Um blog do Ministério Fiel
Porque pastores devem pregar livros inteiros da Bíblia, até os mais difíceis
No próximo domingo, eu vou embarcar em uma nova aventura. Eu vou começar uma nova série de sermões no livro de Ezequiel. Foi o que você leu! Ezequiel. Sei que é loucura. Estou decidido a pregar todos os livros da Bíblia e isso inclui os mais difíceis e intimidadores. Isso me faz lembrar que há alguns anos eu preguei 2 Samuel. Lembro-me especialmente das exposições de 2 Samuel 11-13 porque o conteúdo desses capítulos me fez lembrar do quanto é um desafio pregar sistematicamente livros inteiros da Bíblia. Contudo, em meio às lembranças desses desafios, enquanto eu me preparo para pregar Ezequiel, renovou-se a certeza que eu tinha das razões para continuar. Essas razões também se aplicam aos livros mais difíceis de entender da Bíblia, não somente às partes difíceis do texto. Aqui estão três razões pelas quais eu continuo decidido a pregar livros inteiros da Bíblia, até os mais difíceis:
1) Você não pode evitar as passagens difíceis
Lembro-me claramente de quando eu preguei sobre o adultério e o assassinato de Davi. Lembro-me porque as coisas não pararam por aí. A história avançou e passou a incluir o estupro, o incesto e o assassinato entre os filhos de Davi. Não é o que eu escolheria pregar se eu tivesse que simplesmente escolher uma passagem a cada semana. Mas o nosso povo precisa ouvir essas passagens e nós, como pastores, precisamos lidar com elas para descobrir o que Deus quer nos ensinar através delas. Pregue as passagens difíceis e até os livros difíceis. Se a sua congregação ver que você não tem medo de lidar com esses textos, eles certamente terão menos medo.
2) Você compreende melhor a intenção do autor
Eu fico perplexo com o quanto eu compreendo melhor a intenção do escritor pelo fato de eu ter pregado de acordo com a ordem natural de seu argumento ou da narrativa. Quando eu preguei 2 Samuel, eu associei o adultério de Davi com sua aceitação de uma segunda esposa em 1 Samuel. Não foi algo que eu li em um comentário, mas, à medida que eu ia pregando, senti que era relevante a partir do desenvolvimento da narrativa. Esse é um dentre muitos exemplos de associações que eu percebi na narrativa e que eu sei que eu não teria percebido se eu não estivesse estudando a narrativa semana após semana.
3) Nosso povo aprende a ler suas próprias Bíblias
Os pastores ensinam seu povo a entender suas Bíblias através do que eles oferecem como a dieta regular, semanal da igreja. Quando firmamos o compromisso de pregar livros inteiros da Bíblia e de entender e de lidar com todo o seu conteúdo, estamos ensinando as pessoas a fazer o mesmo por conta própria. Eu não sou contra a pregação temática, há um lugar para esse tipo de pregação, mas deixa-me falar um pouco mais sobre como deve ser a dieta regular da sua congregação e qual é o fruto desse tipo de dieta. Seu povo deve crescer no amor e no conhecimento da Palavra de Deus. Eles devem aprender como ler melhor suas Bíblias. Como eu tenho experimentado, eles devem passar a ter menos medo das passagens difíceis que ninguém escolheria pregar. Eu diria o mesmo em relação aos livros difíceis e assustadores da Bíblia.
Ezequiel é um livro muito assustador para a maioria que está sentado nos bancos. Eu mesmo tenho um pouco de medo. Minha esperança é que trabalhar esse livro com eles não vai simplesmente torná-los menos temerosos, mas também mais desejosos de adorar o Único Deus Verdadeiro que esse livro retrata e que o Novo Pacto que atualmente experimentamos por causa de Jesus seja experimentado com um poder ainda maior. O vale de ossos secos de Ezequiel 37 nos faz lembrar que Deus assopra vida em seu povo através de sua Palavra. Isso inclui as passagens difíceis… até os livros difíceis. Pastores, vocês precisam encarar esses livros e ser um exemplo para o seu povo do porquê esses livros não devem assustá-los.