Um blog do Ministério Fiel
Filhos, honrem seus pais, no Senhor!
No artigo anterior falamos sobre a responsabilidade conferida aos pais de educar os filhos na instrução do Senhor. Se por um lado enfatizamos a necessidade desses pais compreenderem que o abuso de autoridade pode causar danos à relação, por exemplo, quando filhos que cresceram em um ambiente cristão abandonam o lar alegando não suportar a dinâmica repressiva da casa, por outro, precisamos fazer uma afirmação muito poderosa: cabe aos filhos acatarem a disciplina dos pais, reconhecendo-os como instrumentos de Deus para lhes educar os afetos, ajustar comportamentos e mobilizar os desejos na direção correta. Do ponto de vista bíblico, o amor não apenas pressupõe, mas também fundamenta toda relação saudável. Nestes termos, ousamos afirmar que somente o amor, como virtude que brota de Deus, é capaz de produzir uma reciprocidade tão intensa e verdadeira, que ambas as partes do relacionamento desejarão ardentemente servir uma a outra.
Obedecer e honrar os pais (Ef 6.1-3)
Em muitas passagens do Novo Testamento o ensino apostólico tinha como alvo questões relacionais dentro da igreja. Na carta aos Efésios, capítulos 5 e 6, após usar uma analogia matrimonial para ilustrar seus argumentos doutrinários, Paulo exorta pais e filhos sobre como proceder um para com o outro. Filhos devem reconhecer a autoridade dos pais e obedecer-lhes, no Senhor. O resultado dessa obediência é a justiça. Honrar pai e mãe, na cultura bíblica, vai além do mero respeito ou admiração; tem o sentido de ‘manter o sustento da casa’. No Antigo Testamento, o compromisso de manter a casa era majoritariamente do chefe de família e o meio de subsistência era basicamente agrícola. Naquele contexto, quando o provedor sofria um acidente, incapacitando-o para o trabalho, a responsabilidade pela manutenção da casa era passada ao filho mais velho, o qual assumia o status de arrimo da casa, cuja tarefa principal era preservar a integridade do lar. Percebe-se neste procedimento, além do respeito, um profundo senso de responsabilidade e compromisso com a preservação da vida de todos os integrantes da família. Era assim que um filho honrava os pais!
Certamente, respeito e admiração caracterizam a honra, mas o senso de preservação da família tem muito a nos dizer. Na antiguidade, o nome da família era mais importante do que a individualidade de cada membro da casa. Infelizmente, em nossa cultura, o indivíduo é estimulado desde muito cedo a ser um “sujeito de direitos”, sem levar em consideração praticamente nenhum de seus deveres. Por conta dessa formação, muitos filhos são seduzidos pela norma cultural e abandonam o princípio bíblico do amor, como aquele elemento que dá liga a toda relação. Nas palavras de Paulo: “O amor seja sem fingimento. Odiai o mal e apegai-vos ao bem. Amai-vos de coração uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros.” (Rm 12.9-10).
De algum modo fomos acostumados a pensar que o cumprimento da promessa contida no quinto mandamento tem a ver apenas com o prolongamento dos dias de vida dos filhos, quando estes obedecem ou admiram seus pais, sem demonstrar nenhuma atitude prática de amor em relação a eles. A promessa se realiza quando a justiça é aplicada, neste caso, no cuidado dos filhos para com seus pais, pelo compromisso de conservar a integridade da família com máxima diligência. Não é difícil perceber que todos os membros da família são abençoados, especialmente, como no ilustração que trouxemos de exemplo, quando a fonte de provisão familiar (geralmente o pai) fica impossibilitada, por algum motivo, de dar sustentação à ordem da casa e passam a ser amparados (honrados) pelos filhos.
A relação entre filhos e pais precisa ser vista como duas engrenagens que, para funcionar bem, devem se encaixar perfeitamente uma na outra para gerar o trabalho desejado. As peças são as seguintes instruções bíblicas:
“Pais, não provoqueis a ira dos vossos filhos.”
“Filhos, sede obedientes e cuidem de seus pais!”
Ao se perceberem acolhidos pela disciplina amorosa, no Senhor, especialmente na fase das operações formais (início da adolescência), quando são mais capazes de aderir à realidade com base nas estruturas que constituíram a formação de sua personalidade e caráter, os filhos terão condições de compreender que honrar os pais implica em cuidar dos pais. Saberão que nenhum tipo de investimento em liberdade e independência pessoal deve ser feito ao custo da desonra. Nosso mais sincero desejo é que os filhos cristãos abracem as instruções bíblicas e sejam capazes de dizer um sonoro “não” para a cultura da desonra e da ingratidão. Que eles encontrem o verdadeiro sentido da felicidade no conselho reto e justo do Senhor e suas famílias sejam como jardins de paz inesgotável.