Um blog do Ministério Fiel
Por que não compartilhamos o evangelho
Jia Jiang temia muito a rejeição que consumiu sua vida. Ele decidiu enfrentar seu medo com um experimento. Por cem dias seguidos, ele optou por ser rejeitado de maneira diferente diariamente.
Ele pediu 100 dólares a um estranho.
Ele pediu a outro estranho para deixá-lo plantar uma flor em seu quintal.
Ele solicitou um refil de hambúrguer (em vez de um refil de refrigerante) em uma lanchonete.
Ele conseguiu um não, um não e um não.
Mas ele rapidamente aprendeu algo: quanto mais ele era rejeitado, mais ele percebia que a rejeição não era tão ruim quanto ele temia. Em cada encontro ele também aprendia mais sobre as pessoas e sobre si mesmo.
Um dia, ele pediu a uma senhora da Krispy Kreme para fazer uma rosquinha colorida em forma de anéis olímpicos. Notavelmente, ela disse: “Por que não”? O vídeo de sua criação se tornou viral, atingindo mais de cinco milhões de visualizações online. O experimento de Jia logo fez dele uma sensação, levando-o a fazer uma palestra no TED e a escrever um livro sobre sua experiência. Na verdade, seu experimento trouxe tanta fama que ele teve que começar a rejeitar, por um período, solicitações para palestras.
Ninguém ama rejeição. Mas como Jia aprendeu, não é tão ruim quanto pensamos.
Depois de ensinar evangelismo por mais de trinta anos, observei dois medos primários que impediam que os crentes compartilhassem Jesus com os outros. O primeiro é o medo da rejeição.
Eu gostaria de poder lhe dizer como compartilhar a Cristo de forma que ninguém o rejeite, mas isso não seria realista. O evangelho é uma ofensa para muitos que estão perecendo. Queremos compartilhar Cristo da maneira mais atrativa possível. Como podemos superar esse medo?
Entenda o papel da rejeição. Rejeição vem junto com ser um seguidor de Cristo. Jesus foi rejeitado por seu próprio povo. Um verdadeiro profeta em Israel enfrentou rejeição por sua mensagem. Jesus nos disse que somos bem-aventurados quando as pessoas nos insultam (Mt 5.11). Um cristianismo focado em conforto e bênçãos não forçará os crentes a valorizarem a rejeição pelo evangelho, mas um amor profundo por Cristo nos levará a enfrentar adversidades pelo nome dele.
Devemos ver a rejeição menos como um obstáculo e mais como uma oportunidade para crescer. A rejeição pode realmente ser vital para o nosso discipulado. Com o tempo, podemos aprender a sermos rejeitados, nos tornando melhores em comunicar o evangelho e a aceitar cada vez mais a rejeição como parte do caminho de seguir a Cristo.
A maioria de nós quer controlar as coisas ao nosso redor. Nós estabelecemos padrões para pequenos grupos, para o culto corporativo e assim por diante. Mas quando falamos com um incrédulo sobre Jesus, não sabemos realmente como será a conversa. Temos que abandonar o controle e confiar no Espírito Santo para nos guiar, e às vezes não nos sentimos confortáveis fazendo isso. É por isso que compartilhar Cristo oferece uma ótima maneira de crescer espiritualmente, à medida que aprendemos a confiar no poder do evangelho e na obra do Espírito.
Precisamos substituir nosso medo por um temor maior. Há um lugar apropriado para o temor na vida do cristão, mas deve ser dirigido ao nosso Deus maravilhoso. O temor do Senhor é o princípio da sabedoria (Provérbios 1.7). O apóstolo Paulo declarou que todos devemos comparecer perante o tribunal de Cristo; assim, conhecendo o temor de Deus, nós persuadimos as pessoas (2Co 5.10-11). Precisamos substituir nosso medo das pessoas por um temor apropriado a Deus.
O segundo medo é o medo do fracasso. Você provavelmente conhece esse medo, que às vezes pode se parecer com isto: “E se eles fizerem uma pergunta que eu não posso responder? Eu não quero falhar com o Senhor ou com outra pessoa”.
O medo do fracasso às vezes existe porque entendemos mal nossa tarefa. Somos chamados à fidelidade ao evangelho, não para ganhar para Cristo cada pessoa com quem compartilhamos o evangelho. Nosso Senhor Jesus Cristo não ganhou todas as pessoas com quem ele compartilhou o evangelho. Nós somos embaixadores. Os embaixadores não falam sob sua própria autoridade, mas sob a autoridade de outro. Não precisamos ser espetaculares ou “de tirar o fôlego” em nosso testemunho, porque Jesus é o único glorioso. Nosso sucesso em testemunhar não se baseia na resposta da pessoa com quem compartilhamos o evangelho. Nossa obediência agrada nosso Pai, mesmo quando as pessoas não chegam à fé.
Em nenhum lugar das Escrituras nos é dito que um testemunho eficaz deve ser dado por um “o homem (ou mulher) das respostas da Bíblia.” Embora desejemos responder às perguntas da forma mais fiel possível, nossa tarefa é dar razão da esperança que há em nós (1Pedro 3.15). Paulo disse que o evangelho, não nossas respostas, é o poder de Deus para a salvação (Rm 1.16).
Isso me leva a uma solução prática para esse medo: equipar-se no testemunho. Dar aos crentes treinamento básico em como compartilhar o evangelho com outras pessoas ajuda a desenvolver confiança quando testemunhamos. Crentes que sinceramente desejam servir a Cristo – e pela minha experiência, a maioria deseja – acharão útil tal treinamento. Eu literalmente recebo um e-mail ou dois diariamente de alguém me contando como meu recente livro “Sharing Jesus without Freaking Out” deu a eles confiança para compartilhar Cristo. Muitos relatos vêm de introvertidos que superaram seus medos com um simples treinamento e encorajamento. O treinamento que permite que as pessoas aprendam através da interpretação de papéis e a experiência de campo ajuda-as a ver que podem evangelizar outras pessoas. Se você é um pastor, eu recomendo que você dê ao seu povo instruções regulares e exemplos de como compartilhar Cristo com os outros.
Deus criou você para a sua glória para promover seu evangelho com os dons, talentos e habilidades que ele lhe deu. Você pode enfrentar seus temores e compartilhar Cristo para a glória de Deus e para o seu bem.