Um blog do Ministério Fiel
Mães no ministério dentro e fora de casa
De todos os utensílios e espaços que mantemos em nossa casa, um acessório precioso e específico fica acima do resto para mim – e nem é a cafeteira, que é de perto o segundo.
Estranhamente, é a nossa porta da frente bem gasta. Embora seja apenas uma porta da frente padrão, esse pedaço sólido de madeira fica no topo da lista.
Como mãe que fica em casa, com três filhos em crescimento, e que também é apaixonada por ministrar a estudantes universitários e outras pessoas fora de casa, eu me vejo vivendo em constante tensão entre o ministério dentro e fora de casa. Em O que é uma família? Edith Schaeffer, uma mulher que conhecia bem essa tensão, descreveu a família “como uma porta com dobradiças e uma fechadura”.
As dobradiças devem estar bem lubrificadas para abrir a porta durante certos períodos, mas a fechadura deve ser firme o suficiente para que as pessoas saibam que a família precisa ficar sozinha parte do tempo, apenas para ser família. Se uma família deve ser realmente compartilhada, então é preciso que haja algo para compartilhar.
Como crentes em Cristo, ansiamos que o próprio Cristo seja o centro ardente de tudo o que fazemos. Às vezes isso se parece com fechar a porta e focar no ministério eternamente significativo (mas muitas vezes intangível e tedioso) que acontece dentro, sob nosso próprio teto.
Outras vezes, ter Cristo no centro será como fechar a porta atrás de nós para realizar um ministério significativo fora de casa – por exemplo, um projeto de trabalho, um encontro para um café com uma alma que luta ou um estudo bíblico. Cada vez mais (pelo menos em nossa experiência), parece que a porta se abre para convidar o exterior para a nossa casa.
Ministério Dentro e Fora
Vivemos em uma sociedade polêmica, que adora separar as coisas e colocá-las em polos opostos. Basta assistir quinze minutos de qualquer cobertura política. Vivendo em uma sociedade como a nossa, podemos ser tentados a colocar o ministério dentro de casa contra o ministério fora de casa, colocando-os em oposição e até competição entre si.
Em um mundo ideal, o ministério dentro de casa e fora de casa trabalhariam juntos, simbioticamente – o ministério dentro de casa transbordaria para o ministério fora de casa, o que, por sua vez, alimentaria e fortaleceria o ministério dentro de casa. No entanto, todos experimentamos uma lacuna entre o ideal e o real. Habitamos em um mundo imperfeito e entre almas imperfeitas (incluindo a nossa). A vida nem sempre é simples, mas devemos lutar para manter a centralidade de Cristo.
O ministério dentro de casa e o ministério fora de casa não precisam estar em desacordo, mas os dois precisam ser planejados. Tentar ser tudo para todos ao mesmo tempo, muitas vezes leva a não ser nada para ninguém. Se tentarmos equilibrar perfeitamente e igualmente os dois grupos de pessoas, ambas as partes poderão sair perdendo no final. Em nossa família, depois de muitas orações, lutas e conversas, chegamos à conclusão de que meu ministério para minha família imediata seria primário, enquanto o ministério para amigos e vizinhos da faculdade assumirá um papel secundário, ainda que significativo.
Dito isto, tentamos, tanto quanto possível, resistir à construção de altos muros entre o ministério para nossa família e o ministério fora de casa. O conceito de hospitalidade cristã, um tema vital na igreja primitiva, oferece oportunidades únicas para unir os dois de forma bonita.
Desafie seu conforto
Em nossa tentativa de ter uma porta bem articulada em suas dobradiças, intencionalmente estendemos o nível de conforto de nossa família convidando pessoas de fora para o nosso mundo. As senhoras da faculdade lutam regularmente com as distrações das errantes balas de espuma de armas de brinquedo e interrupções constantes, enquanto conversam sobre coisas espirituais em nossa casa. Elas se juntam a mim no caos dos trajetos de carro ou na monotonia de dobrar as roupas. Os visitantes costumam participar de nossas conversas na hora das refeições sobre ninjas, jogos de futebol e atualizações do parquinho.
Nossos filhos aprendem a suportar bebês visitantes que quebram suas amadas construções de Lego. E eles são convidados a conversar sobre Jesus com os convidados em torno da mesa de jantar. Na medida do possível, tentamos tornar essas interações honestas e divertidas para ambas as partes.
Enquanto procurarmos mostrar hospitalidade, ansiamos que nossos convidados (e nossos filhos) vejam que Cristo, não nossos filhos, é o centro do lar. Ao mesmo tempo, muita hospitalidade ou ministério fora de casa acaba deixando meus filhos perdidos nessa mistura, pois suas próprias necessidades reais parecem invisíveis e não atendidas. Portanto, em nossa tentativa de colocarmos uma tranca no trabalho, recusamos intencionalmente muitas oportunidades de ministério fora de casa.
Nós erramos. Muito. Às vezes, muito focados no interior, muito limitados como família. Outras vezes, com foco demais no exterior, deixando nossa casa exausta e exasperada. Deus tem sido sempre gentil em nos corrigir, chamando-nos para mais perto de si.
Não existe fórmula simples
Eu gostaria que tivéssemos descoberto uma fórmula simples (ou mesmo complexa) para determinar quanto tempo e energia gastar dentro e fora de casa. Infelizmente, Cristo não oferece tais fórmulas. Ele, no entanto, fornece seu Espírito, que traz princípios das Escrituras à vida em nossas circunstâncias.
Deus nos promete por meio de Tiago: “Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida”. (Tg 1. 5). Ele nos oferecerá uma sabedoria particular, peculiar a cada filho e situação, se pedirmos e estivermos dispostos a andar em obediência humilde e ousada – às vezes trancando a porta e outras vezes abrindo-a.
As perguntas a seguir me ajudaram a diagnosticar meu coração e a discernir quando é seguro, como esposa e mãe, mergulhar no ministério fora de casa:
- Por que sinto que preciso fazer isso?
- Isso mostrará um modelo saudável para meus filhos?
- Meus filhos podem ser incluídos nisso de uma maneira que respeite suas necessidades e desejos?
- Isso exigirá tanto de mim que minha própria família terá o resto de mim, e não o melhor de mim?
- Estou dizendo sim ou não a essa pessoa ou oportunidade em particular por fé ou por medo?
Desejamos nos tornar uma família que conhece a beleza profunda de uma porta da frente ativa – que se abra largamente em uma ocasião, e por sua vez, se tranque bem em outra, enquanto andamos em obediência a Cristo. Ele é o centro.