5 dicas para mães atarefadas e esgotadas

Recordo aquelas primeiras semanas de gravidez, por conta de alguns enjoos, mas sobretudo de muito sono. Ah, na primeira gravidez conseguia chegar a casa do trabalho, sentar-me no sofá e adormecer profundamente. Também recordo de a minha médica dizer que era normal, era uma forma maravilhosa que o organismo tinha de concentrar todas as suas energias na multiplicação de células e na formação do meu bebê. Obrigava-me a descansar para internamente, trabalhar. E muito! Quem já viu a progressão de uma ultrassonografia sabe o quanto o bebê cresce em poucas semanas. Com apenas 6 semanas vemos uma luz a piscar, um coração a bater (que emoção). Com 8 semanas, vemos já uma cabeça e um corpo a ser formado. E com 10, 12 semanas a silhueta perfeita de um humano. Não há com duvidar que é uma pessoa que ali se desenvolve, é tão claro.

Nas gravidezes seguintes tinha igualmente muito sono, mas havia crianças para tratar. O sofá tinha de esperar por umas horas mais tarde, mas chegava o descanso. E como sentia que precisava dele!

No final da gravidez, o cansaço retornava. Uma barriga enorme, pouca posição para dormir. Depois, nasce o bebê, já há posição para dormir, mas há um pequeno ser para alimentar. São muitos meses de falta de descanso, é uma grande verdade.

É comum ouvirmos as mães de bebês pequeninos dizerem que conseguem fazer muito pouco estando com eles o tempo todo. Quando não precisam ser alimentados, precisam ser cuidados ou colocados para dormir. São muitas as horas com um bebê ao colo e com os braços ocupados. Pensava na frase que eu própria disse tantas vezes, e agora ouço de outras amigas: “Fico presa sem poder fazer mais nada!”

Mas, e se estar com um bebê nos braços é mesmo um plano intencional de Deus para me obrigar a parar? E se essa é a única forma em que não temos alternativa senão sentar e pensar? Penso que estes tempos de ausência de descanso e sensação de fazer muito pouco e ter o trabalho a que nos propomos interrompido, só seriam possíveis com essa obrigatoriedade de parar.

Então, gostaria de compartilhar algumas ideias sobre o que fazer com essa fase da vida, que vai passar, e que pode ser tão deliciosa quanto frustrante:

1. Escolha orar

A primeira coisa quando sente a frustração de ter de parar, ore. Peça ajuda a Deus para encontrar a alegria necessária e o deslumbramento de parar e perceber o privilégio que é ter que adormecer um bebê, cuidar dele, ajudá-lo a crescer.

2. Escolha ler

Sei que a tentação, em momentos de exaustão, é ligar a televisão ou consultar a internet no celular. É possível gastar muito tempo a consultar lixo, simplesmente porque é menos cansativo e não exige muito. Mas na verdade, de pouco serve, senão tantas vezes para aumentar a sensação de inutilidade, quando se olha à volta e se vê uma casa por arrumar, um encontro adiado, uma vida em outro ritmo. Mesmo que uma mente cansada de noites mal dormidas tenha dificuldade em reter a leitura, vale a pena mesmo que demore mais tempo. Leia a Bíblia, leia livros que sejam intencionais para este momento da vida.

3. Escolha com quem falar

Uma das coisas boas – mais igualmente ruins – destes tempos, é o acesso à informação. Para qualquer indisposição ou doença há um fórum na internet, um artigo, uma resposta. Procure conselho com quem é uma referência, com quem ajuda a ver em perspectiva, com quem encoraja. A alegria é contagiosa, e com ela vem a renovação de forças.

4. Aceite ajuda quando for preciso ou arrisque quando não se sente capaz

Estes dois conselhos parecem contraditórios, mas são para ser seguidos por pessoas diferentes. Se é uma pessoa que tende a auto-suficiência (como eu), aceite ajuda mesmo quando achar que vai sobrecarregar alguém ou que não é assim tão necessário. Muitas vezes não aceitamos ajuda por questões de orgulho, por receio de incomodar, por achar que estar cuidando de filhos, e não trabalhando fora, é estar de férias. É um erro. Se, por outro lado, é uma mãe que está sempre atrapalhada e pensando que não vai conseguir sobreviver sem comida feita, ajuda de avós e vive em pânico com a ideia de não conseguir gerir tudo, calma. Vai conseguir. Demora a encontrar um ritmo, demora a ter de aceitar que coisas terão de ficar para trás (a casa impecavelmente arrumada é uma delas, certamente) mas vai descobrir e vai encontrar uma nova forma de viver.

5. Escolha ficar calada

Quando acorda no meio da noite com o sono interrompido. Costumo dizer que as maiores barbaridades que já disse na vida foram de madrugada, quando acordava constantemente e não dava para entender o que o bebê queria, e eu só desejava descansar e não via como. É fácil murmurar, azedar e discutir quando o descanso é interrompido. Mais vale a pena pensar duas vezes que a manhã vai chegar, o novo dia vai começar e o bebê irá sorrir como se não tivesse passado a noite chorando e nós vamos ter o peso do que murmuramos há algumas horas.

Tudo é passageiro

Com 4 filhos, estive cerca de 10 anos num ciclo de pouco descanso. Nessa época, parecia que o tempo não iria passar, que iria ter sempre filhos a chegar à cama de madrugada, que nunca teria roupa sem nódoas ou sempre teria a sala cheia de brinquedos. Mas hoje isso já não é uma realidade na minha vida. O tempo passou e nos damos conta de como o tempo de fato voou. Hoje sinto que aproveito melhor pequenos detalhes quando relembro de como esta é uma realidade, e de como há sempre uma última vez para todas as coisas.

Não há nada tão transformador como a maternidade. É um estado de vida que nos transforma como mais nenhum outro. É difícil e maravilhoso. Desafiante e recompensador. Valem-nos as misericórdias do Senhor que se renovam a cada manhã. Abro a janela da cozinha todas as manhãs e penso: é mais um dia que tenho para viver. Como vou escolher fazê-lo? Tudo fica melhor depois de um café, no meu caso. E depois da leitura da Palavra. A graça do Senhor bastou ao apóstolo Paulo e bastará certamente para mim. Tenho de a receber com a noção do presente como sendo isso mesmo: um presente de Deus.

Por: Ana Rute Cavaco. © Voltemos ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Original: 5 dicas para mães atarefadas e esgotadas.