8 ferramentas para o estudo expositivo das Escrituras

Se você já precisou fazer algum tipo de conserto em casa, então você conhece o valor de uma boa caixa de ferramentas. Se você só dispõe de um martelo em casa, não há muito que você possa fazer além de pregar e arrancar pregos. Porém, quanto mais variada for a sua caixa de ferramentas, maior será a sua capacidade de resolver os seus problemas de manutenção doméstica.

O fiel estudo expositivo das Escrituras exige um mínimo de ferramentas – isto é, convicções e competências elementares – para que você possa compreender e transmitir corretamente a Palavra de Deus ao povo de Deus.

Então, quais são essas ferramentas básicas?

1. O caminho da preparação. O caminho direto do texto para a sua aplicação aos nossos dias é o caminho mais rápido e curto, mas também perigoso a tomar. Nesse trajeto conveniente, podemos facilmente ser cegados pelas nossas muitas abordagens equivocadas do texto, que não levam em consideração o contexto original das escrituras e sua ponte para o evangelho. Assim como é na vida real, portanto, assim também o é no estudo das Escrituras: o caminho mais longo costuma ser o mais seguro e confiável.

2. Texto e abordagem. Todos nós lemos as Escrituras por meio das nossas próprias lentes ou abordagens. Precisamos nos esforçar para ter uma noção mais clara do quanto as nossas abordagens pessoais, sociais, culturais, políticas, teológicas e até denominacionais influenciam a nossa leitura das Escrituras. Nem todas essas abordagens são necessariamente ruins ou necessariamente boas. Porém, precisamos sempre submeter as nossas abordagens à autoridade final das Escrituras Sagradas. Caso contrário, seremos leitores e mestres embriagados, usando a Bíblia como um bêbado usa um poste: mais para suporte do que para iluminação.

3. Mantenha a linha. Nossa maior tentação enquanto leitores e mestres da Palavra é de dizer mais ou menos que as Escrituras, de fato, dizem. Podemos errar tanto por um zelo extremado pelas nossas tradições e interpretações pessoais (dizendo mais que a Bíblia diz) como por uma cautela exagerada em não ofender e chocar nossos ouvintes (dizendo menos do que a Bíblia diz). Precisamos nos manter na linha das Escrituras sempre, sem ir além nem ficar aquém do que a Bíblia diz (Dt 4.2; Ap 22.18,19).

4. Contexto. Todo texto fora do seu contexto torna-se um pretexto. Já ouviu alguém na grande mídia ou nas redes sociais usar as palavras de uma pessoa fora do seu contexto original como um pretexto para confundir e coagir as outras pessoas a pensarem e agirem de determinada forma? Pois bem, pode acontecer com o nosso uso das Escrituras também. Precisamos aprender a ouvir as palavras das Escrituras dentro do seu contexto literário, histórico e canônico original. Assim, compreenderemos melhor o que os autores bíblicos disseram para o seu tempo e como isso se aplica ao nosso tempo.

5. Estrutura. Todo texto, assim como o corpo humano ou uma casa, tem uma estrutura que lhe dá forma. Ademais, a estrutura de um texto é uma peça-chave para entender a ênfase deste texto. Por isso, precisamos desenvolver uma visão tipo “raio-x” que nos ajude a enxergar a estrutura de um texto, a fim de melhor compreender a sua ênfase e a mensagem que ele nos ensina.

6. Linha melódica. Assim como toda música tem uma linha melódica discernível que carrega a canção, assim também cada livro da Bíblia tem a sua própria linha melódica. Quanto melhor aprendermos a ouvir a linha melódica de um livro da Bíblia, melhor entenderemos como o texto específico que estamos estudando se encaixa dentro da mensagem maior daquele livro e das Escrituras como um todo.

7. Enxergando Cristo. Toda a Escritura aponta para Jesus Cristo (Lc 24.44-45; Jo 5.39). Se não compreendermos como o nosso texto aponta para Jesus Cristo, então não entenderemos a mensagem central do nosso texto, que corresponde à mensagem central das Escrituras: o Evangelho da Cruz e da Ressurreição do nosso Senhor. Tentar estudar as Escrituras sem este centro é como estudar o Sistema Solar sem o sol, esbarrando em objetos em órbita no meio da escuridão. Se nossa tarefa é ensinar fielmente as Escrituras à luz do Evangelho, temos que encontrar a relação legítima entre o nosso texto e as boas novas de Jesus Cristo.

8. A Bíblia fala hoje. Ao estudarmos as Escrituras, cremos que Deus quer tanto nos informar como nos transformar pela sua Palavra. Para tanto, precisamos ouvir e estudar fielmente as Escrituras a fim de transmiti-la com clareza, fidelidade e relevância ao nosso povo. Para tanto, precisamos cultivar, por meio da oração, uma sensibilidade à voz do texto sagrado, a fim de que ela seja transmitida e ouvida claramente em nosso ensino da Palavra, no poder do Espírito Santo.

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Por: John McAlister. © Voltemos ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Original: 8 ferramentas para o estudo expositivo das Escrituras.