Um blog do Ministério Fiel
Pais de filhos adolescentes, ouçam a instrução do Senhor!
Criar filhos adolescentes tornou-se um desafio quase impossível para muitas famílias cristãs. A sensação de impotência quanto à formação da pessoa dentro dos moldes cristãos nessa fase da vida, invariavelmente, vem acompanhada daquelas dúvidas que persistem em atormentar a consciência dos pais: a educação que oferecemos produziu pessoas responsáveis e bem-sucedidas? O modo como criamos interfere em algum nível na conversão dos filhos? E quando os filhos criados em lares evangélicos se perdem obstinadamente numa vida de pecados? De quem é a culpa?
A salvação pertence ao Senhor (Jn 2.9)
Jonas 2.9 nos ensina que a salvação pertence ao Senhor. Sim, a salvação não é determinada nem depende de obras, nem da dignidade, nem da vontade humana. Ela é operada exclusivamente por Deus! Algumas pessoas tendem a achar que essa afirmação suprime a responsabilidade ou o amor dos pais na criação dos filhos, quando, por ventura, se ausentam do contexto da igreja local. A primeira tentação é pensar que o ‘investimento’ não teve o retorno esperado. Neste sentido, precisamos confiar nas Escrituras como bem fizeram nossos irmãos no passado.
Salvar não é uma prerrogativa humana, mas desejar a salvação de quem se ama é completamente coerente e esperado de todo cristão. Os pais assumem a responsabilidade de instruir os filhos nos termos da Palavra de Deus, conforme lemos em Deuteronômio 6.6-7, que “essas palavras deveriam ser guardadas no coração e ensinadas aos filhos quando estivessem assentados em casa, andando pelo caminho, ao levantar e ao se deitar”. A genuína fé cristã afirma o que Deus soberanamente faz, ao mesmo tempo que confirma no íntimo do coração humano a sua fragilidade, por isso, confiar na misericórdia divina e perseverar, amando e dando suporte aos filhos, é a maneira mais confortante para se manter viva a esperança de que nossos filhos serão convencidos pelo Espírito Santo sobre a justiça, o juízo e o pecado, mesmo quando nada pareça estar saindo como planejado.
Pais não devem provocar a ira dos filhos, mas discipliná-los, no Senhor (Ef 6.4)
Os pais erram quando confundem disciplina com autoritarismo excessivo. Disciplinar não é apenas ajustar comportamentos e condutas desviantes, mas imprimir uma rotina vigorosamente educativa e amorosa. O melhor sentido desta palavra, em termos bíblicos, é constância e não flagelo ou coerção. Talvez, por falta dessa perspectiva, muitos só conseguem conduzir a disciplina durante a primeira e segunda infância, etapas do desenvolvimento em que os filhos são totalmente dependentes e incapazes de se pronunciar quanto ao que querem e/ou esperam da vida.
Pode ser, neste ponto, que os pais desistem dos filhos e os perdem, pois além de se esquecerem de que os méritos próprios não garantem a salvação do filho, mas a graça divina, passam também a desconsiderar a instrução apostólica, quando deixam de perceber e corresponder significativamente às transformações que estão acontecendo na vida dos filhos.
É preciso estar atento à maneira como os filhos sentem a irritação, pois ela não se manifesta apenas em surtos de raiva e cólera, mas de forma multifacetada, algumas vezes causando graves danos à saúde física e emocional, como por exemplo, as ideações suicidas, depressão, ansiedade crônica, distúrbios de aprendizagem, automutilação, uso de drogas e outros. Fenômenos estes, que vemos aumentar exponencialmente a cada ano, conforme estatísticas das agências de saúde. Quando o vínculo se quebra, o que há de mais precioso se perde: a relação!
O resultado desse desencontro é que pais e filhos deixam de perceber a imagem de Deus refletida um no outro, o que os despersonaliza. Os pais enxergam os filhos como bombas de testosterona/estrógeno ou como criaturas rebeldes e incontroláveis. Essa distorção pode ser o primeiro passo rumo ao desastre da perda; as consequências são imensuráveis e certamente produzirão angústia e desespero. Os filhos, por sua vez, percebem os pais como monstros, cuja única tarefa é tolir sua liberdade. O senso de respeito se rompe e a consequência é a ira, manifesta em ressentimento e ingratidão.
Pais cristãos nunca podem desistir da tarefa de instruir os filhos, no Senhor! Devemos ter coragem para não perpetuarmos os erros cometidos conosco utilizando-os como justificativas para reproduzi-los na vida de nossos filhos. Devemos abandonar a ideia de que as transformações do corpo que adolesce, seus significados, mudanças e reações, se explicam simplesmente aceitando que a adolescência é a fase da rebeldia. Como Jesus, devemos “amá-los [nossos filhos] até o fim” (João 13.1).
Que Cristo, em sua infinita misericórdia, renove os relacionamentos familiares dentro dos lares cristãos e ajude os pais a perceberem os filhos, especialmente na fase da adolescência, como herança do Senhor, conforme lê-se no Salmo 127.3.