Um blog do Ministério Fiel
O que não haverá no céu
Pergunte a uma pessoa comum no meio da rua o que ele pensa sobre o “céu”. Ele provavelmente descreverá um lugar onde não haverá nada do que gostamos aqui nessa vida.
Na cabeça de muitos, coisas como cores vibrantes, boa comida, música alta, amigos próximos e atividade física estarão ausentes no céu. Eles imaginam um lugar em que tudo é branco, esterilizado e, geralmente, quieto – como um hospital cósmico ou uma grande biblioteca nas nuvens. Os habitantes são espíritos desencarnados flutuando por aí, vestidos de couro branco, sentados em bolas de nuvem de algodão e tocando pequenas harpas por toda a eternidade. É como um catálogo da Precious Moments – o oposto de algo animado, apaixonante e eternamente agradável. (Sem querer ofender aqueles que colecionam estatuetas de figuras aladas).
A triste realidade é que, normalmente, nós cristãos deixamos que o nosso entendimento sobre o céu seja contaminado com a cultura em que vivemos. Hallmark não deve definir o que é o céu para nós. Hollywood não deve definir o que é o céu para nós. Séculos de tradição monástica não devem definir o que é o céu para nós.
Ao contrário, somente a Palavra de Deus pode informar corretamente como devemos entender o céu. E, quando vamos à Escritura, nós descobrimos que o nosso futuro lar é qualquer coisa, menos um lugar chato, parado e entediante.
Particularmente, o céu (o qual Apocalipse 21 e 22 descreve como nova terra) será um lugar de cores vibrantes (Apocalipse 21.19-21; 4.3), com boa comida (22.2; 19.7-9), com música alta (5.8-13), de amizade íntima – com o próprio Deus (22.2; 19.7-9) e agradáveis atividades físicas (21.24-26; 1 Coríntios 15.35-49).
O melhor dessa vida não pode ser comparado com o céu. As melhores emoções, as melhores alegrias, as melhores memórias que temos nessa vida são apenas sombras. O mais maravilhoso, profundo, afetivo, emocionante e gratificante momento neste mundo não se compara nem com uma vela perto do sol brilhante que é a experiência no céu.
Ironicamente, muito do que as pessoas gostam nessa vida e assumem que não estará no céu estará lá, porém será infinitamente melhor e perfeito.
Então por que escrever um post cujo título é “O que não haverá no céu”?
Porque, de fato, há alguns significantes aspectos de nossa atual experiência que estarão ausentes no céu. Para entendermos certo o quão maravilhoso o céu será, precisamos saber não só o que haverá no céu… mas, também, o que não estará lá.
É por isso que em Apocalipse 21-22, o apóstolo João gasta um bom tempo descrevendo a nova terra, contando o que não haverá no céu, assim como ele o faz dizendo o que haverá lá.
O que não haverá no céu? Segue uma lista de 17 itens que João afirma que não estarão na nova terra. Cada um deles representa algum aspecto da queda, rebelião ou julgamento divino relacionado a este mundo presente. E não haverá sinal de corrupção ou julgamento no mundo que virá.
- Não haverá mar (Apocalipse 21.1) – Na Escritura, o mar é normalmente uma representação do mal, desordem e caos. Além disso, os oceanos, como hoje conhecemos, é resultado do julgamento dado por Deus no Dilúvio (Gênesis 6-8).
