Um blog do Ministério Fiel
Uma parábola sobre perseverança no campo missionário
Vou lhe contar uma pequena história, não vai levar muito tempo,
É sobre um fazendeiro preguiçoso que não capinaria seu milho.
Por algum motivo, não sei explicar
Mas aquele jovem estava sempre bem.
Ele plantou seu milho no início de junho.
Em julho, o milho estava à altura de seus olhos.
Chegou setembro, veio uma grande geada.
E o milho do jovem homem estava perdido.
Essas linhas são de uma antiga canção country, “The Boy Who Wouldn’t Hoe Corn”(O rapaz que não capinaria o milho), um conto de alerta sobre um agricultor preguiçoso. Eu venho de uma longa linhagem de agricultores. Entre eles estavam alguns violinistas e tocadores de banjo para os quais essa música rendia boas risadas pois todo agricultor legítimo sabe que a agricultura é um trabalho árduo. Os métodos de agricultura melhoraram ao longo do século passado, mas ainda é uma vida de muita labuta, um trabalho paciente enquanto se luta contra as ervas daninhas e o clima. No entanto, é a perspectiva da colheita que impulsiona o tipo de vida do dia a dia, sair da cama e ir até ao campo.
Esperança futura e fidelidade atual
A esperança futura alimenta a fidelidade presente. Essa é uma das verdades encontradas na parábola de Jesus em Marcos 4.26–29. Aqui, o Rei nos diz algo sobre como é o reino dele:
“Disse ainda: O reino de Deus é assim como se um homem lançasse a semente à terra; depois, dormisse e se levantasse, de noite e de dia, e a semente germinasse e crescesse, não sabendo ele como. A terra por si mesma frutifica: primeiro a erva, depois, a espiga, e, por fim, o grão cheio na espiga. E, quando o fruto já está maduro, logo se lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa”.
A “semente” é a Palavra de Deus, a mensagem do evangelho que dá vida. Mesmo que o agricultor não consiga fazer a semente crescer, ele ainda tem um papel vital a desempenhar no plantio em abundância. Ele deve ter a iniciativa de se levantar e trabalhar, e a confiança de continuar na esperança dia e noite por semanas e meses enquanto espera pela colheita. Vários missionários veteranos em regiões carentes do evangelho disseram-me que esta parábola é a chave para a perspectiva e perseverança dia após dia, proporcionando encorajamento à medida que eles e suas famílias trabalham em terreno árduo. Mas o que há nessa parábola que oferece essa força de perseverança?
Em primeiro lugar, o rei valoriza os esforços pouco glamourosos dos agricultores fiéis – sair da cama e ir trabalhar. “Ele dorme e se levanta noite e dia.” O trabalho do evangelho, especialmente quando é combinado com o desgaste do ministério intercultural em um contexto hostil, é realizado por causa de coisas difíceis, não a despeito delas. Por exemplo, aprender um novo idioma e um novo comportamento é um trabalho árduo. Não há nada de glamouroso em depois de meses de estudo e prática finalmente conseguir falar no nível de uma pequena criança local! Mas os atalhos na aquisição de linguagem apropriada (assim como as baixas expectativas de igrejas e organizações em relação aos que são enviados) contribuem para a ineficácia, frustração, medo e, muitas vezes, uma volta antecipada do campo missionário.
Mas há outra chave para a perseverança nessa parábola do reino. O agricultor faz a sua parte, mas ela não é suficiente. A vida toma conta. Primeiro, abaixo da superfície, mas pouco a pouco o solo marrom vai ficando verde! Como isso acontece? Nem o agricultor sabe. Ele fez a parte dele, mas algo mais tinha que acontecer. Em termos do evangelho, é de fato “alguma outra coisa”, pois “é o poder de Deus para a salvação” (Rm 1.16) que traz vida nova e duradoura. O Senhor da colheita está enviando trabalhadores para todos os cantos do campo de colheita. Aqueles servos plantam, molham e capinam – mas eles não podem dar vida. Deus pode – e Deus faz: “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça sois salvos”.
