Um blog do Ministério Fiel
12 dicas para exercer a paternidade na era digital (Parte 2/2)
Leia a parte 1.
12 dicas para os pais de jovens da geração i
Quando se fala em adolescentes e telas precisamos ir para a aplicação. Então, deixem-me oferecer doze sugestões práticas para suscitar as discussões que vocês já estão tendo em suas igrejas e lares.
1. Adie as mídias sociais pelo maior tempo possível
A mídia social representa um dilema. A jornalista Nancy Jo Sales escreveu um livro fascinante (e assustador) intitulado: American Girls: Social Media e the Secret Lives of Teenagers [Garotas Americanas: Mídias Sociais e as Vidas Secretas das Adolescentes]. Nesse livro, ela relata uma conversa quando uma garota adolescente disse a ela: “As mídias sociais estão destruindo as nossas vidas”. Então, Sales perguntou: “Então, por que você não fica offline?” A adolescente respondeu: “Porque então não teríamos vida” (Sales, 18). A mídia social é o lugar onde os adolescentes buscam a vida, e é isso lhes custa as vidas. Precisamos ajudar nossos filhos a enxergarem esse paradoxo. As mídias sociais, imprudentemente usadas, lhes custarão algo precioso.
2. Não dê acesso a smartphones pelo maior tempo possível
Depois de apresentar o seu filho a um smartphone conectado a dispositivos móveis, com mensagens de texto e aplicativos como o Instagram e o Snapchat, o controle dos pais é praticamente inútil. Eu darei um exemplo de como isso ocorre:
Seus filhos podem ser expostos a conversas com conteúdo sexual e nudes e você talvez nunca saiba disso. Novamente, em seu livro, Sales investiga o fenômeno perturbador de meninas recebendo nudes não solicitadas de meninos em mensagens de textos, muitas vezes como um primeiro passo para demonstrar interesse por elas. E os garotos muitas vezes pedem às meninas por nudes em troca. Obviamente, devemos alertar nossos filhos sobre esse fenômeno antes que isso aconteça. Mas praticamente não há filtros parentais que impeçam que um nude chegue ao smartphone do seu filho por meio de mensagem de texto ou Snapchat, mesmo que seu filho não peça por tais fotos. E 47% dos adolescentes usam o Snapchat, um aplicativo para enviar e receber imagens que expiram e “selfies descartáveis”. Na era do smartphone, as mensagens de texto com conteúdo sexual (“sexting”) tornou-se “normativo” entre os adolescentes. Estes são dispositivos poderosos. Resista à pressão para dar ao seu filho um. E não deixe celulares antigos por perto.
3. Dentro de casa, assuma o controle do wi-fi
Em nossa casa, o padrão é manter o wi-fi desligado até que seja necessário. Muitos roteadores permitem pausar o serviço em uma casa. Fiquei impressionado com um dispositivo chamado “The Circle“, que fica ao lado do nosso roteador em casa, e me dá o poder de desligar o wi-fi completamente ou em um dispositivo específico, com base em filtros de conteúdo, classificações, limites de tempo e hora de dormir. Ele interrompe uma conexão wi-fi entre o roteador e o dispositivo ou computador. Em vez de configurar os controles dos pais em cada dispositivo, você pode controlar o fluxo de dados para cada dispositivo. É brilhante. Na verdade, posso pausar o wi-fi em casa com meu telefone — nossas 2 smartTVs, 3 computadores, iPods, iPads — todos desconectados do wi-fi com um aperto de botão. Quando um filho em nossa casa deseja usar o computador, faz uma solicitação e explica por que precisa de acesso à Internet. Mais poderia ser dito aqui, porém essa é uma maneira de ajudá-los um pouco a pensar em um propósito claro para o uso da tecnologia, tudo isso possível porque o wi-fi nem sempre está ativo.
4. Fora de casa, se conectem sem smartphones
Para as idades de 6 a 12 anos, considere algo como o relógio Verizon Gizmo. O Gizmo é um smartwatch, com viva-voz, que recebe e faz chamadas para um número limitado de números de telefone definidos pelos pais. O relógio tem um localizador de GPS integrado para os pais verem por meio de um aplicativo em seus celulares.
Os pais desejam tecnologia nos celulares para três fins: (1) para ligarem para os seus filhos sempre, (2) para que seus filhos possam ligar sempre e (3) para saber aonde seu filho está via GPS. Você não precisa de um smartphone. O Gizmo oferece cada uma dessas coisas, e não muito mais, o que bom. Pergunte à sua operadora de celular as últimas opções para atender a esses três critérios. E para maiores de 13 anos, considere um celular flip. Eles são baratos e, em muitos casos, você perde o GPS, mas tem um telefone com apenas os recursos desejados. E esteja preparado para os vendedores de celulares olharem para você como se fosse um alienígena. Como minha esposa diz, vá até a loja do seu provedor de serviços móveis e pergunte ao vendedor pelo “telefone mais simples que eles têm”.
