Um blog do Ministério Fiel
Meu Walmart, meus vizinhos, meu Deus
Chorando com esperança em El Paso
Outro tiroteio, outra cidade, outra comunidade sofrendo e aprendendo a pegar os cacos – só que desta vez, a comunidade é nossa, aquela em que estamos criando nossos quatro filhos pequenos, todos com sete anos ou menos.
A cena do crime foi em um Walmart que temos frequentado com frequência. Essa é nossa comunidade, nossos vizinhos, nosso quintal que foi cruelmente atacado. Nossos primeiros socorristas, nossos hospitais, nossos policiais, que estão agora nas linhas de frente. Em uma breve manhã, vinte pessoas perderam suas vidas e vinte e seis ficaram feridas, algumas de forma grave, que ainda estão lutando por suas vidas.
Completamente emboscadas e de forma inesperada, vidas preciosas e inocentes – de crianças pequenas a idosos – foram violentamente sacudidas, com entes queridos repentinamente desaparecendo. O que era para ser um outro sábado comum se transformou em uma cena de crime alimentada pelo ódio. Uma nuvem escura paira sobre a cidade de El Paso.
“A cidade mais segura da América”
Eu cresci na cidade mais segura da América. No fim de semana passado, esse título, que usamos com tanto orgulho por tanto tempo, foi arrancado de nossas mãos. Ler sobre os tiroteios na América é tragicamente comum, mas quando o terror atinge sua própria cidade, você respira um sopro diferente de tragédia. Torna-se real para você – não mais apenas uma notícia.
Embora vivamos e soframos em uma terra muito doente, em Cristo somos cidadãos de um país melhor (Filipenses 3.20). Então, o que dizemos aos nossos filhos jovens que estão vendo essas coisas, a próxima geração que está aprendendo os horrores das consequências do pecado em primeira mão, alguns deles pela primeira vez?
Quando criança, eu nunca tive que entender algo como o que aconteceu no sábado. Nós praticávamos exercícios de incêndio quando crianças, não exercícios de tiro ativo. Quando meus filhos ouvem as histórias e veem as imagens, enquanto tentam juntar os cacos da tragédia desse massacre e entendê-la, eu desejo apontá-los de volta para uma esperança que não é encontrada no governo, em leis, políticas, ideias e planos de “segurança”. Ainda que importante, tudo isso nos deixará vazios nos fazendo procurar por elas novamente. Nossa esperança vem de saber quem é Deus – que ele “é nosso refúgio e fortaleza” (Salmo 46.1) – e o que ele fez para salvar pecadores como nós.
1. O assassinato começa em corações como o nosso.
Assassinato e ódio começam no coração. Tiago escreve: “De onde procedem guerras e contendas que há entre vós? De onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne? Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada podeis obter; viveis a lutar e a fazer guerras”. (Tiago 4.1–2). A raiva que é descontrolada e atuante primeiro começa nas profundezas, dentro de nós. Nosso problema com a nossa cultura e com o nosso mundo, está em nossos corações. O pecado é o problema. Desde o primeiro assassinato, um irmão ficou com ciúmes, odiou e depois agiu por raiva, derramando o sangue do próprio irmão. Assassinato começa em corações partidos como o nosso. O Senhor advertiu a Caim (e a todos nós depois dele), “eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo”. (Gênesis 4.7).
2. Deus viu cada bala.
Deus não está ausente em face da tragédia. O rei Davi, escrevendo de uma prisão dos filisteus, diz: “Contaste os meus passos quando sofri perseguições; recolheste as minhas lágrimas no teu odre”; (Salmo 56.8). Se você está em Cristo, seu Deus ouve todos os seus lamentos e captura toda lágrima. Cada bala que foi disparada, cada grama de sangue que foi perdida, a cada respiração, Deus estava lá. Em nossa tristeza e dor mais profundas, o Deus do universo está no centro do caos. Davi escreve em outro lugar: “Perto está o SENHOR dos que têm o coração quebrantado e salva os de espírito oprimido”. (Salmos 34.18).
3. Este mundo não é nosso lar.
No oceano do desespero, temos “uma segura e firme âncora da alma”, Jesus Cristo (Hebreus 6.19). Este mundo nunca fará sentido, porque está terrivelmente despedaçado, fraturado e ferido. Tiroteios massivos contra vidas inocentes é apenas um exemplo nesse mundo despedaçado. As famílias que planejavam mandar os alunos de volta para a escola agora têm que planejar funerais.
A própria criação geme por enquanto (Romanos 8.22), enquanto Satanás tem seu dia, causando dor e sofrimento em todas as direções. Mas podemos sempre encontrar refúgio em Jesus. Temos esperança, esperança eterna, para compartilhar com aqueles que estão feridos emocionalmente, mentalmente e fisicamente por tais atos hediondos. Quando chega a tragédia, sabemos que “não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a que há de vir”. (Hebreus 13.14).
4. O próprio Deus julgará o atirador.
O tiroteio de sábado não foi o fim. O assassino não terá a vitória ou a glória que ele tentou roubar. O pecado termina na morte. O julgamento será convocado, e todo ato de violência será contabilizado no dia do julgamento (Salmo 10.14-15). Deus é santo, reto e justo, e por causa do seu nome, completa justiça será retribuída (Hebreus 10.30).
5. Toda vida é imensamente valiosa.
As vítimas são mais que vítimas. Todas as pessoas que perderam suas vidas foram feitas à imagem de Deus (Gênesis 1.27). Todos eles têm almas eternas. Apesar do pecado deles, eles eram inocentes das balas daquele homem.
Quero que meus filhos saibam que eles são feitos à imagem de Deus e que o próximo também é. Valorizamos toda e qualquer vida humana por causa do que cada uma e todas as vidas dizem sobre Deus – não importando sua língua, etnia, visão de mundo ou religião. Toda vida é importante para Deus e, portanto, para nós.
6. Esperamos no que não podemos ver.
Por agora, e por muitos dias em nossa cidade, nos entristecemos com aqueles que sofrem (Romanos 12.15). Procuramos ver a luz brilhar nestes momentos sombrios, e colocamos nossa esperança e confiança não em nossa própria proteção, nossa segurança ou em nossas leis, mas em nosso Jesus. Enquanto choramos, nos lembramos que:
“a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação, não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas”. (2Coríntios 4.17–18)
Dos bairros desolados de El Paso, olhamos para além do horror, que fomos forçados a ver, para a esperança daquilo que não podemos ver ainda.