Ilustrações de perseverança
Samuel Zwemer, um missionário pioneiro na Arábia, amava apontar a ressurreição como o poder por detrás da perseverança, a confiança sob a coragem e o Espírito com o testemunho. Mais de um século atrás, Zwemer escreveu:
Como o nosso Comandante-chefe não está ausente, mas conosco, o impossível torna-se não apenas prático, mas imperativo. Charles Spurgeon, pregando a paritr do texto: “Toda a autoridade me foi dada. . .. E eis que estou convosco todos os dias”, usou essas palavras: “Você tem um agente aqui que é absolutamente infinito, e o que isso importa em relação ao que os outros agentes podems ser. ‘Eu farei o máximo que puder’, diz um deles. Qualquer tolo pode fazer isso. Aquele que crê em Cristo faz o que não pode, tenta o impossível e o realiza”. [i]
Recentemente, tive conversas com dois missionários veteranos que atuam sob risco. Um deles é um ex-muçulmano que está plantando uma igreja em uma cidade 100% controlada pelo Hezbollah no Oriente Médio. Seu ministério é caracterizado por atos de compaixão, testemunho claro do evangelho e as ameaças de morte que o acompanham. A outra é uma mulher solteira que trabalha como missionária há 23 anos, amando, servindo e conquistando mulheres difíceis de alcançar em uma remota e montanhosa região da Albânia. Perguntei a eles sobre perseverança – o que os mantinha lá realizando um trabalho tão exigente ano após ano. Mohammed disse: “Porque Jesus é real. Ele não é um conto de fadas ou apenas uma lição da Escola Dominical. Ele está vivo!” Para Theresa, a perseverança é temperada com alegria, pois ela ama a vinda de Cristo (2Tm 4. 8). Se ela for chamada pela morte ou pelo retorno de Cristo, ela estará sempre com o Senhor. A perspectiva de ver Jesus acrescenta anseio e urgência ao seu serviço diário, acelerando seus passos enquanto ela sobe os íngremes ziguezagues de Tropoja.
Há uma sugestão nessa parábola de que o agricultor fica sempre um pouco surpreso quando a colheita chega. Mesmo que ele veja isso acontecer ano após ano, ela nunca envelhece. Ele aceita sua parceria limitada nos resultados finais com gratidão, cheio de satisfação secreta e espanto silencioso sobre algo que é maior do que ele – na verdade, alguém que é maior do que ele. Nosso Rei continua fazendo o inesperado porque ele não está limitado por nossas limitações. Ele é o Deus da salvação e das surpresas soberanas.
Uma colheita inesperada
Um amigo que serviu durante anos na Indonésia entre um grupo de pessoas não alcançadas compartilhou comigo esta história de um de seus colegas de trabalho:
“Vários anos atrás, um amigo que serviu na Indonésia compartilhou comigo que, quando chegaram pela primeira vez à Indonésia, sua visão era alcançar um grupo de pessoas não alcançadas. Eles viveram fielmente cristãos entre eles e por anos. No entanto, não havia frutos que pudessem ver.
Eles estavam se preparando para retornar aos Estados Unidos para sua primeira missão em casa e, pouco antes de partirem, sua ajudante doméstica, uma senhora muçulmana que os ajudou a cozinhar e limpar, foi levada a crer em Jesus! Obviamente, eles estavam entusiasmados com o fato de alguém ter crido. Mas, ao mesmo tempo, eles também ficaram um pouco desanimados em voltar e dizer: “Estamos aqui há muitos anos e apenas uma pessoa creu”.
Eles cumpriram seu tempo nos Estados Unidos e voltaram para a Indonésia. Quando eles chegaram em casa, foram recebidos pela ajudante que disse: Enquanto vocês estavam fora, eu fiz uma coisa. “Meu amigo estava nervoso, imaginando o que ele poderia estar prestes a ouvir. Ela continuou: “Enquanto vocês estavam fora, eu levei 30 de meus amigos e familiares muçulmanos para Jesus e nós temos usado sua casa para os encontros de estudo da Bíblia”.
A surpresa do missionário em relação a essa inesperada colheita é apenas uma amostra da alegria impressionante que será a nossa quando toda a colheita for colhida de “toda tribo, língua, povo e nação”. Nossa esperança futura – ancorada na cruz e no túmulo vazio – oferece a perseverança atual em todos os cantos de cada campo onde os servos do Rei colocam fielmente as mãos no arado.
[i] Samuel M. Zwemer, The Unoccupied Mission Fields of Africa and Asia (New York: Student Volunteer Movement for Foreign Missions, 1911), 220.