Um blog do Ministério Fiel
4 práticas da igreja comprometida com a Grande Comissão
A Grande Comissão não convoca as igrejas a agirem como o departamento de carros. Também não exige que elas atuem como balcão de informações. Agora eu tenho mais uma para você: a Grande Comissão não chama as igrejas para atuarem como equipes esportivas profissionais.
A equipe da minha igreja gosta de brincar comigo por eu não saber muito sobre esportes, o que pode ser justo. Mas eu sei que o objetivo de cada equipe esportiva é vencer o campeonato. Uma equipe tentará contratar os melhores jogadores, construirá as melhores instalações de treinamento e otimizará sua equipe técnica para conquistar o maior troféu do campeonato. Claro, uma equipe fica feliz por outras equipes existirem. Sem elas não haveria campeonato. Mas o seu principal objetivo é vencer as outras equipes.
Agora, duvido que muitas — se houver alguma — igrejas pensem explicitamente consigo mesmas: “Temos que vencer aquelas outras igrejas!”. Mas permita-me fazer algumas perguntas diagnósticas para avaliar uma mentalidade do tipo “nossa equipe é a melhor”:
- Você, alegremente, envia os seus melhores “jogadores” para outras igrejas?
- Você se alegra se, após orar por avivamento, ele ocorrer à outra igreja na rua? (Agradeço a Andy Johnson por esta ótima pergunta!)
- Você ora regularmente por aquela outra igreja na rua, bem como pelas outras igrejas em sua cidade?
- Você doa alguma parte do seu orçamento para revitalizar igrejas antigas ou criar novas igrejas em sua cidade, em todo o país ou no exterior?
Muitas vezes, uma competitividade grotesca entre igrejas caracteriza as igrejas evangélicas. Mas uma igreja comprometida com a Grande Comissão não compete com outras igrejas que pregam o evangelho, porque sabe que cada igreja que anuncia o evangelho está “jogando” na mesma equipe.
Igreja comprometida com a Grande Comissão = Igreja que planta igrejas
Aqui está o ponto mais abrangente: uma igreja comprometida com a Grande Comissão é uma igreja evangelizadora e discipuladora, mas também é uma igreja que planta e revitaliza igrejas. Ela deseja ver o reino de Deus crescer através do seu próprio ministério, mas também quer ver o reino expandir-se além das suas próprias paredes por meio de outras igrejas.
Assim, tal igreja está interessada em facilitar muitas atividades evangelísticas para além de si mesma, de modo a atrair pessoas de fora para si. Mas também está interessada em ver os seus esforços culminarem em plantação ou apoio a outras igrejas locais. Ela não está satisfeita com sua própria saúde; ela deseja ver muitas outras congregações saudáveis, que creiam na Bíblia e que preguem o evangelho.
Tal igreja encoraja outras igrejas e plantações de igrejas evangélicas, mesmo que estejam a vários quarteirões de distância. E ora por elas nominalmente. Ela está disposta a enviar boas pessoas que ajudarão essas outras igrejas. Ela também se esforçará por plantar ou construir outras igrejas do outro lado do mundo.
Uma igreja comprometida com a Grande Comissão trabalha e ora para levantar homens qualificados para serem presbíteros, e depois os envia desinteressadamente.
Ela se esforça para alinhar o seu orçamento com essas prioridades da Grande Comissão. Algum dinheiro é guardado para o ministério local, mas algum dinheiro é designado para ajudar outras obras, tanto próximas quanto distantes.
Ela se esforça para recuperar congregações que estão em declínio onde seja possível.
Ela se empenha em todos os tipos de meios públicos e privados para cultivar essa mentalidade de equipe com outras igrejas centradas no evangelho entre os seus próprios membros. Os membros e líderes ficam tão felizes com uma nova igreja que prega o evangelho, como por um novo restaurante que é inaugurado em uma terra onde há fome.
Então, o que uma igreja comprometida com a Grande Comissão faz? Quero oferecer quatro ações estratégicas.
Cultiva uma cultura de disciplina
Em primeiro lugar, uma igreja comprometida com a Grande Comissão cultivará uma cultura de discipulado entre os seus próprios membros. Ela ajuda cada membro a ter a responsabilidade de ajudar outros crentes a crescerem na fé. Os pastores capacitam os santos para a obra do ministério, diz Paulo (Efésios 4.11-12), o que significa que a obra do ministério pertence a todos os santos. Todo o corpo, falando a verdade em amor, cresce à medida que se edifica, cada parte fazendo o seu trabalho (Efésios 4.15-16, veja também 1 Coríntios 12.14).
