Um blog do Ministério Fiel
O que há de errado com Michael Curry?
Estima-se que cerca de 2 bilhões de pessoas (BBC) pararam no último sábado para assistir ao casamento mais esperado do ano, Harry e Meghan. Sejamos coerentes, em tempos atuais, onde a família é desvalorizada, os casamentos são “líquidos” e há grande descrédito às instituições e líderes, ver o mundo parando para assistir a um casamento tradicional, entre um homem e uma mulher, dentro de uma igreja anglicana (Saint George’s Chapel), realizada por bispos, é sem dúvida um marco histórico. Isso deve ser reconhecido!
Porém, ao mesmo tempo em que muitos se admiraram com o sermão de Michael Curray sobre o “amor vence”, outros levantaram uma bandeira vermelha.
Gavin Asheden, ex-capelão da rainha (2008-2017), disse que a própria escolha do pregador da cerimônia foi tendenciosa. Segundo Asheden, “há guerra civil interna na Igreja Anglicana moderna, entre o cristianismo progressista, cuja prioridade é o zeitgeist (o espírito da época) e a fé ortodoxa e fiel pautada no evangelho de Jesus Cristo”. Portanto, a escolha de Justin Welby (Arcebispo de Canterbury) por Curray para pregador da cerimônia, é uma afirmação da sua posição nessa “guerra”, favorecendo o lado progressista da Igreja, que “apresenta sua própria versão preferida de Jesus ao invés do real que encontramos nos Evangelhos”. Curray afirma que “onde quer que você encontre amor, você encontrou Deus”, que Jesus é a favor do casamento homossexual e defende a busca pela igualdade dos políticos de esquerda, seguindo a visão progressista.
Para Asheden, “não é suficiente falar sobre amor como Michael Curry fez. É uma palavra muito pobre em inglês, porque significa muitas coisas diferentes e às vezes contraditórias. Embora se apaixonar por alguém seja uma experiência épica, não leva automaticamente ao caminho para o céu”.
É exatamente aí que está o problema do tão aclamado sermão de Curry, a mensagem dele não é distintamente cristã! Basta ver a aceitação dos mais diversos grupos e ideologias: conservadores, liberais, descrentes, agnósticos, LGBT, etc. David Robertson, em seu texto para o “Christian Today”, relata que o movimento LGBT também aprecia Curry: “LGBT Champion”, é o que dizem sobre o pregador! Robertson está correto na sua observação que “ou o avivamento aconteceu, ou tem algo de muito errado com o sermão de Curry”.
Sim, há algo errado. Ele pregou com uma boa retórica, abordou um tema da Sagrada Escritura, mas não o definiu nem o defendeu biblicamente, muito menos o conectou com o nosso salvador Jesus Cristo! Mesmo citando o “amor” 55 vezes no seu sermão, ele simplesmente perdeu a enorme possibilidade de proclamar o evangelho – a notícia em que o Deus que é amor sacrifica seu único Filho por pecadores, sim pecadores! Esta é a demonstração e afirmação bíblica do amor de Deus por nós:
“Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores”.
Romanos 5:8
Que fique bem claro, o ponto não é nem tanto o que Curray deixou de dizer (não requereríamos uma cristologia completa em um sermão curto de casamento), mas sim o que foi dito. Ao abordar a crucificação de Cristo e dizer que “Jesus sacrificou sua vida pelo bem dos outros, pelo bem-estar do mundo e por nós”, Curray volta a sua atenção ao amor (forma de amar) como meio de redenção, e não a Cristo Jesus crucificado. Ele disse: “…esse modo de amor redentor, abnegado e sacrificial, muda vidas e pode mudar este mundo”. Portanto, para o pregador, a morte de Cristo serviu somente como exemplo e não como o poder e sabedoria de Deus para redenção.
Curray colocou toda a sua esperança no “amor”. Segundo ele, ao expressarmos o amor seremos transformados e o mundo será renovado. Ao fazer isso, Curry transformou o amor no próprio Deus, pois somente o Criador e Redentor tem poder para tais realizações!
A mensagem foi pregada, mas não o evangelho. Cristo não foi visto e proclamado, o amor sim. Volto a dizer, é possível pregarmos com boa retórica, sobre temas bíblicos, agradar a muitos, mas ainda assim não pregar o evangelho de Jesus Cristo crucificado por pecadores. Na mensagem cristã, no culto verdadeiramente cristão, Cristo Jesus é quem merece toda a devoção, não o pregador, nem o amor. Falando francamente, o amor não foi pregado, pois Cristo não foi proclamado.