Um blog do Ministério Fiel
O casamento é muito bom, a solteirice é ainda melhor
Por que Paulo encoraja as pessoas a pensarem duas vezes antes de casar?
“…tais pessoas [que se casam]”, ele diz, “sofrerão angústia na carne, e eu quisera poupar-vos” (1 Coríntios 7.28). De fato, ele usa a mesma expressão para “angústia na carne” em outras passagens para descrever a pobreza (2 Coríntios 8.2), a tribulação (1 Tessalonicenses 1.6) e mesmo a cruz (Colossenses 1.24). Isso não significa que o casamento não é repleto de uma alegria maravilhosa. Todas as alegrias mais profundas de Paulo vieram através do sacrifício e do sofrimento (Romanos 5.3-5). Como tudo o que é difícil, quando feito para Cristo, o casamento nos fortalece para que perseveremos na fé, refina e purifica o nosso caráter, promove a esperança que temos em nosso Redentor e nos lembra da torrente do amor de Deus que foi derramado em corações e vidas.
Depois Paulo diz: “O que realmente eu quero é que estejais livres de preocupações. Quem não é casado cuida das coisas do Senhor, de como agradar ao Senhor; mas o que se casou cuida das coisas do mundo, de como agradar à esposa, e assim está dividido” (1 Coríntios 7.32-34).
A preocupação no casamento não é ruim ou desnecessária. Na verdade, a preocupação é fundamental para ter um casamento saudável que enfatiza Jesus. Se um marido não se preocupa com a sua esposa, ou uma esposa não tem preocupações por seu marido, o casamento pode sobreviver, mas não pode ser saudável. Precisamos sentir uma constante responsabilidade um pelo outro, estar atentos às necessidades do outro — diariamente (e alegremente) passando tempo um com o outro.
As distrações não são (necessariamente) penosas, mas são reais. Paulo expressa a matemática simples para pessoas casadas: parte do tempo, da energia e da atenção que você dispende ao cuidar do seu cônjuge também não pode ser gasto com Jesus e com os outros. Isso não significa que vocês não encontrarão maneiras criativas e significativas de buscarem a Cristo e servirem juntos. Vocês encontrarão, e vocês devem fazê-lo.
Isso significa que você terá que passar muito tempo focado nas necessidades de seu cônjuge e não em sua devoção pessoal ao Senhor ou em usar os seus dons para cumprir a Grande Comissão. No casamento, você verá e experimentará o evangelho de modo inédito, e provavelmente terá menos oportunidades de orar, ler e servir do que tinha enquanto era solteiro. É uma boa troca — eu amo ser casado — mas é verdadeiramente uma troca.
Paulo de tal modo cria no potencial da solteirice que ele mesmo incentivava as viúvas a permanecerem solteiras. Ele diz um pouco depois: “A mulher está ligada enquanto vive o marido; contudo, se falecer o marido, fica livre para casar com quem quiser, mas somente no Senhor. Todavia, será mais feliz se permanecer viúva” (1 Coríntios 7.39-40). Pense nisso por um momento: uma mulher de 30, 40 ou 50 anos deixada sozinha, talvez com crianças, sem marido para protegê-la. Paulo diz que mesmo para tal mulher pode ser melhor não se casar.
Paulo só poderia fazer essa afirmação por causa de quão concentrado ele estava na vida vindoura e em fazer com que a vida presente servisse para aquela. Qual foi a sua conclusão? “E, assim, quem casa a sua filha virgem faz bem; quem não a casa faz melhor” (1 Coríntios 7.38). O casamento é muito bom. A solteirice pode ser ainda melhor. As suas perspectivas sobre Jesus, o céu e o inferno são grandes o suficiente para crer nisso?
A vida é curta
Muitos se esforçarão apenas para sobreviver à solteirice e aguardarão para considerar seriamente Jesus e sua missão mais tarde, quando as coisas se estabelecerem na vida. Poucos corajosos dentre nós desenvolverão hábitos de pessoas que ainda não casaram, como conhecê-lo profundamente e compartilhá-lo sem impedimentos, provavelmente muito além do que poderíamos fazer depois do dia do casamento. A solteirice tem o potencial de ser um jardim — ou uma academia, uma cozinha ou uma escola — para uma devoção a Jesus sem distrações, diferente de qualquer outra época de nossas vidas. Para crermos nisso, precisamos aprender algumas coisas sobre essa vida. Aqueles que vivem para a glória de Deus — que vivem agora para a vida vindoura — irão sentir uma urgência persistente e mesmo dolorosa.
O trabalho que temos a fazer, em nossos corações e por causa dos perdidos, é o mais importante que já foi feito na história, e não resta muito tempo. João escreve: “Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente” (1 João 2.17). Ao contrário de você e do céu, a Terra está passando e isso de modo relativamente rápido. À luz da eternidade, tudo ao seu redor que parece tão firme, real e divertido passará antes que os conheçamos. Este mundo, as suas promessas, as suas experiências e as suas prioridades — não são o melhor investimento de nossa energia e preocupação
A vida é curta. Você e todos ao seu redor viverão, em média, um pouco mais de 70 anos. Esse período parecerá menos do que uma pausa para ir ao banheiro, em comparação com a eternidade diante de nós. Tudo no mundo está ensinando você a prolongar cada momento o máximo possível, absorver cada última gota do seu tempo aqui na Terra. Mas você não foi feito para isso, e você não continuará aqui por muito tempo.
Precisamos parar de crer na mentira de que tudo o que temos aqui é tudo o que temos e começar a pensar em tudo o que temos aqui como algo a ser investido no que está por vir. Se o mundo inteiro passasse hoje, amaríamos o que permanece? Nós desenvolvemos esses “músculos espirituais” agora, ao dizermos com tudo o que temos e fazemos hoje, que Jesus é o nosso maior tesouro. A vida é curta, e tudo o que temos e vemos aqui está passando. Tudo, exceto Jesus.
Nota do editor: Este é um trecho adaptado do novo livro de Marshall Segal, “Not Yet Married: The Pursuit of Joy in Singleness and Dating” [Ainda Não Casado: A Busca pela Alegria na Solteirice e no Namoro] (Crossway, 2017), publicado aqui em parceria com Crossway.