Discipulado é o meu seguir a Jesus. Discipular sou eu ajudando alguém a seguir a Jesus (por exemplo, 2 Timóteo 2.2). E em uma igreja comprometida com a Grande Comissão, homens mais velhos na fé discipulam homens mais jovens, e mulheres mais jovens buscam as mulheres mais velhas. Por exemplo, se você é uma mulher solteira, pode oferecer a uma mãe em tempo integral ajuda com a lavagem de roupas em troca da oportunidade de fazer muitas perguntas! Se você é um presbítero que esina em uma classe de adultos na escola dominical, certamente pode recrutar um professor auxiliar. E o seu objetivo, em certo sentido, é treinar e entregar o trabalho de ensino para ele. Então, você pode ir e começar outra classe e gerar outro professor auxiliar.
Tal igreja possui a sensibilidade geográfica implicada pela ordem de Jesus para “ir”. Para aqueles que ficam, portanto, “ir” pode muito bem significar aproximar-se da igreja ou dos grupos de seus membros. Dessa forma, é fácil ministrar aos outros durante a semana. Onde você mora? Você está ajudando a cultivar uma cultura de discipulado em sua igreja no lugar onde escolheu alugar um apartamento ou comprar uma casa?
Uma igreja comprometida com a Grande Comissão deve ser desconfortável, mesmo provocativa, para um cristão nominal. Se você aparecer como um visitante em tal igreja no domingo apenas como parte do seu dever religioso ocasional, pode não gostar muito disso. Você poderia ser bem-vindo, mas os membros da igreja não poderiam ficar como você está. Eles estão entregando as suas vidas inteiras para seguir a Jesus, e eles se comprometem a ajudar uns aos outros a seguirem a Jesus. Tal compromisso e tal atividade fazem parte da própria cultura: perguntas intencionais, conversas significativas, oração e lembranças contínuas do evangelho.
Veja o Plano Mestre de Evangelismo, de Robert Coleman [Mundo Cristão]; A Treliça e a Videira, de Colin Marshall e Tony Payne [Editora Fiel]; ou meu próprio Discipulado [Vida Nova] para mais sobre este tópico.
Cultiva uma cultura de evangelismo
Em segundo lugar, uma igreja comprometida com a Grande Comissão cultivará uma cultura de evangelismo. Por um lado, os membros sabem que o evangelho será pregado em cada reunião semanal. Então, eles são estimulados a convidar seus amigos que não são cristãos. O evangelho irradia através do louvor, da oração e de cada sermão.
Você confia que qualquer não-cristão que você levar à sua igreja ouvirá o evangelho? Se não, o que pode fazer sobre isso?
Por outro lado, uma igreja comprometida com a Grande Comissão se esforça para treinar os seus membros no evangelismo, porque sabe que coletivamente eles verão mais não-cristãos durante a semana do que jamais poderá caber no edifício da igreja. Portanto, “sucesso” no evangelismo não é simplesmente levar os seus amigos não-cristãos à igreja para que eles ouçam o evangelho. O sucesso é compartilhar o evangelho com seus vizinhos e amigos não-cristãos.
Assim, a igreja trabalha para capacitar os seus membros no evangelismo para que eles saibam como compartilhar o evangelho com os outros. Minha própria igreja faz isso através de escolas dominicais dedicadas ao evangelismo. Eu tento formular como deve ser o envolvimento com os não-cristãos em minha pregação, particularmente na maneira como abordo explicitamente os não-cristãos. Tentamos capacitar os nossos membros oferecendo-lhes ferramentas evangelísticas como “Duas Formas de Viver” ou recursos como “O Cristianismo Explicado” ou “O Cristianismo Explorado”. Nós distribuímos muitos “Quem é Jesus?”, de Greg Gilbert, aos membros, para que eles dêem aos seus amigos não-cristãos. Nós também compartilhamos sobre oportunidades evangelísticas através de nossa reunião de domingo à noite. Ouvir e orar pelas oportunidades evangelísticas de outros membros encoraja as próprias tentativas pessoais de compartilhar as boas novas.