5. Tecnologia gradual ao longo dos anos
Acho que o erro mais comum cometido pelos pais é assumir que o smartphone é um dispositivo isolado. Não é. O smartphone é o auge de toda a tecnologia de comunicação que uma criança foi introduzida desde o nascimento. Receber um smartphone é uma espécie de graduação de várias etapas da tecnologia vivenciadas antes.
Veja como minha esposa e eu descrevemos essas etapas: quando você assume o controle do wi-fi em casa, isso é crucial. Então, você pode começar a introduzir a tecnologia que seus filhos só podem usar em sua casa. No papel, desenhe uma tabela grande. No lado superior esquerdo, escreva “0 anos” e, no lado superior direito, escreva “18 anos”. Da esquerda para a direita, são os primeiros 18 anos de tecnologia do seu filho. Agora, desenhe escadas diagonalmente da parte inferior esquerda para a parte superior direita. Em algum momento, você pode introduzir um tablet com jogos de colorir e educativos. Aos 3 anos talvez. Ou aos 5. Ou aos 8. Seja quando for. Uma escada para cima. Então você introduz um tablet com vídeos educativos, talvez aos 6 anos de idade. Próximo, passo a passo. Então, em algum momento, você introduz um computador da família na sala de estar para escrever projetos. Talvez aos 10 anos de idade. Depois, você vai introduzir um telefone como o Gizmo, ou um telefone flip. Passo acima. Então você permite que as pesquisas do Google no computador, para pesquisa. Talvez aos 12 anos. Então, talvez, em algum momento, você introduza aplicativos do Facebook ou do Messenger para se conectar com alguns amigos selecionados, no computador. Passo acima. E então vem a pedra angular, o smartphone, o passo final no alto. Aos 15 ou 16 ou 17 ou, eu sugiro, aos 18 anos. Mas você decide.
As vantagens disso são duplas:
(1) Você pode ajustar os passos conforme necessário, além de mostrar ao seu filho onde o smartphone se encaixa em uma trajetória digital que você definiu para ele. Conforme ele se mostra confiável e sábio com o wi-fi em casa, ele está caminhando em direção ao celular fora de casa. Mostre-lhe que ser fiel em pequenas coisas leva à fidelidade em grandes coisas.
(2) Também lembra os pais de que, quando você der a uma criança um smartphone com um plano de dados para celular, passa de um forte controle dos pais sobre a experiência da Internet do seu filho para praticamente não ter nenhum controle. Você pode desenhar uma linha preta em negrito entre todas as etapas à esquerda (wi-fi em casa) e o smartphone à direita (Internet móvel em todos os lugares). Isso é uma formatura, uma transição importante.
6. Como uma regra geral, para todas as idades e todos os dispositivos: mantenha os aparelhos fora dos quartos
Ou, pelo menos por 12 horas, como entre 20:00 às 08: 00. Defina uma regra sobre isso. Sem TVs, dispositivos de jogos, tablets, laptops ou celulares. Rompa as intermináveis demandas sociais. Rompa os vícios de jogo. Preserve os padrões de sono. Certifique-se de que todos os dispositivos sejam carregados durante a noite em um lugar, não no quarto dos filhos. Uma simples tomada para carregamento no quarto dos pais é uma boa solução.
7. Escreva um contrato sobre o smartphone
Ao mudar para o smartphone, escreva um contrato sobre os comportamentos esperados, interrupções de uso e expectativas da família vinculados ao celular. Peça ao seu filho que compartilhe as suas senhas. E familiarize-se com as etapas necessárias para pausar ou desativar temporariamente o celular. A maioria das operadoras facilita isso. Para os pais que cometeram o erro de introduzir um smartphone muito cedo, nunca é tarde demais para definir um contrato sobre o smartphone
8. Observe como cada filho responde à era digital
Isso tem sido tão fascinante para mim. Minha esposa e eu temos três filhos da geração i, incluindo dois adolescentes, e cada um deles usa as mídias digitais de forma completamente diferente. Eu tenho um filho que vai assistir infinitamente cada vídeo do Dude Perfect 40 vezes por horas. Eu tenho outra filha que vai comprar um novo instrumento musical, assistir a 30 minutos do YouTube e dominar os acordes básicos sem nenhuma aula paga. Ela fez isso com o ukulele, depois com o teclado e depois com o clarinete, e essas apresentações levaram a aulas formais de treinamento. Estou fascinada pelo poder do YouTube de desbloquear novas habilidades táteis em meus filhos e, francamente, quero que meus filhos aprendam com os tutoriais do YouTube o quanto antes, mas não até que estejam prontos.
