Matando igrejas que plantam igrejas

Esta é uma questão complicada que dificilmente pode ser respondida rapidamente com um sim ou não. Mas antes de tentar responder isso e fornecer algumas lições que aprendemos, um pequeno retrospecto.

No outono de 2013, cheguei a uma igreja de três anos no sul de Indiana como Pastor Executivo. Não muito tempo depois, estávamos prontos para plantar duas igrejas locais. Não tínhamos ideia de que esse número seria três.

Em abril de 2015, algumas circunstâncias foram soberanamente reunidas e nasceram os planos para plantar uma igreja em uma área residencial no centro.  Nós vimos a necessidade e a oportunidade. Nós só precisávamos de um pastor plantador. Depois de alguma pesquisa (porque é isso que os Pastores Executivos fazem), oração e conselho, ficou claro que eu seria o pastor desse novo trabalho. O cronograma se tornou o problema. Uma igreja já havia sido lançada em abril e a próxima deveria ser em setembro. Definimos a data de lançamento para outubro de 2015.

Essa igreja de cinco anos de idade no sul de Indiana havia plantado três novas congregações – e em agosto de 2017 ela fechou suas portas.

Foi emocionalmente marcante para os membros remanescentes, para o pastor e para as igrejas que eles foram fiéis em plantar. Então a questão permanece: Nós matamos nossa igreja plantando tão rapidamente e em intervalos tão próximos? Tem sido difícil para mim lutar com isso ao longo dos últimos meses.

Honestamente, acho que a resposta para a pergunta é sim e não.

Sim.

A igreja estava preparada para enviar dois grupos já em 2015, mas não percebeu que nossa plantação estava chegando. Nós não vimos nossa plantação chegando! Infelizmente, parte do fato de ser uma igreja plantadora é que muitas vezes você envia alguns de seus membros mais fiéis e liderança, e isso se mostrou verdadeiro. Nas minhas conversas, essa é muitas vezes a razão pela qual muitas igrejas maiores hesitam em enviar plantadores. Eu sou grato pelo fato de que esta igreja estivesse ciente do risco e tenha aproveitado a oportunidade para ver o Evangelho proclamado em uma parte negligenciada da cidade – mesmo que isso significasse o seu próprio enxugamento. Então, a esse respeito, nós contribuímos, mas…

Não.

A igreja ainda mantinha uma massa crítica à medida que éramos enviados (só levamos seis adultos dessa congregação em nosso núcleo). Eles foram estrategicamente colocados em um local onde nenhuma outra igreja estava pregando fielmente o Evangelho. Havia muitas coisas em favor desta igreja continuando a proclamar a maravilhosa vida, morte e ressurreição de Cristo para esta cidade.

Considerando tudo isso com o pastor principal – ainda um amigo muito próximo – ele reconheceu outros erros nos dois anos desde o lançamento de nossa igreja. Ele atribui a maior parte das lutas contínuas à sua própria falta de disciplinas espirituais pessoais. Isso levou a que ele e outros passassem todos os domingos com suas próprias forças, em vez de confiar no Senhor. Pela graça de Deus, não houve falha moral da parte de ninguém, mas o esgotamento pastoral reivindicou outra vítima – e, com ela, outra expressão local do corpo de Cristo. Infelizmente, são essas mesmas coisas que levam centenas de igrejas a fechar suas portas a cada ano nos Estados Unidos.

Seguindo em frente

Como nossa igreja continua ao custo do fechamento de nossa igreja mãe, isso nos levou a pensar seriamente sobre como e quando escolheremos ser nós mesmos uma igreja plantadora. Essa lista cresce à medida que continuamos a analisar tudo, mas aqui estão algumas coisas que aprendemos no processo:

1. Passos de bebês – Recentemente adotamos a nossa primeira igreja plantada como um pequeno passo de bebê. Isso nos levou a conectá-la com nossas próprias redes, orando por eles durante nossas reuniões de membros e reuniões de culto dominical, e sendo uma caixa de ressonância. Não comprometemos nossas finanças ou pessoas no processo neste momento. Isso nos permite fazer parte do novo trabalho sem ter muita “pele no jogo” em um estágio tão inicial da nossa vida na igreja. Estamos aprendendo que ter uma comunicação clara e consistente entre a igreja plantada, nossa liderança e nossa membresia está provando ser frutífera durante o processo.

2. O risco vale a pena – É um negócio arriscado enviar seus membros e líderes mais fiéis, mas o chamado de Jesus para nós não é para sentarmos em nossos confortáveis ​​reinos construídos e esperar pelo retorno dele. O chamado para seguir Jesus é um esforço arriscado (Jo 15.18), mas a proclamação do Evangelho e a glória de Deus valem o risco de qualquer reino terreno que possamos estar construindo para nós mesmos.

3. A igreja não é sua – Isso foi sugerido acima, mas toda essa experiência tem sido um lembrete de que Jesus edificará sua igreja, “e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18). Somos meros sub-pastores e mordomos a quem o Senhor deu a supervisão.

4. A proclamação do Evangelho se multiplica em nossa fraqueza – “Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios”. (Rm 5.6). É através da nossa fraqueza que o “poder de Cristo” será dado a conhecer às nossas comunidades (2Co 12). Em tudo isso, seria fácil ficar desencorajado pelo fechamento de uma igreja… a menos que vejamos o poder glorioso do evangelho em ação através do legado dessa igreja.

Que nos regozijemos, não no fechamento de uma igreja, mas no plantio de três novas igrejas.

Que nos regozijemos nas pessoas que foram levadas à fé e ao arrependimento através da pregação do Evangelho, a maioria das quais, que de outra forma, nunca teria sido alcançada por essa pequena congregação.

Ser fiel à Grande Comissão é um negócio perigoso. Não é para os que têm medo, mas é para aqueles que são cativados por um Deus glorioso que é digno de ser proclamado às nações para que seu anseio e alegria possam se tornar completos na pessoa e obra de Jesus.

Por: Brad Walker. © Practical Shepherding, Inc. Website: practicalshepherding.com. Traduzido com permissão. Fonte: Did I Kill My Sending Church?

Original: Matando igrejas que plantam igrejas. © Voltemos ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Tradução: Paulo Reiss Junior. Revisão: Filipe Castelo Branco.