Um blog do Ministério Fiel
Você não pode plantar uma igreja se não sabe o que é uma
Então, você está pensando em plantar uma igreja.
Do que você acha que precisa? Do evangelho? Sim. Do poder capacitador do Espírito? Sim. De uma igreja que o envie? Sim. De outras pessoas para irem com você? Sim. De algum dinheiro? Provavelmente.
Mas, e quanto a uma eclesiologia robusta?
A eclesiologia não pode ser suposta nem deve ser considerada uma distração para a “missão” do plantador de igrejas. Também não pode ser um tipo de complemento que você acrescenta aqui e ali conforme tiver necessidade. Antes, a eclesiologia deve informar, instruir e até mesmo estimular a missão de plantar igrejas para a glória de Deus.
Em outras palavras: plantador de igrejas, você precisa de uma eclesiologia robusta que esteja bem estabelecida antes de começar a tentar plantar uma igreja.
Uma igreja é mais do que uma reunião de pessoas em torno de um ponto de pregação e louvor. Existem diretrizes bem definidas que nos foram dadas pelo Senhor. Essas diretrizes distinguem os cristãos do mundo, de modo a prefigurarem uma cidade melhor na qual todos nós viveremos por toda a eternidade. Devemos dedicar tempo para pensarmos nessas diretrizes e cuidadosamente instituí-las para o bem do nosso próximo e para a glória de Deus.
Plantamos a igreja Restoration [Restauração] aqui no Distrito de Columbia, em 2010. Permita-me acompanhá-lo através de quatro das perguntas que nos foram instrutivas quando começamos o nosso trabalho.
1. O que é uma igreja?
Essa pergunta parece ridiculamente simplista, mas respondê-la provou ser uma das coisas mais úteis que fizemos.
Nosso estudo bíblico era uma igreja? A reunião de pessoas com música e pregação era uma igreja? Como sabemos que “fomos bem-sucedidos” em plantar uma igreja?
Ao simplesmente analisarmos a palavra “igreja” (ekklessia) na Bíblia, aprendemos que a igreja era uma assembleia de pessoas “chamadas”.
Também achamos a definição clássica maravilhosamente prática. Essa definição exige três coisas antes de uma reunião de cristãos ser considerada uma “igreja”:
- A pregação correta da Palavra de Deus (Proclamar o evangelho)
- A administração correta das ordenanças (Representar o evangelho)
- Exercer a disciplina eclesiástica restauradora (Proteger o evangelho)
Munidos com essa definição e essas três descrições, soubemos com o que nosso objetivo e sucesso se pareciam.
2. Quem compõe a igreja?
A resposta a essa pergunta pode parecer fácil, exceto por todos aqueles alertas na Bíblia sobre falsos mestres, cristãos professos que não perseveram e aqueles que fazem coisas em nome do Senhor, mas nunca foram realmente conhecidos por ele. Portanto, sabíamos que precisávamos ter cuidado com quem se identificava com a igreja.
Textos como Mateus 16.13-20 e 18.15-20 foram maravilhosamente instrutivos para nós. Eles nos ajudaram a ver a necessidade de definir corretamente a mensagem do evangelho e aqueles que possuem essa mensagem, recebendo e excluindo pessoas de acordo com a doutrina e vida evangélicas.
Por causa disso, também passamos muito tempo ensinando sobre o evangelho e sobre como é viver como um cristão. Somente depois de fazer tudo isso, começamos a receber aqueles em nosso entorno para a composição da igreja que estávamos formando com oração (1 Coríntios 12).
3. Quem participa das ordenanças?
Uma vez que a definição de uma igreja e das pessoas que compõem a igreja foi esclarecida, começamos a discutir a relação entre a igreja e as ordenanças do batismo (Mateus 28.19-20; Romanos 6.1-4) e da Ceia do Senhor (Marcos 14.22-25; 1 Coríntios 11.17-33).
As ordenanças foram dadas à igreja como sinais ou indicadores dos embaixadores do reino. Portanto, sabíamos instintivamente que não as praticaríamos até que nos tornássemos uma igreja.
Em 28 de março de 2010, tivemos uma cerimônia em que os membros se comprometeram uns com os outros em acordo com nossa declaração de fé e um pacto da igreja. Outro homem e eu fomos depois estabelecidos como presbíteros e somente depois disso praticamos o batismo e celebramos juntos a Ceia do Senhor.
Você pode imaginar a alegria daquelas pessoas naquela noite quando nos reunimos e nos tornamos uma igreja. Exatamente aquilo que estivemos orando, ensinando e falando durante muitos meses finalmente se tornou uma realidade. Uma igreja foi plantada e Cristo foi exaltado enquanto outra reunião de cristãos foi distinguida do mundo pelas diretrizes claras e enfáticas da membresia, batismo e Ceia do Senhor.
4. Qual é o meu trabalho como pastor?
Fomos estabelecidos como pastores porque nosso povo havia sido instruído sobre o que buscar nas epístolas pastorais (1 Timóteo 3.1-7; Tito 1.5-9). Uma vez que nos tornamos uma igreja e fomos oficialmente chamados de pastores, tomamos nossas instruções a partir de Atos 6.1-6 e 20.17-35.
Essas passagens nos diziam que a maior parte do nosso trabalho era pregar, orar, vigiar por causa dos lobos, pastorear o rebanho, vigiar a nós mesmos, cuidar de nossas famílias e fazer discípulos. Hebreus 13.17 também se destacou em nossas mentes: prestaremos contas a Deus por como conduzimos essas pessoas.
Eclesiologia é importante
Uma eclesiologia clara no princípio definiu a nossa orientação para a plantação de igrejas. Ela nos direcionou, nos encorajou e nos manteve focados no plano de Deus para o seu povo. O trabalho foi e continua sendo difícil. Mas nunca nos arrependemos de empunhar a espada da Palavra de Deus no árduo trabalho de plantar igrejas.
A eclesiologia é uma das metodologias de Deus para a glória. Ela não desacelera ou se desvia da missão. Em vez disso, ela estimula a missão da igreja distinguindo o povo de Deus do mundo. Paulo escreveu a uma igreja local e disse-lhes que eram “luzeiros… no meio de uma geração pervertida e corrupta” (Filipenses 2.15).
Plantador de igrejas, pense nessas questões agora. Não espere para instituir convicções claras depois de reunir uma multidão, mas cuidadosamente as estabeleça enquanto você é enviado. Explique aos que estão à sua volta o que você está ou não está fazendo, para que eles possam estar informados pelo bem do próximo e para a glória de Deus.