Cada filho responde de maneira diferente. Alguns adolescentes desejarão as mídias sociais para que eles possam seguir 5.000 pessoas. Outros filhos desejarão mídias sociais para conseguirem acompanhar cinco amigos próximos. Esses são usos radicalmente diferentes. Lide com cada filho exclusivamente com base no que você vê neles. E quando seus filhos alegarem injustiça, refira-se às etapas e explique por que cada filho da casa está em diferentes etapas na mesma progressão.
9. Recentralize a parentalidade nas afeições
Os smartphones não inventam novos pecados; eles simplesmente amplificam cada tentação existente da vida e manifestam essas tentações em pixels em superfícies de alta definição. Velhas tentações recebem novos níveis de atração, dependência e acessibilidade. O que significa que a tensão e ansiedade que os pais sentem em seus estômagos na era digital vêm da percepção de que estamos travando uma guerra total pelas afeições dos nossos jovens. Isso é o que é tão assustador. Ser pais sempre foi uma guerra pelos sentimentos dos nossos filhos, mas a era digital expõe nosso comodismo parental mais rapidamente.
Se nossos jovens não podem encontrar a sua maior satisfação em Cristo, eles vão procurar por algo diferente. Essa mensagem sempre foi relevante, ela só tem um peso maior hoje porque a “outra coisa” se manifesta nos vícios dos smartphones. Nós não estamos apenas fazendo um jogo de palavras, ou apenas dizendo que Cristo é superior no domingo. Estamos diariamente implorando ao Espírito Santo para abrir os corações de nossos jovens. Eles devem valorizar a Cristo acima de cada ninharia da era digital ou essas ninharias os conquistarão. É por isso que a paternidade parece ser tão urgente hoje.
10. Use o discipulado digital
Não é suficiente escolher um punhado de Provérbios isolados e espalhá-los como sementes gerais de conselho sábio. Disciplinar os adolescentes na era digital exige que todas as Escrituras sejam semeadas e cultivadas em todo o coração. E isso é porque estamos lidando com todas as facetas do que o coração deseja. Essa guerra pelas afeições na era digital oferece novas oportunidades sem precedentes para o discipulado de adolescentes, se pudermos passar da tentação para o texto bíblico e para Cristo. Esse é o nosso desafio.
Nossa passividade parental tem sido exposta na era digital. Eu não insistirei nesse ponto, porque é isso que meu livro faz ao considerar 12 maneiras pelas quais nossos celulares nos mudam (e nos deformam) e então nos mostram como ser reformados a partir das Escrituras. Uma vez que nós como pais (e pastores) somos humildes para autocrítica do nosso próprio abuso de smartphones, então podemos ajudar nossos filhos também. A era digital é assustadora e exaustiva, mas abre novas oportunidades fenomenais para discipular os jovens.
11. Como família, resgate jantares, passeios de carro e férias
Fiquem juntos à mesa de jantar, façam passeios de carro juntos e estabeleçam zonas livres de celulares nas férias em família. Eu fico frequentemente espantado como as pressões da vida são expressas na mesa de jantar. O tempo sem pressa juntos, sem as pressões do dia, é muito frutífero. O que aconteceu na escola? Conhecer os meus filhos acontece com muita frequência no jantar. Essa comunhão ocorre de modo ainda mais intensa nas férias em família.
12. Continue edificando a igreja
As estatísticas são: A geração i é a mais solitária na América — mais solitária do que os idosos com mais de 72 anos. Twenge acredita que os smartphones causam solidão à geração i. Porém, talvez seja mais sensato analisar fenômenos maiores antes do iPhone.
Cerque-se com tecnologia suficiente, máquinas suficientes e você não precisará de mais ninguém. Pegue o dispositivo eletrônico certo e você pode fazer qualquer coisa. Dezenas de romances de ficção científica já saíram de um planeta saturado de robôs até as suas consequências mais extremas e isso é puro isolamento social (por exemplo, The Naked Sun, de Asimov). Contudo, uma vez que a era tecnológica tenha tornado todo mundo desnecessário, você logo descobrirá que você mesmo foi desnecessário para todas as outras pessoas.
Quando ninguém precisa de você, vemos picos catastróficos na solidão social. Adolescentes da geração i sentem isso. Os idosos sentem isso. Os homens da meia idade sentem isso. E nesta era de crescente isolamento e solidão, a mídia social “oferece um remédio sem raízes para doenças incidentes em tempos sem raízes” (Kass, 95). O smartphone se torna um “analgésico”, prometendo resolver nosso problema da solidão, mas apenas disfarçando a dor por mais um momento.
A maior necessidade de nossos jovens hoje não são novas restrições e novos celulares, contratos e limites bobos. A maior necessidade deles é uma comunidade de fé onde possam crescer em Cristo, servir e ser servidos. Eles precisam encontrar um lugar necessário como parte legítima de uma igreja saudável. Continuem edificando famílias e igrejas fiéis. Ouça os adolescentes. Não zombe deles. Não ria deles. Mire neles como missões de risco — online e offline.