O cuidado do Bom Pastor com viúvas solitárias

Viúvas, conheço muitas. Uma delas o marido foi assassinado, os filhos ainda eram pequenos. Ela ficou sozinha para criar os filhos. Ela é forte, geniosa, guerreira, trabalhadora, zelosa pela vida de seus filhos. Seus meninos cresceram e hoje são homens, cada um com a sua própria vida, e ela está sozinha, e bem. Estar só por tanto tempo resulta em algumas noites pensando na vida, enquanto sua mente é assaltada por pensamentos intensos de derrota. Por vezes, ela pensa não ser amada; outras vezes, pensa não ser importante ou especial para alguém. Seus pensamentos são tão intensos e frequentes que ela acredita serem verdadeiros, e, para além disso, eles desencadeiam falsos sentimentos de desafetos. Os pensamentos de derrota nocauteiam as emoções, e tudo fica escuro e sem sentido. As nuvens negras cercam a sua existência até ela quase parar de respirar!

Há a viúva “funcional”, aquela ovelha casada com um descrente, o que na verdade significa que ela tem um marido morto! Pois é, ovelha, morto porque não nasceu de novo, é inimigo do Deus que servimos, tem olhos mas não vê, tem ouvidos mas não escuta, e ela, a viúva de um marido morto-vivo, está só, espiritualmente só. Ela cuida espiritualmente de seu lar, ela ora pela vida de seu marido, instrui seus filhos no temor do Senhor, alimenta-se com a Palavra de Deus e, muitas vezes, não tem auxílio algum em sua vida espiritual. Vai sozinha à igreja, leva os filhos à EBD, aos encontros de jovens. Muitas vezes é constrangida por olhares que julgam, criticam, massacram seu coração já atordoado pelas cobranças da vida. Sim, parece um fardo.

Existem ainda as “viúvas” por abandono, estas são aquelas mulheres que são deixadas por seus maridos e se tornam solitárias. Além da solidão, sentem-se culpadas com pensamentos do tipo: O que foi que eu fiz para ele deixar de me amar? Ou podem pensar: O que será que eu deixei de fazer para que ele fosse embora e abandonasse a mim e as crianças?

Sozinha, com medo, cuidando dos filhos, constrangida, assustada com o futuro, confusa e insegura, envergonhada, ela sente-se acusada por seus próprios pensamentos, de mulher incompetente, afinal, não conseguiu manter seu casamento, a casa ruiu.

Inadequação é um sentimento recorrente entre as viúvas, solteiras, separadas. Essas pessoas se sentem “fora” do contexto, você já se sentiu “um pato fora d’água”? Assista a essa cena: Ela, a viúva, vai para uma comemoração familiar, com irmãos, primos, sobrinhos, pais, e seu coração solitário, olha ao redor e percebe que: – Ops, aqui estou eu novamente avulsa! Todos ao redor estão em pares, os jovens, os maduros e até aquela tia tímida que casou tardiamente.

Além do sentimento de inadequação, há a responsabilidade dobrada de cuidar de si mesma física, econômica e espiritualmente, apenas para citar uma parte da longa lista de deveres que vêm no pacote da viuvez. E, ah, ia me esquecendo de que tomar decisões solitárias também faz parte do novo pacote de experiências (isso me lembrou do manual de instrução da mesinha nova de cabeceira que dizia: “monte você mesma”).

Além disso, ficam as feridas mal cicatrizadas e os sonhos mal assados. A vida continua, e os superpoderes femininos parecem insuficientes para se prosseguir no caminho. Onde é mesmo a saída?

Você tem um pastor

Keep calm, ovelha, você tem um pastor! Então, chegou a hora de escavarmos as Escrituras em busca de alimento sólido, e o Bom Pastor, mais uma vez, será poderoso para nos saciar.

Primeiro e antes de tudo, se você é uma viúva verdadeira, ou seja, aquela mulher sozinha que não tem amparo de sua família (porque não são cristãos, ou porque são imaturos nas doutrinas da fé, ou até mesmo porque não tem condições), se você está nesta condição de verdadeira necessidade, espere em Deus e persevere em oração.

Aquela, porém, que é verdadeiramente viúva e não tem amparo espera em Deus e persevera em súplicas e orações, noite e dia. (1Tm 5:5)

E isso não significa, de maneira nenhuma, que estou dizendo para você cruzar os braços e esperar o suprimento vir alado dos céus! Suas necessidades não fazem de você uma pessoa passiva, incapacitada; aqui a ordem é para que se junte ao Senhor, em oração, submetendo-se ao seu governo soberano e descansando na confiança de que o Senhor cuida de nós. É no exercício contínuo (dia e noite) que é forjada em nós uma alma verdadeiramente piedosa. É neste constante orar e suplicar que aprendemos a depender do Senhor e a confiar em sua justiça. Ovelha, não há movimento de crescimento se não houver desafios.

E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado. Rm 5:3-5

Os desafios produzem a perseverança de estar com o Senhor em oração, e vamos ser realistas, será que seríamos perseverantes em oração e vida piedosa se tudo em nossas vidas estivesse pacífico e ordenado? Creio que não, digo por mim mesma. Então, perseverando vem a experiência. Somente com experiência é que podemos chegar à esperança. Quem não experimenta não pode provar pessoalmente o poder de Cristo, e quem não prova só conhece de ouvir falar, não pode ter a viva esperança no Cristo que morreu e ressuscitou, e que voltará para nós. Para crescermos e conhecermos Jesus Cristo, temos que passar pelas dificuldades. São os solavancos da vida que nos colocam de joelhos e nos fazem depender do senhorio do Pastor; sem as vicissitudes da vida, ficamos cegamente crendo em nossa própria autossuficiência e superpoderes. Apenas quando estamos abatidas, nocauteadas, na lona, com o nariz encostadinho no chão, percebemos o quanto somos fracas e necessitadas, desesperadoramente necessitadas de um herói: o Salvador! (amo esse som! Experimente, diga em voz alta: S-A-L-V-A-D-O-R, meu Salvador, SALVADOR é nome de herói).

Ovelha, foi ele que derramou o sangue por você, vibre com isso, sua vida tem um preço, um custo, e quem a comprou não a abandonou, porque ele mesmo disse: “nunca jamais te abandonarei” (Hb 13:5). Ele a ama, deu a vida dele pela sua vida (Jo 3:16), para que você tenha vida e vida em abundância (Jo 10:10).

Nada vai lhe faltar, ele não vai abandoná-la, não se esqueça disso (Hb 13:5). Ele ainda irá aperfeiçoá-la (1Pe 5:5), transformá-la e cuidar da sua velhice (Is 46:4).

Ovelhinhas solitárias, não permitam que sua mente produza raiz de amargura em sua vida. Paulo, o apóstolo, escreveu em Filipenses 4:11 que aprendeu a viver contente em toda situação. Sim, eu sei, parece impossível, mas é a graça de Deus derramada em sua vida que produz contentamento. Quero enfatizar o verbo APRENDER. Nós precisamos ser ensináveis; precisamos usar as ferramentas que Deus nos deixou e que nos capacitam a aprender: Bíblia, oração, pregação, comunhão, memorização das Escrituras e meditação.

Desafio você a começar hoje mesmo uma nova vida devocional. Ore e siga!

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Hb 13:5 Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei.

Jo 3:16 Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.

 Jo 10:10 O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.

1 Pe 5:10 Ora, o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar.

 Is 46:4 Até à vossa velhice, eu serei o mesmo e, ainda até às cãs, eu vos carregarei; já o tenho feito; levar-vos-ei, pois, carregar-vos-ei e vos salvarei.