas no Rio de Janeiro é que o município não tem infraestrutura para atender à população, tampouco às equipes olímpicas e atletas: o trânsito é caótico, e a localização das competições é toda espalhada pela complicada geografia do município, o que gera um pesadelo logístico. Para melhorar a mobilidade durante as Olimpíadas, o prefeito da cidade poderá decretar feriados e pontos facultativos sempre que necessário. Com essa intenção também, as escolas mudaram as férias de inverno de julho para agosto.

Para tornar a situação mais dramática, o município do Rio de Janeiro experimenta colapso em sua infraestrutura: sistema de saúde, com epidemia de doenças e infestação de mosquitos; financeiro, que acarreta atraso de salários e falência na prestação de serviços públicos básicos; de segurança, com níveis de violência subindo assustadoramente a índices comparáveis a países em guerra. Mesmo a celebrada beleza natural do Rio pode ser relativizada, pois faz agudo contraste com a favelização da cidade, resultado de políticas populistas, e que devastou grande parte de sua área verde, tornando-a a “Cidade maravilha / purgatório da beleza / e do caos / (…) Capital (…) / do melhor e do pior / do Brasil”, como dizia um popular rock brasileiro de 1992.

Garantiu-se por parte das autoridades a limpeza da Baía de Guanabara, mas foram promessas vãs. No lugar em que a pira olímpica será instalada, “uma galeria de águas pluviais lança um líquido escuro e pedaços de fezes na Baía de Guanabara”, segundo o jornal O Globo. O Washington Post resumiu os problemas de poluição e sujeira que o governo municipal não conseguiu resolver: “São os Jogos Olímpicos da sujeira”.

Segurança

Nos Jogos Olímpicos da Antiguidade, os arautos anunciavam uma “trégua sagrada”, que proibia a guerra durante o período dos jogos, o que visava proteger os espectadores e atletas durante vinda, estadia e regresso. Mas, num país onde ocorrem cerca de 50.000 assassinatos por ano, o pavor com o terrorismo parece ter chegado ao Brasil. Onze brasileiros convertidos ao Islã foram presos pela Polícia Federal em julho, sob a acusação de conspiração para realizar ataques terroristas no Brasil. Ao mesmo tempo, o terrorista sírio Jihad Ahmad Diyab, que estava preso em Guantánamo, Cuba, e que foi libertado e estava refugiado no Uruguai, desapareceu após cruzar a fronteira com o Brasil, gerando inquietação entre as forças de segurança.

No final de julho, multiplicaram-se as denúncias de possíveis ataques terroristas. No domingo 24 de julho, no aeroporto de Vitória, no estado do Espírito Santo, e em uma quadra residencial de Brasília, a capital do país, o esquadrão antibombas foi acionado por conta de “objetos estranhos”. Neste mesmo dia, um homem ameaçou “explodir” um centro universitário em Salvador, Bahia, onde seria realizada uma prova de admissão de advogados em sua Ordem.

Noticiou-se as vicissitudes enfrentadas pela Força de Segurança Nacional, um tipo de milícia subordinada diretamente ao governo federal, escalada para ajudar na segurança das Olimpíadas. Membros desta unidade reclamaram de condições precárias de alojamento e atraso no pagamento de diárias. E bombeiros, policiais civis e militares ameaçam fazer greves e manifestações, que, por sinal, vêm acontecendo em pequena escala. Correu o mundo a foto de policiais protestando no saguão do aeroporto internacional do Rio de Janeiro com o cartaz: “Bem vindos ao inferno”.

Mas o aparato de segurança mobilizado pelo governo federal impressiona. Haverá 88 mil militares escalados para proporcionar tranquilidade aos Jogos. Serão utilizados para operações de patrulhamento 12 navios, 1.169 carros, jipes e caminhões, 70 veículos blindados, 28 helicópteros, 48 embarcações de pequeno ou médio porte e 174 motocicletas. Este é considerado o maior esquema de segurança já montado na história da cidade.

Ainda assim, muito provavelmente por causa da insegurança, o número de chefes de Estado que comparecerão à abertura da Olimpíada deve ser pelo menos 30% menor do que o registrado em Londres, em 2012.

 

Problemas econômicos

Após as declarações do prefeito do Rio de Janeiro, em 15 de julho, sobre a “terrível situação” da segurança na cidade, 20 mil ingressos para a Olimpíada foram devolvidos. Os americanos são maioria entre os que desistiram de vir ao Brasil. Para amenizar o prejuízo econômico, a prefeitura do Rio anunciou que vai comprar e distribuir 500 mil ingressos dos Jogos Paralímpicos e 47 mil dos Jogos Olímpicos. Esta será uma “ajuda” do prefeito paga pelo contribuinte. E como um jornalista escreveu, “em função do cancelamento de alguns patrocínios, da menor venda de ingressos e do aumento dos gastos, o rombo do comitê olímpico deve chegar a quase 300 milhões de reais”.

Um dos principais jornais do país, ilustrando o alcance da corrupção, documentou que dos R$ 37,7 bilhões previstos para as obras das Olimpíadas, as empreiteiras envolvidas no escândalo de corrupção que devastou o principal partido esquerdista do país, o Partido dos Trabalhadores, vão embolsar R$ 27,5 bilhões. Ou seja, 73% do total.

