Um blog do Ministério Fiel
A teologia é um ídolo para você?
“Eu tenho ouvido que alguns homens amam a teologia mais do que amam a Deus. Que isso não seja dito de você. Ame a teologia, é claro, mas ame a teologia por nenhuma outra razão, a não ser que TEOLOGIA — o conhecimento de Deus — é sua comida e sua bebida para conhecer a Deus, para conhecê-lo verdadeiramente, e na medida em que isso é dado a mortais, para conhecê-lo por inteiro.”
Benjamin Beckenridge Warfield (1851–1921) serviu como professor de teologia no Seminário Teológico de Princeton por quase trinta e cinco anos. Ele foi um dos maiores teólogos da sua época, um erudito de conhecimento enciclopédico que parecia encontrar tempo para ler tudo. Em setembro de 1903, ele fez um discurso para os calouros no Seminário de Princeton, intitulado “Cultura Espiritual no Seminário Teológico”. Esse discurso foi publicado posteriormente em forma de panfleto e agora está disponível no volume 2 dos seus Selected Shorter Writings.
Como um professor de teologia, Warfield conhecia, como qualquer pessoa poderia conhecer, os perigos associados ao estudo da teologia. Ele sabia que estudantes de teologia poderiam começar a tratar Deus como um objeto a ser dissecado na mesa de laboratório do debate teológico. Ele sabia que depois da leitura de milhares de páginas os alunos poderiam se tornar cansados de contemplar as coisas de Deus. Ele também sabia que a própria teologia poderia se tornar um ídolo. Ele sabia que o nosso amor por falar e pensar em Deus poderia substituir o amor pelo próprio Deus. Ele sabia que os homens poderiam amar a teologia mais do que amam a Deus.
A advertência de Warfield é tão relevante hoje como foi em 1903. Ela permanece especialmente relevante para teólogos reformados e teólogos reformados em treinamento. Como cristãos reformados, nós temos uma reputação de amar o estudo da teologia, de falar sobre teologia, e de argumentar sobre teologia. Nós amamos teologia. Nós amamos livros teológicos, jornais teológicos, conferências teológicas, e teólogos profundos em seu conhecimento teológico.
Mas nós amamos teologia mais do que amamos a Deus? Esta era a preocupação de Warfield, e eu não creio que seja uma preocupação sem justificativa. Quando cristãos encontram pela primeira vez as questões profundas da teologia e, pela primeira vez, começam a contemplá-las, é como se vissem o oceano pela primeira vez. Seu tamanho e beleza são emocionantes e irresistíveis. Muitos se apaixonam por ele. Mas muitos também falham em reconhecer que existe um perigo escondido. Aqueles que não respeitam o poder do oceano podem ser varridos pelas ondas e pelas correntes. Algo semelhante pode acontecer quando começamos a estudar teologia. Podemos nos tornar tão sobrecarregados que esquecemos o que é a teologia é. Podemos amar a teologia e esquecer o próprio Deus.
Imagine que você é casado (alguns de vocês não precisarão imaginar). Agora imagine que você diga a todos quão maravilhosa é a sua esposa. Você escreve artigos e até mesmo livros sobre várias características da sua esposa e sobre o que a sua esposa faz por você e por sua família. Você lê cartas escritas pela sua esposa. Você argumenta com as pessoas, pessoalmente e online, sobre o que a sua esposa quis dizer em uma de suas cartas. E, no entanto, se alguém lhe perguntar: “Quando foi a última vez que você falou com a sua esposa?”, você não conseguirá lembrar.
Warfield reconheceu como é fácil esquecermos que a teologia é o conhecimento do Deus triúno, o Deus vivo, nosso Criador e Redentor. Teologia não é como o estudo de qualquer outro assunto. Na teologia, procuramos crescer em nosso conhecimento do Pai, do Filho, e do Espírito Santo. Não se trata apenas de conhecimento abstrato. É o conhecimento pessoal daquele a quem amamos porque Ele nos amou primeiro.