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Ulrico Zwínglio: suas reformas e teologia (Partes 2) (Reforma500)
(Leia a Parte 1)
Logo se tornou evidente que o desafio ao Catolicismo medieval deveria ser abordado publicamente. O conselho de Zurique convocou várias disputas públicas para tratar do assunto, em preparação para o que Zwínglio publicou seus 67 Artigos ou Conclusões. Eles se assemelham às 95 teses de Lutero, mas superam as últimas em termos de profundidade teológica.
O primeiro debate ocorreu em 29 de janeiro de 1523 (600 pessoas compareceram), o segundo em 26 de outubro de 1523. Este último, que atraiu 900 pessoas, concentrou-se mais no culto às relíquias e na missa. A articulada defesa de Zwínglio das Escrituras foi vitoriosa. Um terceiro debate ocorreu em 20 de janeiro de 1524 com resultados semelhantes. A reforma em Zurique foi completada em 1525, quando a missa Católica Romana foi abolida. O movimento foi confirmado em Berna em 1528 e em Basileia em 1529.
Zwínglio aparentemente lutou no início da vida contra a tentação sexual. Ele mesmo confessou que quebrou o seu voto de castidade em várias ocasiões e muitas vezes falou da vergonha que obscurecia a sua vida. De fato, sua nomeação para a igreja em Zurique em 1519 foi cotestada com base em rumores de que ele havia seduzido a filha de um cidadão influente. Segundo se verificou, essa “dama” havia seduzido muitos em Zurique, Zwínglio entre eles. A acusação de imoralidade foi finalmente abandonada quando se descobriu que o único rival de Zwínglio para o cargo vivia abertamente com várias amantes e tinha seis filhos ilegítimos! O próprio Zwínglio morava com uma viúva, Anna Reinhart, e finalmente se casou com ela em 1524 pouco antes do nascimento de seu filho.
Zwínglio morreu enquanto lutava contra as forças Católicas na batalha de Cappel, em 1531. Depois de ser ferido, foi reconhecido pelos Católicos e imediatamente morto. Seu corpo foi esquartejado (o castigo para traidores) e depois queimado com esterco para que não lhe restasse nada para inspirar outros Protestantes.
3. A teologia de Zwínglio
Zwínglio foi indubitavelmente dependente de Lutero durante muitos dos seus primeiros pensamentos. Em 1540, Calvino escreveu a Farel sobre Lutero e Zwínglio: “Se eles forem comparados um com o outro, você mesmo sabe o quanto Lutero se sobressai”. Zwínglio tentou enfatizar a sua independência de Lutero:
“Por que você não me chama de paulino, já que estou pregando como São Paulo… Não desejo ser rotulado como Luterano pelos Papistas, pois não foi Lutero quem me ensinou a doutrina de Cristo, mas a Palavra de Deus. Se Lutero prega a Cristo, ele faz o mesmo que eu. Portanto, não levarei sobre mim qualquer nome, senão o do meu capitão, Jesus Cristo, de quem eu sou soldado”.
Novamente,
“Não estou pronto para levar sobre mim o nome de Lutero, pois tenho recebido pouco dele. O que tenho lido sobre os seus escritos é geralmente fundamentado na Palavra de Deus”.
Zwínglio compartilhou os pontos de vista de Lutero e Calvino sobre a singular suficiência e autoridade da Escritura e sobre a soberania de Deus na salvação (eleição divina). Em seu livro On Providence [Sobre a Providência], Zwínglio argumentou em favor do controle providencial exaustivo de Deus sobre toda a vida, tanto do bem como do mal. Ele defendeu a abolição de todas as imagens e acessórios do Catolicismo medieval, temendo que eles servissem de obstáculos à simplicidade da fé em Cristo.