O economista americano Andrew Zimbalist, especialista na avaliação dos dividendos de grandes eventos esportivos para os países que os sediam, concluiu três coisas sobre os Jogos: eles ajudaram a quebrar o Rio de Janeiro, o Brasil vai gastar o dobro do usual na sua realização e Dilma e Lula cometeram um “grande erro”. Como ele afirmou sobre a determinação dos esquerdistas de realizar a Copa e a Olimpíada, este “é o tipo de decisão que é tomada em ditaduras, como Rússia e China, que tentam fortalecer o Estado”.

O “mês do cachorro louco”

A situação política nacional também é motivo de tensão e apreensão, pois em 5 de agosto, quando haverá a abertura das Olimpíadas do Rio de Janeiro, o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) lerá seu parecer favorável ao afastamento definitivo da esquerdista Dilma Rousseff (PT), talvez a pior presidente que o país já teve. Os Jogos terminarão em 21 de agosto, quando o mandato de Dilma estará por um fio. Ao mesmo tempo, o ex-presidente Lula da Silva se tornou réu, entre outras, por obstrução de justiça.

 

Grandes esperanças

Um dos grandes benefícios de uma cidade receber os Jogos Olímpicos está no legado que este evento deixa para a população.

Os investimentos realizados no Rio de Janeiro, principalmente em mobilidade urbana, construções de áreas esportivas, hotéis, espaços para turismo e melhorias no transporte e comunicação foram, ainda que com falhas, gigantescos, impressionantes, num momento em que o Estado declara “estado de calamidade pública”. A visibilidade internacional do Rio está sendo imensa e, se tudo correr bem, isso poderá trazer algum bem para as combalidas finanças da cidade, do Estado e do país.

A Copa do Mundo de Futebol de 2014, ocorrida no Brasil, foi um grande evento que enfrentou dificuldades similares e deu certo de um modo geral. E muito se deu pela capacidade dos brasileiros de driblar as dificuldades por meio do improviso e da criatividade, o famoso “jeitinho brasileiro” que tanto surpreende estrangeiros.

Mas, para aqueles conscientes do quadro mais amplo, as Olimpíadas serão disputadas sob um cenário de temor, revolta ou indiferença, o que eclipsa para muitos brasileiros a beleza dos jogos.

Grande oportunidade para a igreja evangélica

Sob outra perspectiva, esta é uma oportunidade única para a igreja evangélica brasileira alcançar as nações em seu próprio solo. Diversas igrejas e vários ministérios para-eclesiásticos realizarão programas evangelísticos durante a copa. Um, em destaque, é o projeto Vidas em Jogo, parceria realizada entre o Ministério Fiel, o Ministério Ligonier e algumas igrejas do Rio de Janeiro, que visa distribuir gratuitamente publicações em português, inglês, espanhol, chinês, francês e árabe. Serão mais de 300.000 livros e 350.000 e-books do lançamento Corrida da Fé, escrito por R. C. Sproul, bem como do livro Quem é Jesus Cristo?, de Greg Gilbert, ligado ao ministério 9Marks.

Leonardo Sahium, pastor da Igreja Presbiteriana da Gávea, no Rio de Janeiro, que está ativamente envolvida neste esforço evangelístico, disse: “Para nós como Igreja de Jesus Cristo, os Jogos Olímpicos em nossa cidade são uma grande oportunidade de levar o evangelho de Jesus Cristo a mais de 200 nações que estarão representadas através de seus atletas, comissão técnica, jornalistas e turistas que virão para acompanhar e torcer por sua pátria. Teremos acesso a pessoas que vivem em países completamente fechados para a pregação da Palavra de Deus. Pessoas que nunca ouviram sobre Jesus Cristo poderão receber de nossas mãos a mensagem libertadora do evangelho”.

Um aspecto especialmente encorajador desse tipo de iniciativa é a oportunidade de ensinar a igreja sobretudo sobre a importância da evangelização e de envolver os membros da igreja nesta obra. Além disso, o envolvimento de igrejas cristãs de tradições diferentes que se envolverão nesta grande obra de distribuição de literatura e testemunho a respeito da centralidade da cruz de Jesus Cristo fortalece o senso de unidade entre o povo de Deus, contribuindo também para a expansão de seu Reino – e isso num momento-chave da história do Brasil.

Sahium continua, descrevendo os preparativos para este esforço evangelístico: “É muito bonito ver a mobilização de várias igrejas, de diferentes denominações e missões se tornando um só, no esforço de levar o evangelho aos povos que estarão em nossa cidade. Estaremos distribuindo o Evangelho nos trens, barcos, ônibus, ruas, praças e pontos turísticos. Temos pessoas prontas para compartilhar de Cristo, dentro dos lugares de competições. Agradecemos a Deus pelo apoio de igrejas irmãs e missões de outros países que estão nos ajudando com suas orações, pessoas e apoio financeiro, produzindo assim uma soma de esforços que multiplicarão os resultados evangelizadores para glória de Deus. Este será nosso legado, uma igreja unida em prol da evangelização, levando a mensagem de Jesus Cristo a todas as nações que estarão em nossa cidade. A Deus toda glória!”

A isso podemos dizer com muita alegria: Amém!

Por: Franklin Ferreira. © 2016 Ministério Fiel. Todos os direitos reservados. Website: MinisterioFiel.com.br. Original: Olimpíadas 2016: desafios para o Brasil, oportunidade para a igreja

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