- Não haverá separação entre Deus e o homem (vv. 2-3)
- Não haverá lágrima, luto e pranto (v.4)
- Não haverá dor (v.4)
- Não haverá morte (v.4)
- Não haverá nada que não será feito novo (v.5)
- Não haverá sede espiritual (v.6)
- Não haverá pecador não redimido – quem João lista como covarde, descrente, abominável, assassino, imoral, feiticeiros, idólatras e mentirosos (v.8); ninguém pratique abominação e mentira (v.27)
- Não haverá templo (v.22) – porque Deus é o templo
- Não haverá necessidade de sol e lua (v. 23; 22.5) – porque Deus é a luz
- Não haverá necessidade de lâmpada (v. 23; 22.5)
- Não haverá noite (v. 25; 22.5) – e presumivelmente necessidade de que os santos ressuscitados durmam13. Não haverá fechamento dos portões da Nova Jerusalém (v.25)
- Não haverá sujeira (v. 27)
- Não haverá ninguém cujo nome não estará escrito no livro da vida do Cordeiro (v.27)
- Não haverá maldição (22.3)
- O eterno reino de Cristo e seus redimidos não terá fim (22.5)
Um pequeno artigo de blog não nos permite entrar em detalhes sobre esses itens. Mas a ideia central precisa estar clara:
Com o fim de destacar a grandeza da nova terra, João contrasta a nova terra com esta, enfatizando aspectos do mundo caído que não estarão no céu. Porque o pecado e a suas consequências corrompidas são parte normal desta vida. O apóstolo precisa ir longe para enfatizar que absolutamente nada disso estará presente na vida que há de vir.
Uma rápida ilustração
Algumas vezes, para descrevermos uma experiência, a melhor forma de fazê-la é contrastar com algo que é familiar.
Quando eu estava na faculdade, por exemplo, eu comprei um carro usado. Era um carro quatro-portas pequeno que atendia perfeitamente minhas necessidades de estudante. O carro já tinha sete anos e quase 129 mil quilômetros rodados quando eu o comprei. Mas ele andava muito bem, e eu fiquei com ele por mais dez anos.
Quando eu finalmente me livrei dele, o carro estava bem acabado. A parte mecânica ainda funcionava, mas todo o restante demonstrava que o carro já estava esgotado. O amortecedor estava totalmente desgastado, fazendo com que eu sentisse qualquer coisa na estrada. O ar condicionado estava quebrado, a pintura, descascando; os assentos estavam rasgados e manchados. As portas estavam arranhadas. Um dos retrovisores estava sendo segurado por duct tape.
O carro era constantemente reprovado no teste de poluição atmosférica, sendo categorizado pelo estado da Califórnia como “muito poluente”. Em diversas ocasiões, eu tive de ir ao órgão responsável para conseguir uma permissão especial para dirigir o carro. Ele era muito velho para ter um tocador de CD e o tocador de cassete estava quebrado também. Estava sem uma das calotas. Tanto os para-choques da frente como o de traz estavam com problema. E, às vezes, a bateria não funcionava. Não preciso nem dizer que o carro estava um desastre.
Eu sabia que eu não iria conseguir vende-lo. Então eu, finalmente, fui a um ferro velho e dei adeus a ele. Então comprei um carro novo.
Se você me perguntasse para eu descrever o carro novo, logo após eu o ter comprado, eu provavelmente o faria dizendo os problemas que ele não tinha:
“Não há mais problema para dar partida”
“Não há mais barulhos estranhos quando dirijo”
“Não passo mais vergonha quando eu vejo alguém que conheço”
A pintura não está descascando; o estofo não está estragado; os para-lamas não estão caindo. Não tive mais de lidar com problemas na suspensão, no espelho quebrado, bateria.
Todas essas coisas caracterizavam meu carro antigo. Mas não caracterizavam o novo. Embora os dois fossem carros, o novo é exponencialmente melhor que o anterior.
Obviamente essa ilustraçao é limitada. Mas dá uma noção de como o Apóstolo João usou contrastes para descrever as glórias do céu, em Apocalipse 21-22. No final dos dois capítulos da Bíblica, ele explica a grandeza da nova terra mostrando o quão diferente ela será do mundo manchado pelo pecado, quebrado, amaldiçoado e corrupto.
Então, o que não haverá no céu? Muita coisa. Mas nada do que a nossa cultura popular pensa.
Quando entendemos exatamente as coisas que estarão ausentes do nosso lar eterno, ficamos mais empolgados para irmos para lá.