O que a Grande Comissão significa para você? Significa que Jesus chamou você para ser alguém que faz discípulos. Ele convoca você tanto a evangelizar os incrédulos como a discipular os crentes. Você deve estar fazendo isso pessoalmente; em casa, no trabalho, no seu bairro, entre os seus amigos. Você deve estar fazendo isso em e por meio da sua igreja.
Portanto, use os seus companheiros e membros da igreja para ajudá-lo. Convide um presbítero para almoçar e peça conselho. Compartilhe e ore com seu pequeno grupo. Saia e evangelize com seus amigos.
Para mais sobre este tópico, veja qualquer livro de Mack Stiles, especialmente Evangelização [Vida Nova], ou o meu livro O Evangelho e a Evangelização [Fiel].
Esforça-se para alcançar os não-alcançados por meio de missões
Em terceiro lugar, uma igreja comprometida com a Grande Comissão trabalha para alcançar os não-alcançados por meio de missões. Qual é a diferença entre missões e evangelismo e plantação de igrejas no próprio país? Na verdade, as missões são exatamente o que chamamos de evangelismo e plantação de igrejas quando atravessam fronteiras étnicas, culturais e tipicamente nacionais.
Jesus nos ordena: “ide, fazei discípulos de todas as nações”. Eu não falei muito sobre esse assunto porque muitos outros livros tratam muito bem dessa questão. Mas é difícil saber como uma igreja pode ler esse mandamento e não se comprometer a levar o evangelho a nações que nunca ouviram o evangelho antes.
Nenhuma congregação pode ter como alvo todos os lugares ao redor do planeta. Portanto, acho que as igrejas são sábias ao concentrar seus próprios esforços missionários em poucos lugares. Minha própria igreja, por exemplo, concentra-se em vários países da chamada janela 10/40, que é a região do hemisfério oriental entre 10 e 40 graus ao norte do equador. Essa é a região do mundo onde há a menor porcentagem de cristãos.
Se você é membro de nossa igreja e manifesta interesse em realizar missões, poderemos investir mais recursos para apoiá-lo se você for para um dos lugares onde já investimos. Somos simplesmente incapazes de patrocinar cem pessoas que vão para cem lugares diferentes. Por esse motivo, preferimos apoiar poucos missionários com mais dinheiro do que muitos missionários com pouco dinheiro. Isso permite que os missionários que apoiamos passem menos tempo arrecadando dinheiro e mais tempo fazendo a obra de plantação de igrejas. Ademais, isso nos ajuda a ter um relacionamento com eles e oferecer prestação de contas.
Nossa igreja trabalha diretamente com missionários e trabalhamos através de organizações missionárias como a Junta de Missões Internacionais da Convenção Batista do Sul. Também trabalhamos com grupos maravilhosos como o Access Partners, que ajudam a colocar os empresários em lugares estratégicos em todo o mundo em suas vocações de negócios, para que possam ajudar os missionários de longo prazo no campo.
Que papel você deve ter como cristão individual ajudando a sua igreja a alcançar os não-alcançados? Certamente você deve orar pelos missionários de sua igreja. Conheça-os quando estiverem em período de licença. Talvez, avalie viagens missionárias de curto prazo que lhe permitirão apoiar os trabalhadores de longo prazo. Leia biografias missionárias. E, talvez, pense em ir. Voltaremos a essa questão daqui a dois capítulos.
Há uma última coisa que você e sua igreja podem fazer para alcançar os não-alcançados: procure por estrangeiros em sua própria cidade. Minha própria igreja se esforça arduamente para alcançar estudantes estrangeiros, mas que grupos de estrangeiros vivem em sua cidade? Se você alcançá-los com o evangelho bem ali em sua cidade natal, há uma boa chance de que o evangelho se espalhe para o lugar de onde eles vieram.
Veja Alegrem-se os povos [Cultura Cristã], de John Piper, para mais sobre este tópico.
Esforça-se para fortalecer outras igrejas
As igrejas geralmente têm uma linha de orçamento para missões. Eu acho que vale a pena acrescentar uma linha orçamental “Apoiando igrejas saudáveis” também. Esforçar-se para fortalecer outras igrejas é uma quarta prática das igrejas que cumprem a Grande Comissão.
