A mãe do filho pródigo

A vida em família ia muito bem, tinham uma casa confortável, empregos estáveis para o pai e também para a mãe. Os dois filhos estudavam em uma boa faculdade da cidade. A família era equilibrada, os vizinhos os observavam com apreço. Nas refeições em família as conversas eram espontâneas e frequentes. Ao amanhecer e ao anoitecer orações em família eram proferidas. Havia afetuosidade em suas palavras e preocupação com o bem-estar uns dos outros. Uma família cristã sadia, seguindo o curso da vida.

O João, o filho pródigo

Final de tarde, o sol já não fazia mais sua longa sombra na calçada, esfriava. João Pedro Oliveira andava distraído a caminho de casa. Seus pais não estariam lá, nem seu irmão mais velho. Um certo frio na barriga fez João estremecer. Aquele frequente pensamento de conhecer mais a vida sem tantas imposições que limitavam suas explorações. Novamente, nas últimas semanas, seus pensamentos eram assombrados por este círculo insano de desejo, culpa, impulsividade, medo. Hoje, porém, estava decidido, iniciaria outro caminho.

Rapidamente juntou suas poucas roupas, enfiou-as na mochila. Fez um agrado no Thor, o cão da família, mas não pode olhar em seus olhos quando fechou apressado a porta atrás de si. Respirou fundo mirando o final da rua, calculando em quantos passos percorreria o caminho até sumir da vista dos vizinhos. Virou a esquina.

O dinheiro acabou mais rápido do que calculara. Os trabalhos eram irregulares demais para conseguir manter um planejamento. A liberdade tinha um preço (literalmente) alto! Estava morando com alguns colegas da faculdade. Longe de casa, da igreja. Restavam apenas poucos amigos, porém não estavam muito preocupados com a sua vida fora da caixa.

Inconformado com as dificuldades, mas sem poder retornar à vida de filho amado, João Pedro deixou crescer a barba, largou a faculdade, comprou uma bicicleta. Arrumava um trabalho aqui e ali. Lembrava de casa, mas as novas amizades, os amores fáceis e o sexo sem regras logo desviavam a saudade de seu coração. Ele continuava buscando a liberdade, mas os muros eram mais altos do que ele podia escalar e a vida foi ficando esquisita.

João, lamentava, estranhava, mas não mudava.

Maria caminha com o seu Deus

Sua mãe chorou a partida de João por tanto tempo quanto lhe foi possível. Sangrou cada soluço. As lágrimas secaram. Doeu até os ossos de Maria. Ela orou. Orou na madrugada, orou pelas manhãs no solavanco do ônibus, a tarde no intervalo do trabalho. Orou a noite no travesseiro. Orou. Desesperadamente orou. Derramou seu coração todinho para o Senhor, seu Deus. Ele escutou, lamentou com ela a dor da partida de João, porque o Deus de Maria havia sido feito homem para passar pelas dores que passamos para ser perfeito consolador.

“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de misericórdias e Deus de toda consolação! É ele que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus.” (2 Coríntios 1:3-4)

“Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso. Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido” (Isaías 53.3-4)

O Senhor segurou na mão de Maria. Sussurrou nos ouvidos de seu coração ferido a verdade (aquela que liberta). “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8.32).

Maria lia a palavra de Deus. Deus purificava Maria. “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.” (Jo 17.17)

O Maravilhoso Conselheiro, Deus de Maria, lavou a alma dela, arrancou as raízes de amargura do seu coração, purificou.

“Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador.” (Tito 3.4-6)

[…] mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus. (1 Coríntios 6.11)

Maria tomou banho de luz, não caminhou nas trevas de suas emoções.

“Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos.” Salmo 119.105

“Por causa da esperança que vos está preservada nos céus, da qual antes ouvistes pela palavra da verdade do evangelho, que chegou até vós; como também, em todo o mundo, está produzindo fruto e crescendo, tal acontece entre vós, desde o dia em que ouvistes e entendestes a graça de Deus na verdade.” Colossenses 1.5-6

Maria, agora, tinha uma cesta carregada de frutos: amêndoa-amor, cereja-esperança, tangerina-alegria, framboesa-perseverança, morango-silvestre-experiência. Todos com vivo sabor!

“Porque o fruto da luz consiste em toda bondade, e justiça, e verdade.” (Efésios 5.9)

Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto; e assim vos tornareis meus discípulos. João 15.8

Maria, mãe de João Pedro Oliveira, foi aperfeiçoada em Maria filha do Todo-Poderoso!

“Ora, o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar.” 1 Pedro 5.10

Maria se regozijou em Deus, seu salvador. Maria cantava tangerina-alegria, porque seu Senhor salvou-curou sua existência.

“Então, disse Maria:

A minha alma engrandece ao Senhor,

e o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador,

porque contemplou na humildade da sua serva.

Pois, desde agora, todas as gerações me considerarão bem-aventurada,

porque o Poderoso me fez grandes coisas.

Santo é o seu nome.

A sua misericórdia vai de geração em geração

sobre os que o temem.” (Lucas 1.46-50)

Ah, você está pensando no paradeiro de João Pedro Oliveira? Estamos esperando ele voltar para casa.

“Porque todas as coisas existem por amor de vós, para que a graça, multiplicando-se, torne abundantes as ações de graças por meio de muitos para glória de Deus. Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação, não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas.” (2 Coríntios 4:15-18)

Mas enquanto João não vem, Maria, incansável mãe, filha de El Shadai, distribui amêndoas-amor para os filhos da vizinha, da sobrinha, da amiga.

“Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós.” Romanos 8.18

Marias, mães de filhos pródigos, ovelhas amadas de Nosso Senhor, avante, porque essa luta é do Senhor dos Exércitos!

“Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor” 1 Coríntios 13.13

Por: Renata Gandolfo. © Voltemos ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Original: A mãe do filho pródigo.