Um blog do Ministério Fiel
A necessidade de pessoas mais velhas para a plantação de igrejas
Certa vez ouvi a história de um grupo de pessoas em algum lugar semelhante às montanhas do Himalaia, que usavam jumentos para transportar seus pertences e suprimentos. Suas viagens frequentemente incluíam a travessia em passagens estreitas nas montanhas, onde precipícios traiçoeiros certamente levariam a fatalidades se alguém desse um passo errado. Ao introduzir os jumentos mais novos à tarefa árdua de transportar as cargas pesadas e ao mesmo tempo lidar com as rotas perigosas, eles amarravam o jumento mais novo a um jumento velho e experiente. O veterano indicaria o caminho, sem ter que arcar com o ônus da carga; o mais novo seguiria atrás, carregando em suas costas os suprimentos necessários.
Não consigo me lembrar exatamente em que circunstância ouvi essa história. Pode ter sido contada por meu avô. Poderia ter sido em um documentário de David Attenborough. Pode ter sido um sonho. Os detalhes são incompletos. No entanto, a história revela uma necessidade real em nosso ministério em periferias: nós carecemos de jumentos velhos.
Veja o que estamos constatando: “Os semelhantes se atraem”.
Em um cenário de plantação de igrejas isso tem os seus pontos positivos. Para plantar uma igreja você precisa ser capaz de reunir uma equipe que esteja pronta para isso, e precisa ser capaz de reunir incrédulos que ainda não sabem que estão prontos para essa tarefa.
E como os semelhantes se atraem, você tenderá a reunir pessoas que geralmente são semelhantes a você: pessoas que têm mais ou menos a mesma idade e estejam na mesma fase da vida, pessoas que compartilham os seus interesses, pessoas com as quais você naturalmente andaria. Para nós, isso significava que, inicialmente, nosso grupo de plantação era em grande parte formado por casais jovens, de classe média, com um histórico evangélico saudável. Tudo isso é bom. Pelo menos estávamos atraindo algumas pessoas.
Contudo, isso apresenta grandes pontos negativos. Como um grupo de jovens casais de classe média engaja pessoas idosas de uma periferia, as quais não têm um histórico com igrejas? Vamos ter dificuldade. Como você comunica o evangelho que rompe as barreiras divisórias de idade, classe ou raça quando o seu grupo não tem diversidade de idade, classe ou raça? Vamos ter dificuldade.
Isso significa que tivemos que nos esforçar para deliberadamente recrutar pessoas para nossa equipe de plantação de igrejas que são diferentes de nós. E estamos alcançando esse objetivo, devagar. Porém, há uma área em que permanecemos desequilibrados e, portanto, não saudáveis. Estamos carentes de pessoas mais velhas. Este, então, é um apelo sem constrangimento: Precisamos de pessoas mais velhas!
Precisamos de pessoas que sejam os estabilizadores do nosso zelo juvenil.
Precisamos de pessoas que discipularão os nossos jovens casais.
Precisamos de pessoas que sejam mentores de jovens pais.
Precisamos de pessoas que exemplifiquem a perseverança fiel.
Precisamos de pessoas que nos ajudem a ser uma demonstração de uma família evangélica.
Precisamos de pessoas que exemplifiquem a vida de serviço até o fim.
Precisamos de pessoas que tenham tempo para investir em relacionamentos.
Precisamos de jumentos velhos que liderem o caminho.
Isso é especialmente verdade para aqueles que estão em periferias, que estão vindo e estudando as Escrituras e que estão percebendo o custo do discipulado. Se eles forem a Cristo, estarão potencialmente se afastando de uma rede estreita de relacionamentos estabelecida há muito tempo. Mas o no que eles estariam entrando? Eu desejaria que um casal mais velho que se unisse à nossa equipe ajudasse a fazer parte da rede vital de relacionamentos que tais pessoas precisariam. Esse casal disporia de tempo para se relacionar com aqueles que estão chegando. Eles poderiam ser os “avós adotivos” de seus filhos. Sua casa poderia ser um lugar dedicado à hospitalidade. Sua experiência de altos e baixos na vida, mas também o seu testemunho da fidelidade de Deus, pode ser o encorajamento que o neófito necessita. Se o discipulado vai significar toda a vida deles, pelo resto de suas vidas, precisamos de exemplos de pessoas que têm feito exatamente isso. Precisamos de jumentos velhos.
Eu ouvi muitas histórias no ano passado de cristãos em Edimburgo se aproximando da aposentadoria, e vendendo suas casas e mudando para algumas das áreas mais agradáveis da cidade. Isso é legal, porque essas áreas também precisam do evangelho. Mas o que estou pedindo é que alguns cristãos mais velhos e experientes captem a visão dos 20schemes, vendam sua casa e invistam o resto de suas vidas para ajudar a alcançar as periferias habitacionais da Escócia para Cristo. Eu sei que não é normal se aposentar em uma periferia. Mas quem disse que a aposentadoria é normal para os cristãos?
Precisamos de alguns jumentos velhos. Talvez, possa ser você…