Minha própria igreja usa essa linha para apoiar muitas coisas, como nosso programa de estágio pastoral. Pagamos doze rapazes por ano para fazerem um estágio conosco, a maioria dos quais acaba pastoreando ou servindo outras igrejas.
Também usamos a linha para apoiar o ministério 9Marks, que é dedicado como um ministério para erguer igrejas saudáveis.
Nós estruturamos nossa equipe de modo intencional para que as pessoas sejam treinadas e enviadas. Assistentes pastorais nos servem por 2 a 3 anos e depois espera-se que sejam enviados. Pastores assistentes nos servem por 3 a 5 anos e depois vão. Somente eu e os pastores associados (juntamente com quaisquer pastores ou presbíteros que não façam parte da equipe) devem permanecer em nossa igreja a longo prazo. Os demais, nós os capacitamos para partir.
Nossa igreja patrocina conferências de fim de semana, onde pastores de todo o mundo se unem a nós para nossas reuniões regularmente agendadas, bem como para várias palestras especiais e momentos de perguntas e respostas. Eu também participo em telefonemas semanais com várias outras redes de pastores de todo o mundo para os mesmos propósitos. Cada uma dessas conversas me dá a oportunidade de orar e me esforçar por igrejas saudáveis em todo o mundo.
Grande parte do trabalho que fazemos para fortalecer outras igrejas através do plantio e revitalização de igrejas fazemos em nossa própria região, que é o tema do próximo capítulo. (Esse capítulo inteiro, em outras palavras, é uma extensão desta seção). Mas também fazemos alguns plantios e revitalizações em todo o mundo. Por exemplo, enviamos um irmão, John, para uma igreja em Dubai, nos Emirados Árabes, quando a igreja estava em busca de um pastor há quase uma década. Deus usou John de maneiras poderosas para revitalizar essa igreja internacional. Um de seus principais presbíteros, que ajudou a levar John para lá, era Mack, um velho amigo meu. Uma vez que John e Mack conduziram a igreja a uma condição saudável, Mack e outro irmão, Dave, deixaram a igreja para plantar outra igreja a 30 minutos de distância. Também enviamos um antigo assistente pastoral e um estagiário para ajudar Mack e Dave nesse novo trabalho. Simultaneamente, enviamos outro estagiário pastoral para plantar mais uma igreja em outra cidade dos Emirados Árabes.
Agora temos três igrejas saudáveis em funcionamento nesse país muçulmano. Nada disso era parte de algum grande plano nosso. Na verdade, nem a oportunidade de revitalização nem as duas oportunidades de plantio foram iniciadas por nós. Estávamos ali apenas para orar, ajudar e enviar apoio financeiro e humano para onde pudéssemos. Aliás, muitos de nossos membros têm mudado os seus trabalhos para os Emirados Árabes Unidos para ajudar o trabalho dessas igrejas. Nossa igreja não ganha de nenhuma outra forma além da pura alegria de ver o reino de Deus se expandir nessa terra estrangeira.
Muitos desses exemplos se concentraram no que eu, como o pastor, fiz. Mas supondo que você seja um membro comum da igreja, o que você pode fazer para ajudar a fortalecer outras igrejas, seja em sua região ou em todo o mundo? Obviamente, você pode orar por outras obras pessoalmente. Você pode orar por outros trabalhos com sua família no jantar. Você pode apoiar outros trabalhos financeiramente.
Com certeza, você deve ter cuidado ao criticar outras igrejas. Sim, existem lugares onde as práticas de sua igreja ou doutrinas secundárias podem diferir das de outras igrejas. E sim, temos motivos deliberados para essas áreas de desacordo. Eu não estou dizendo para você desprezar esses desacordos. Mas tenha em mente que as questões secundárias sobre as quais sua igreja pode discordar de outras igrejas não são tão importantes quanto o evangelho que todos nós compartilhamos. Portanto, proteja-se contra um espírito crítico, e busque formas de se alegrar em parcerias evangélicas compartilhadas.
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Nota do editor: Este artigo é um trecho de Understanding the Great Commission [Compreendendo a Grande Comissão], na série Church Basics [Fundamentos da Igreja], (B&H, abril de 2016), que está prestes a ser publicado. Reproduzido com permissão da B&H.